28 de fev. de 2011

Resistências às normas IFRS - Leasing

Considero que os reguladores já tenham imaginado que mudar essa prática não seria fácil. Qual o papel e a responsabilidade dos auditores quando detectam que a tão louvada "essência sobre a forma" está sendo burlada? E aqui no Brasil, o que vai accontecer para as empresas que vão dar um jeitinho para escapar dos pontos mais polêmicos das normas IFRS?
Varejistas e aéreas resistem a informar leasing
Texto de Adam Jones - Financial Times, Londres publicado no Valor Econômico - 28/02/2011

Os planos para forçar as empresas a serem mais transparentes sobre as obrigações de arrendamento mercantil (leasing) estão entre os mais controversos no projeto para convergir as normas contábeis dos EUA com as utilizadas na Europa e em alguns outros países.
A proposta que mais operações de leasing sejam colocadas no balanço poderia inflar ativos e passivos de algumas empresas, potencialmente colocando em risco cláusulas de acordos de empréstimo.
Os varejistas e companhias aéreas são particularmente hostis à contabilização de suas lojas e aeronaves arrendadas dessa forma.
A New Look, uma loja de roupas britânica, diz que "serão necessários mais investimentos para atualizar os arranjos financeiros e a documentação legal de financiamento, a fim de manter os limites acordados".
A Marks and Spencer, também do Reino Unido, nega que os acordos de leasing do jeito que estão são uma maneira de esconder dívidas, argumentando que muitas vezes é impossível comprar as lojas em que atua.
A Coach, uma fabricante de bolsas americana, argumenta que os investidores já têm informações suficientes a partir de divulgações de arrendamento atual. A Iata, que representa a indústria aérea, rejeita os planos de mudança, afirmando que são demasiado complexos, caros e pouco práticos.
Os reguladores não foram surpreendidos por essa oposição às suas argumentações de que o sistema de leasings operacional e financeiro deva ser substituído com apenas um modelo de contabilidade. Eles dizem que os arrendamentos operacionais disfarçam a alavancagem de uma empresa porque as obrigações subjacentes perpassam pela demonstração de resultados como uma série de despesas com aluguel ao invés de ser capitalizadas em uma conta com visibilidade.
Sempre ficou claro que as indústrias iriam reclamar da divulgação do balanço completo defendida pelo Fasb, que faz as regras americanas, e pelo Iasb, das normas internacionais. Mas as empresas dissidentes têm o apoio de um aliado menos óbvio: o homem dos impostos no Reino Unido.
A HM Revenue & Customs diz que as mudanças significam que "muito da legislação tributária atual sobre leasing deixará de funcionar como previsto, ou toda ela". Embora imperfeito, o sistema atual é "bem compreendido e profundamente enraizado na cultura de negócios", acrescenta.
Profundamente enraizada não significa, porém, inatacável. Parece improvável que os reguladores irão comprometer o objetivo principal dos seus planos. Arrendamentos operacionais estão marchando em direção ao balanço.
No entanto, enquanto os reguladores trabalhar para ultimar as regras, tem havido sinais de que estão suavizando sua posição em questões secundárias. Algumas variáveis que iriam desaguar na avaliação financeira dos leasings poderão ser simplificadas, enquanto arrendamentos que puderem ser caracterizados como contratos de serviços poderão ser dispensados.
Curiosamente, tendo lutado pelo princípio de um modelo único para todos os arrendamentos, os reguladores parecem dispostos a inaugurar um sistema parcial de duas camada. Deliberações na semana retrasada levaram a um reconhecimento provisório de que, quando se trata de contabilização de lucros e perdas, algo parecido com o antigo modelo não é tão ruim.
Essa inconsistência intelectual não deve atrapalhar uma reforma mais ampla. Mas certamente vai provocar mais críticas dos diretores financeiros que se preparam para tirar das sombras bilhões de libras de ativos e passivos.

