Recebi um email de um estudante de Ciências
Contábeis de um dos 5.565 municípios desse país, que acompanha o blog Ideias
Contábeis [Que está bem paradinho, mas em breve estará mais ativo], com a
seguinte dúvida:
“dentro
da área contabilidade, não de outros cursos, mas das Ciências Contábeis que é o
curso que estudo, existe muita vantagem competitiva da parte de quem se forma
em instituições de muito reconhecimento no mercado, sobre aos alunos que se
formam em instituições menos conhecidas?”
Dirijo a minha opinião não apenas ao estudante
que me enviou o email, mas a quem tiver dúvida a esse respeito.
Eu estudei em uma instituição de ensino
superior pública, uma das estaduais da Bahia, onde vivi experiências que foram
muito importantes para a minha formação: a Universidade Estadual de Feira de
Santana.
A profissional que sou hoje é resultado dos
cinco anos de graduação na UEFS? É sim, mas é muito mais resultado daquilo que
era meu objetivo quando optei por cursar Ciências Contábeis e também pela
postura que assumi durante a graduação.
Acredito que a formação universitária é
influenciada por vários fatores, que abrangem desde a qualidade do corpo
docente, a dedicação ao curso até a participação em atividades de pesquisa e
extensão que são proporcionadas pela instituição e também a formação de base do
estudante ao ingressar na universidade.
Acredito, dessa forma, que estudar em uma
instituição pública ou privada não assegura nem determina uma formação boa ou
ruim, mas a qualidade da instituição e seu compromisso com a educação são
fatores que influenciam.
Durante a graduação convivi com muitos
colegas que, desde os primeiros semestres até a conclusão do curso, não sabiam
por que estavam cursando Ciências Contábeis, não tinham noção em que área
pretendiam atuar. Eu imagino que isso contribui de forma mais relevante para a
qualidade da formação.
Tem uma frase do Sêneca que sempre levo
comigo: “Se o homem não sabe a que porto
se dirige, nenhum vento lhe será favorável”. Estudante sem objetivos, sem
perspectivas profissionais, sem seriedade, sem dedicação ao curso, sem leitura
está muito mais propenso a ser um mal profissional, em qualquer que seja a área.
Outra coisa que considero importante é o “experimentar”
durante a graduação. Eu frequentei semanas acadêmicas e seminários da área do
Direito, da Economia, da Administração, da Engenharia, da História, da
Educação... Mas isso contribui para formar um Contador? Em minha opinião
contribui sim e muito! Muito mais do que muitos imaginam.
Conheci muitos estudantes de Ciências
Contábeis que não deixavam o pensamento da caixinha quadrada: “Só preciso aprender partidas dobradas,
demonstrações contábeis, tributos e custos.” O estudante que pensa tão
limitado, tende a ter uma vida profissional igualmente limitada.
O que diria a quem está no Curso de Ciências
Contábeis agora: Estudem muito economia, matemática, estatística, filosofia,
sociologia, ciência política, metodologia de pesquisa! Estudem muito! Leiam, falem,
compreendam pelo menos inglês. Leiam jornais, acompanhem indicadores
econômicos, publicações de empresas, pesquisem, busquem atividades de extensão,
monitoria, iniciação científica...
Busquem se interessar pela comunidade
acadêmica, os problemas do curso, as questões relevantes da universidade, para
que quando forem profissionais não fiquem restritos à sua mesa, seu computador
e suas planilhas! A empresa é mais que isso, a Contabilidade é muito mais que débitos,
créditos e balancetes.
Lembram-se do Bussunda, do Casseta &
Planeta? Um dia ele disse algo mais ou menos nesses termos: O diploma que
recebemos na universidade é muito útil, se plastificar então, dá um bom jogo
americano!!! As empresas e o mercado buscam muito mais que isso. A vida é muito
mais que isso.