Arrecadação Tributária

Crescimento da arrecadação dispensa novos impostos

Fonte: Editorial Valor Econômico, 28/02/2011

Uma coleção de boas notícias. É dessa forma que se pode caracterizar o resultado da arrecadação de impostos e tributos federais em janeiro. Os números mostram que as receitas oficiais seguem crescendo de forma impressionante, em decorrência do bom momento vivido pela economia doméstica. Os dados trazem alívio ao governo Dilma Rousseff, que se vê às voltas com a necessidade de gerar caixa para reequilibrar as contas públicas, e mostram também que não há a menor necessidade de criação de novos impostos, como vêm defendendo governadores e parlamentares da ala governista.
No primeiro mês do ano, o governo arrecadou R$ 91,071 bilhões em tributos, 15,34% acima, em termos reais, do resultado alcançado em janeiro do ano passado. Isso significa que, em termos nominais, a arrecadação cresceu mais de 20% no período. É, sem nenhuma sombra de dúvida, um resultado expressivo.
Os recursos arrecadados a mais - R$ 12,450 bilhões, já descontada a inflação do período - são suficientes para pagar durante um ano a despesa do Bolsa Família, que atende a cerca de 11 milhões de famílias, beneficiando quase 50 milhões de pessoas.
A principal razão do forte crescimento das receitas está na expansão do Produto Interno Bruto (PIB), que em 2010 pode ter crescido quase 8% e, ao que tudo indica, iniciou 2011 a todo vapor. Os itens da atividade econômica que melhor explicam o salto da arrecadação em janeiro dizem respeito a fatos ocorridos em dezembro.
Naquele mês, a produção industrial avançou, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2,7%, quando comparada ao mesmo mês de 2009. Aliado ao fato de que as desonerações tributárias, adotadas durante a crise e referentes a produtos como automóveis, eletrodomésticos e móveis, foram extintas, o desempenho da indústria ajudou a elevar a arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 32,03% em janeiro.
No último mês de 2010, as vendas de bens e serviços aumentaram, segundo o IBGE, 14,8% em relação a dezembro de 2009. Esse resultado ajudou a impulsionar a arrecadação dos tributos incidentes sobre o faturamento das empresas, como Cofins e PIS/PASEP. A arrecadação desses impostos avançou em janeiro, respectivamente, 11,98% e 12,84%.
Mais impressionante ainda foi o comportamento da massa salarial. De acordo com o IBGE, ela cresceu 17,98% em dezembro, na comparação com idêntico mês de 2009. O crescimento real foi de incríveis 11,39%. Isso permitiu à Receita Federal do Brasil arrecadar, na fonte, mais Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) referente aos rendimentos do trabalho - a alta em janeiro foi de 9,41% em termos reais.

No total, a receita do Imposto de Renda (IR) cresceu 24,2%, também em termos reais, no primeiro mês de 2011. Chama a atenção o aumento da arrecadação do IR das pessoas jurídicas (+26,67%), especialmente das entidades financeiras (+48,66%), e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (+19,51%).
Isso indica que empresas e bancos brasileiros, além dos trabalhadores, estão faturando e lucrando alto, um sinal claro de que a economia está aquecida. Um fato positivo, do ponto de vista da autoridade tributária, é que o bom desempenho geral da arrecadação em janeiro não dependeu de fatores extraordinários.
O sistema tributário brasileiro tem um componente pró-cíclico. As receitas crescem de forma acentuada, em geral acima da variação do PIB, durante os ciclos econômicos. Em 2010, a arrecadação total do governo federal cresceu 9,85% quando comparada à de 2009, já descontada a inflação do período. Neste ano, o resultado pode ser ainda melhor, uma vez que, no último ano, vigoraram desonerações temporárias em alguns impostos.
Diante dessa realidade, soa como deboche a ideia de recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), mais conhecida como o imposto do cheque, defendida por alguns governadores, deputados e senadores da base aliada ao governo e por ministros de Estado. A CPMF, além de desnecessária, é um tributo perverso, que não distingue pobres e ricos, incide de forma regressiva e cumulativa sobre os preços e introduz mais uma cunha na já elevada taxa de juros brasileira.

Auditoria e Mercado de Trabalho (II)

Auditoria: Novo perfil requer mais habilidades gerenciais

Texto de Vivian Soares - Valor Econômico - 28/02/2011

O perfil de profissional valorizado pelas empresas de auditoria mudou nos últimos cinco anos. Antes visto como um técnico com conhecimentos profundos em contabilidade, hoje o auditor precisa ter características como liderança, flexibilidade e dinamismo.

"As companhias não abrem mão de encontrar o profissional com o perfil certo. Muitas vezes, elas topam pagar mais ou esperar para encontrar o candidato ideal, mas não cedem quanto às características requeridas para o cargo", afirma Ricardo Haag, diretor da consultoria Asap.

A demanda leva em conta a rotina e as novas exigências do mercado. João César Lima, sócio da pwc responsável pela RH, afirma que o auditor é muito mais exigido do que há alguns anos. "A formação precisa ser mais abrangente. O conhecimento técnico é apenas o básico: conhecimento de línguas e habilidades gerenciais são cada vez mais importantes", explica.

Com uma rotina intensa, o gerente da KPMG Leandro Lopes destaca uma característica essencial: a flexibilidade. "A cada dia o profissional vivencia situações de negócios diferentes. Por isso é importante ter capacidade de adaptação e comunicação", diz.

Segundo André Viola Ferreira, sócio da Ernst & Young Terco, a visão estratégica do negócio se tornou um diferencial importante para o profissional, especialmente com a implementação das novas normas contábeis nas companhias. "É preciso conhecer economia, governança e conceitos de matemática para se aprofundar no ambiente da empresa e no seu setor", afirma.

O dinamismo do dia a dia, para ele, também atrai profissionais com alto nível de energia e com perfil "mão na massa". "É um trabalho para quem não gosta de ficar quieto, pois envolve visitas a clientes, discussões, argumentações e análise de dados."

Auditoria e Mercado de Trabalho

Na briga por talentos, auditorias usam headhunters e buscam novos trainees
Texto de Vívian Soares - Valor Econômico - 28/02/2011

Escassez leva "Big Four" a formar profissionais e a disputar os mais experientes.

A retomada da temporada de IPOs em 2011, as mudanças na adoção das regras contábeis pelas companhias e a falta de profissionais com formação em contabilidade têm feito as grandes empresas de auditoria se movimentarem em busca de talentos. A procura é tanta que as chamadas "Big Four" - Deloitte, Ernst & Young Terco, KPMG e pwc - decidiram, este ano, aumentar o número de vagas para seus programas de trainees, tradicional porta de entrada nessas organizações. Além disso, estão recorrendo a headhunters com mais frequência que no passado e apostando em novos programas de recrutamento.

É o caso da KPMG, que este ano implementou um processo seletivo para atrair profissionais mais experientes, o KPMG International Case Competition (KICC). De acordo com a diretora de RH Adriana Zanni, a ideia é contratar 40 pessoas com, no mínimo, três anos de atuação no mercado. "Desde o ano passado estamos revendo as estratégias de atração e retenção de talentos", diz. Uma das decisões da auditoria foi iniciar o KICC no Brasil, programa que, segundo ela, dá bons resultados em outros países. Adriana diz que a demanda por auditores cresceu 30% em 2011.

O aumento na procura pode ser explicado pelas empresas não especializadas em auditoria, que passaram a disputar esses profissionais desde o ano passado. Segundo Ricardo Haag, diretor da empresa de recrutamento Asap, o fim da crise fez as empresas olharem mais "para dentro", com o objetivo de ganhar eficiência em processos e governança. "Nessa situação, as estruturas de auditoria tiveram que ser reforçadas", afirma.

Haag conta que essa necessidade das empresas, principalmente nos setores de construção civil, engenharia, infraestrutura e papel e celulose, valorizou o perfil de quem é formado nas grandes auditorias. "Além da boa qualificação e do domínio de inglês, esses executivos passam por treinamentos intensivos e são altamente especializados", justifica.

O assédio já é visto com normalidade pelas empresas. "Sabemos que somos fornecedores de bons profissionais para o mercado", afirma Ellen Macedo, gerente de recrutamento da Deloitte. Ela conta que o turnover já é esperado antes mesmo da contratação. "Vamos recrutar 600 pessoas no programa de novos talentos este ano. Esse número já leva em conta o turnover considerado 'saudável' para a empresa", explica a gerente, adiantando que o número de profissionais selecionados deve aumentar 20% em 2011.

Para tentar atrair e reter, a solução tem sido investir na melhoria do pacote de benefícios, já que o mercado é agressivo quando contrata auditores experientes. "Nas empresas de auditoria, a remuneração fica aquém da oferecida pelas indústrias, onde os salários estão inflacionados", diz Haag. Segundo ele, o salário anual de um auditor fica entre R$ 60 mil e R$ 200 mil, dependendo do currículo e da experiência.

Segundo Maurício Nagy, gerente da consultoria Page Personnel, os principais desafios de retenção para as grandes auditorias serão revisar o desenvolvimento de carreira dos funcionários e a remuneração, considerada um "gargalo" importante. "A média salarial desses profissionais nas grandes auditorias é conservadora, então, elas terão dificuldade de encaixar perfis e salários".

Nagy afirma, porém, que este ano as indústrias não devem ser tão agressivas na remuneração, porque pedir o dobro do salário para mudar de emprego parece ter se tornado um hábito entre esses profissionais. "As empresas serão coerentes à experiência de cada um e não vão oferecer salários exorbitantes", diz. Como a maior parte dos auditores não é senior, a tendência é que ofertas exageradas não sejam cobertas.

As grandes auditorias, no entanto, começaram a revisar seus planos de remuneração para se tornar mais competitivas em relação às indústrias. Na Deloitte, por exemplo, o impacto nos salários já começou a acontecer no ano passado. Segundo Ellen Macedo, os reajustes salariais de 2010 - incluindo os bônus - foram maiores que os dos anos anteriores em todos os níveis profissionais.

João César Lima, sócio da pwc responsável pela área de RH, afirma que os principais fatores de retenção dos auditores, além do salário são os desafios de carreira e o status dentro da companhia. "Em uma auditoria, a contabilidade é a atividade principal. Já nas outras empresas, ela é menos valorizada e conta com uma estrutura mais modesta", compara.

O nível de qualificação, considerado um dos principais diferenciais de carreira dessas empresas, também acaba sendo uma ferramenta de retenção. A exigência da formação em contabilidade fez com que elas financiassem cursos de graduação para os funcionários interessados em atuar em auditoria. A KPMG pagou 95% da faculdade de ciências contábeis do gerente Leandro Lopes. Com formação em administração de empresas, ele entrou como trainee já visando atuar como auditor. "Assim que terminei a segunda graduação, em 2009, fui promovido a supervisor", conta Leandro, que se tornou gerente no ano passado.

Financiar a faculdade de contabilidade foi apenas uma das soluções encontradas pelas empresas para combater a falta de gente com as qualificações específicas exigidas pela profissão. A KPMG, que deve aumentar quase 10% o número de trainees contratados este ano, tem acelerado os processos de contratação. "Em algumas fases da seleção, o candidato recebe o feedback no mesmo dia para se sentir mais comprometido com a empresa", conta Adriana Zanni.

Na Ernst & Young Terco, encontrar um profissional com as qualificações requeridas significa contratação imediata. "Quem tem experiência é selecionado na hora", afirma o sócio André Viola Ferreira. Ele conta que a companhia pretende selecionar duas turmas de trainees anuais para conseguir suprir a demanda por talentos. No ano passado, o programa recrutou 440 jovens, número que deve quase dobrar em 2011.

O aumento de vagas nos programas, porém, não deve ser suficiente. Ricardo Haag, da Asap, afirma que houve uma "quebra de paradigmas" no sistema de seleção de profissionais dessas empresas. Enquanto antes a principal porta de entrada dos profissionais eram os programas de trainee, hoje em dia elas têm recorrido com mais frequência aos headhunters. Armando Bordallo, diretor de RH da Ernst & Young Terco, afirma que a prioridade continua sendo a contratação de trainees, mas a busca por profissionais experientes no mercado também é realidade. "Contratamos de outras fontes, como empresas de auditoria e escritórios de contabilidade", diz.

Alto retorno sobre Investimento

Onde encontrar um retorno de 279% sobre o investimento?

Patrimônio de 16 deputados de São Paulo dobra em quatro anos
Fonte: Agência Estado (28/02/2011)

Regalias de salário de um deputado seriam a principal causa para o aumento dos patrimônios dos deputados

Dezesseis deputados estaduais paulistas podem se considerar mais que satisfeitos com o período entre 2006 e 2010. Além de conseguirem a reeleição, esses parlamentares pelo menos dobraram seu patrimônio nos últimos quatro anos e somam R$ 8,7 milhões em bens declarados. O valor supera em 279% os R$ 3,1 milhões informados em 2006.

O levantamento do jornal O Estado de S. Paulo tem como base as declarações de 2006 e 2010 entregues pelos parlamentares à Justiça Eleitoral. A variação de patrimônio é bastante superior à inflação acumulada desde 2006 - o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por exemplo, atingiu 26%. O salário líquido de um deputado estadual, hoje, é de R$ 11.015, mas vai aumentar na próxima legislatura.

Quem apresentou a maior variação porcentual de patrimônio foi Gilmaci Santos (PRB), que encerra em março seu primeiro mandato na Assembleia. Seu patrimônio cresceu de R$ 13 mil em 2006 para R$ 121 mil em 2010, elevação de 830%. Pelas declarações à Justiça Eleitoral, Gilmaci trocou um Volkswagen Santana 1995, seu único bem antes de ser eleito deputado, por um VW Polo de R$ 37 mil e uma motocicleta Harley-Davidson de R$ 23 mil. Completam o patrimônio do parlamentar R$ 50 mil guardados em cofre pessoal.

"Em 2006, meu salário era de R$ 1.500. Como o salário de deputado era de R$ 12 mil (800% a mais que o valor anterior), a ampliação do patrimônio ocorre naturalmente", disse Gilmaci, ao justificar o aumento nominal de R$ 108 mil em seu patrimônio.

O segundo na lista de maior variação entre os 60 deputados estaduais reeleitos é André Soares (DEM), cujos bens se multiplicaram por quatro desde 2006. Antes proprietário de cotas em três empresas de comunicação que somavam R$ 50 mil, o parlamentar declarou à Justiça Eleitoral ter essa fatia das empresas e ter acumulado investimentos que fizeram seu patrimônio saltar para R$ 276 mil. Soares não retornou aos recados deixados pela reportagem em seu gabinete.

Acúmulo de bens
O valor total dos bens dos 60 parlamentares paulistas reeleitos cresceu 13,58% em 2006 e 2010, segundo o levantamento feito pelo jornal. Há quatro anos, esses 60 deputados apresentaram à Justiça Eleitoral um total de R$ 82,7 milhões em bens. Na última declaração, o total subiu para R$ 94 milhões. Desse grupo, 47 políticos aumentaram seus patrimônios, incluindo os 16 que pelo menos dobraram os valores apresentados.

Na avaliação de Humberto Dantas, cientista político da Universidade de São Paulo (USP) e conselheiro do Movimento Voto Consciente, ONG que fiscaliza a atuação da assembleia, as regalias que envolvem o cargo de deputado estadual - 14.º e 15.º salários, verba indenizatória, carros à disposição e viagens custeadas pela Casa - permite, em parte, o acúmulo de bens.


Além de outros formas de acúmulo que não seria seguro declarar aqui...

Comunicação eficaz

Comunicação eficaz é um dos desafios dos profissionais da área financeira

Fonte: Infomoney (27/02/2011)

Profissionais de todas as áreas precisam entender que uma comunicação eficaz ajuda no desenvolvimento da carreira
Independentemente da área de atuação, a comunicação eficaz é ferramenta fundamental para o crescimento profissional. A afirmação não é novidade, mas ela é esquecida por alguns profissionais que ainda acreditam que trabalham melhor sozinhos. Entre os profissionais de Finanças, Controladoria e Contabilidade, essa crença é muito difundida. Por isso, ela é um dos desafios de quem atua nessa área.

A percepção é do professor da Fipecafi e diretor do Instituto Passadori, Reinaldo Passadori. Para o professor, os profissionais de todas as áreas precisam entender que uma comunicação eficaz ajuda no desenvolvimento da carreira. E esse quesito é ainda mais importante para os profissionais da área contábil e financeira, uma vez que a conjuntura atual privilegia a disseminação das informações em nível global e na qual o cenário econômico é cada vez mais determinante para as tomadas de decisões de empresas e pessoas. "Esses profissionais passam a ser cada vez mais influentes", avalia Passadori.

"Fazer uma análise de mercado e traduzi-la para os investidores requer uma comunicação eficiente e clara", ressalta o professor. "É com base nas informações desses profissionais que serão tomadas as decisões", completa. Com tamanha responsabilidade, o mercado de trabalho está exigindo mais. Agora, não basta mais ser bom tecnicamente, é preciso saber falar com flexibilidade e adequar a linguagem ao público-alvo para ser compreendido.

As sete dimensões da comunicaçãoSer compreendido no mundo corporativo não é tarefa simples, ainda mais para profissionais que durante anos não precisavam se expor tanto como agora. Mas, na avaliação de Passadori, essas dificuldades não são sentidas apenas pelos profissionais de Finanças, Controladoria e Contabilidade. "Todos os profissionais devem ficar atentos às questões da comunicação", avalia.

Passadori explica que existem várias fases da comunicação eficiente no mundo corporativo. A primeira delas é a comunicação intrapessoal. "Para saber se comunicar, é preciso ter autoestima e consciência de si mesmo", explica o professor.

O segundo passo para uma comunicação eficiente é entender a comunicação interpessoal. Perceber o outro e as suas necessidades ajuda o locutor a entender o que o ouvinte está disposto a ouvir. "Essa percepção ajuda o profissional a adequar a sua linguagem", diz. Para cada tipo de público, existe um jeito diferente de expor uma ideia, um projeto.

Os profissionais também devem ficar atentos às dimensões que Passadori chama de vocal e corporal. Ele explica que o tom e a velocidade da voz, bem como a postura corporal, também trazem informações e podem ajudar, ou atrapalhar, na transmissão de uma mensagem. "Gestos, tons e postura devem indicar segurança", aconselha o professor.

Na hora de transmitir uma mensagem, também é preciso conhecer técnicas de apresentação. Elas podem auxiliar a passar uma ideia, como vídeos, powerpoint, slideshows, por exemplo. As duas últimas dimensões, o professor chama de intelectual e espiritual. No primeiro caso, os profissionais precisam agrupar todas as dimensões de um ponto de vista intelectual, ou seja, eles precisam utilizar a estrutura do pensamento para organizar ideias e eventos antes de transmiti-las a um público, tornando a mensagem ainda mais clara.

Já a dimensão espiritual refere-se aos valores que estão, e devem estar, embutidos nessa comunicação. Sem eles, na avaliação do professor, as ideias passadas não têm sustentação. Para Passadori, mais que passar informação, os profissionais precisam cativar quem os ouve.

Meramente Contábil

Lembram daquela expressão: "Esse lucro é meramente contábil"? Ou: "Trata-se de um indicador meramente ou uma medida meramente contábil"? De acordo com o texto abaixo, essa expressão está chegando ao fim!

Fim do meramente contábil
Texto de Fernando Torres - Valor Econômico - 28/02/2011


Estudo revela que novas regras elevaram a associação entre o lucro das companhias e o desempenho das ações.

O trabalhoso processo de migração para o padrão internacional de contabilidade IFRS aparentemente não está sendo em vão. Estudo acadêmico publicado em janeiro revelou que as informações contidas nos balanços das empresas ganharam relevância a partir de 2008, depois das mudanças de normas contábeis decorrentes da edição da Lei 11.638, de 2007. Melhorou a qualidade da contabilidade, o que significa que os demonstrativos financeiros passaram a ser documentos mais úteis, tendo uma ligação mais próxima com o valor das ações.

Segundo a tese de doutorado defendida no fim de janeiro pelo professor João Batista Nast de Lima, na Universidade de São Paulo (USP), a adoção da etapa intermediária entre o modelo contábil brasileiro e o IFRS aumentou a associação existente entre os resultados das companhias e o preço das ações negociadas na BM&FBovespa.

No período de 1995 a 2007, o lucro e o patrimônio líquido divulgados no balanço anual das companhias explicavam 16% dos preços de uma ação - sendo o restante determinado por outros fatores, como macroeconomia, questões setoriais etc.

Com as novas regras contábeis, segundo o estudo, esse índice, chamado tecnicamente de coeficiente de determinação, aumentou para de 47% em 2008 e foi de 23% no período de 2008 a 2009.

Quando foram analisados os balanços trimestrais, o índice foi de 5,5% com as práticas contábeis antigas, subiu para 19% em 2008 e ficou em 17,5% no intervalo entre 2008 e 2009.

O estudo também analisou a variação do lucro e do patrimônio entre diferentes períodos e o retorno das ações nesse intervalo.

Os resultados também mostraram que as novas regras elevaram a associação entre a variação dos dados contábeis e das cotações dos papéis na bolsa.

A amostra observada foi de 107 empresas, que participaram do índice Ibovespa em algum momento durante o período de 1995 a 2009. No total, foram 2.277 balanços observados.

O método usado para essa verificação é o mesmo que os médicos usam para dizer que o colesterol ou o hábito de fumar aumentam o risco de uma pessoa ter infarto ou câncer, por exemplo.

Intuitivamente, é possível imaginar que uma companhia que apresente lucros grandes e crescentes tenda a valer mais com o tempo. Da mesma forma, se o lucro diminui ou se a companhia tem prejuízo, seu valor de mercado deveria ser menor.

No entanto, isso nem sempre é verdade. O estudo destaca que qualidade da informação contábil depende não apenas das normas usadas em determinado país, mas também de fatores institucionais como o estágio de desenvolvimento do mercado de capitais, a estrutura de capital das empresas, a concentração da propriedade e o sistema tributário vigente.

Assim, se as empresas usam pouco o mercado para se financiar, elas tem menos incentivo para divulgar suas informações com melhor qualidade. Se a contabilidade societária é a mesma usada para fins fiscais, as companhias podem tentar usar artifícios para reduzir o lucro - ainda que a operação vá bem -, para pagar menos impostos.

Essa era a realidade existente no Brasil até 2007, combinada também com um modelo de contabilidade que privilegiava a forma e não a essência econômica. Em resumo, segundo Nast de Lima, o Brasil tinha todas as características que levavam a uma informação contábil de baixa qualidade.

Não por acaso, era bastante comum - na verdade, ainda é - se ouvir a expressão "meramente contábil" para se referir a impactos relevantes, como a desvalorização cambial, que reduziam o lucro líquido das empresas.

O outro lado da moeda é que as divulgações dos executivos se baseavam principalmente em indicadores de resultado "ajustados" e não auditados, o que reduz a confiabilidade dos números e dificulta a comparação de empresas diferentes pelos investidores.

A Lei 11.638 mudou basicamente dois pontos: dissociou a contabilidade societária da fiscal e abriu o caminho para a migração para o padrão de contabilidade internacional IFRS, cujo objetivo declarado é informar o investidor.

"Temos ainda alguns fatores [que favorecem a informação contábil de baixa qualidade] que permanecem. Eu quis verificar se o regramento novo conseguiria romper essa baixa informatividade", afirma o pesquisador, que foi orientado por Alexandro Broedel, diretor da CVM e também professor da USP. A conclusão do estudo é que essa melhora de fato ocorreu.

27 de fev. de 2011

Regressividade da tributação

Regressividade da tributação faz com que os mais pobres paguem mais impostos

Fonte: Diário de Pernambuco 26/02/2011 (Da Agência Brasil)

Quanto mais mais pobre é o contribuinte mais dias de seu trabalho ao ano ele destina ao pagamento de tributos. Quem, em 2008, tinha renda familiar de até dois salários mínimos dedicou 197 dias do ano para o Leão, ao passo que, quem tinha renda familiar de mais de 30 salários mínimos comprometeu 106 dias de trabalho, três meses a menos. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A razão da diferença entre a quantidade necessária de dias trabalhados por classe social para o pagamento de tributos está na “regressividade de impostos e contribuições”, como dizem os tributaristas. Segundo José Aparecido Ribeiro, técnico do Ipea, dois terços do que se arrecada em tributos no Brasil vêm de impostos indiretos sobre o consumo, embutidos no valor de produtos comprados e serviços contratados.

“Quem recebe pouco faz mais uso da renda para consumo imediato”, explica Ribeiro. São exemplos de impostos indiretos o caso do Imposto sobre o Produto Industrial (IPI, federal), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS, estadual) e o Imposto sobre Serviços (ISS, municipal).

Segundo o técnico do Ipea, a composição tributária é o contrário do verificado nos 33 países que formam a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nesses países, predominantemente da Europa, a carga tributária principal é sobre os impostos diretos que progridem conforme o valor da renda, patrimônio, fortuna e herança.

Além da quantidade de dias trabalhados para pagar impostos, o Ipea calculou o número de dias necessários para custear os principais programas e ações sociais do governo federal. O dado surpreendente é que apenas o pagamento de aposentadorias e pensões da Previdência Social, na área urbana, em 2008, que consumiu 16,5 dias do cidadão, superou o número de dias necessários para as despesas federais com juros, que foram 14.

Conforme o Ipea, em 2008, gastou-se 5,1 dias com aposentadorias e pensões nas áreas rurais; 1,9 dia com seguro-desemprego; 1,4 dia com o Programa Bolsa Família; 1,1 dia com assistência básica em saúde (atendimento em postos de saúde e no Programa Saúde da Família); e 0,2 dia com o Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Outra instituição que calcula a relação de dias trabalhados com o pagamento de tributos é o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Na última quinta-feira (24), o IBPT divulgou que, em 2010, cada brasileiro pagou R$ 6.772,38 em impostos e contribuições arrecadados pelo governo federal, estados e municípios. No total, a carga tributária foi de R$ 1,290 trilhão, R$ 195 bilhões a mais do que em 2009 (R$ 1,095 trilhão).

Em 2009, a maior parte da carga tributária foi dos tributos federais (R$ 759,88 bilhões), seguida dos estados (R$ 282,73 bilhões) e dos municípios (R$ 50,05 bilhões). De acordo com a Constituição Federal, a União deve repassar aos estados, municípios e ao Distrito Federal parte do que arrecada em impostos (não inclui contribuições). O percentual varia conforme o imposto e a destinação.

Nas contas do IBPT, que presta serviço à Associação Comercial de São Paulo, a carga tributária para os contribuintes é de 35,04% do Produto Interno Bruto (PIB) e levou um valor correspondente a 148 dias de trabalho de cada brasileiro no ano passado. Já nas contas do Ipea, em 2008, o total de tributos pago pelo contribuinte correspondeu a 36,2% do PIB ou 132 dias de trabalho do cidadão no ano.

Coleção de Lágrimas


Será que essa coleção satisfaz os critérios de reconhecimento de Ativos, proposto na Estrutura Conceitual?

Reembolso de congressos

Para mestrandos e doutorandos [e outros] que costumam pedir auxílio financeiro em suas instituições de ensino para participar de congressos! É mais ou menos assim mesmo!
O problema é que às vezes o empréstimo sem juros vira doação [Acabou a verba, o reembolso vai ter que esperar]

26 de fev. de 2011

As normas IFRS não são neutras (IV)

Lucro da Cemig terá forte impacto com mudança contábil

Texto de Josette Goulart - Valor Econômico - 25/02/2011

A adaptação dos balanços da Cemig para as novas regras contábeis vai afetar fortemente a contabilização do lucro líquido da companhia. Ontem a empresa realizou teleconferência com analistas para informar os impactos da convergência de regras para o IFRS, que considera uma “tsunami” no mundo corporativo brasileiro. E as demonstrações financeiras da Cemig serão de fato afetadas por uma forte onda em função do volume de ativos e passivos regulatórios que a elétrica possui. O resultado de 2009 terá que ser ajustado em R$ 900 milhões, fazendo crescer 50% o lucro daquele ano.
O diretor financeiro da Cemig, Luiz Fernando Rolla, e o diretor contábil, Leonardo de Magalhães, informaram ontem aos analistas que esperavam ainda um posicionamento final da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre o tema de ativos e passivos regulatórios em função de uma consulta que está sendo feita por uma associação à autarquia. Apesar da dúvida levantada ontem pela Cemig, o diretor da CVM, Alexsandro Broedel, disse ao Valor que a autarquia já fez todas as suas manifestações e emitiu toda a regulamentação para a adoção do IFRS e que adota integralmente o que está nas normas internacionais. “Não haverá nenhuma nova manifestação de qualquer tipo ou de qualquer assunto que envolva o IFRS, incluindo a questão dos ativos e passivos regulatórios”, disse Broedel.
Pelo entendimento em vigor do IASB (comitê internacional que escreve as regras contábeis), os ativos e passivos regulatórios não podem ser contabilizados pelas distribuidoras de energia elétrica até que a agência reguladora do setor os confirme nos reajustes tarifários anuais. É só a partir de então que a distribuidora passa a de fato registrar uma receita com o ativo ou a devolver ao consumidor, se for um passivo. Ainda existe discussão no âmbito do próprio IASB sobre o assunto, e é possível que um novo posicionamento seja firmado neste ano. “Mas até lá, o entendimento é de não registrar ativos e passivos regulatórios”, segundo Broedel.
Ao final de 2008, a Cemig registrava R$ 1,3 bilhão de ativos regulatórios. No fim do ano seguinte, esse ativo era um pouco inferior a R$ 400 milhões. Ou seja, o ativo que possuía em 2008 foi em boa parte recebido ao longo de 2009. Ao deixar de registrar esses R$ 900 milhões de diferença, terá que alocá-los diretamente no lucro líquido, como informou ontem o diretor contábil da companhia. O lucro passaria dos R$ 1,8 bilhão registrados para R$ 2,7 bilhões. Neste ano, até setembro, a empresa tinha entre a soma de ativos e passivos um saldo a pagar de R$ 90 milhões. Isso significa que recebeu os R$ 400 milhões registrados no ano passado. Esse valor também afetaria positivamente o balanço sem considerar o último trimestre do ano.
“O problema de não contabilizar ativos e passivos regulatórios é que o lucro passará ser muito volátil”, disse Luiz Fernando Rolla. Além disso, isso tem impacto no volume de dividendos a ser distribuído já que a companhia tem, por seu estatuto, a obrigação de distribuir 50% do resultado.
Na semana passada, a Neoenergia divulgou seu balanço já sem o registro de ativos e passivos regulatórios, mas o impacto não foi tão forte quanto o que será registrado pela Cemig. Na próxima semana, a EDP deve divulgar seu resultado. As outras empresas, que tem a atividade de distribuição, vão ser divulgadas quase todas no fim do mês de março. O balanço da Cemig é um deles.
A empresa que tem ainda as atividades de geração e transmissão será afetada por outras novas regras. Ela terá, por exemplo, que contabilizar em seu patrimônio líquido perdas atuariais do fundo de pensão dos funcionários no valor de R$ 618 milhões. Além disso, a parte de transmissão, que sofrerá forte mudança na contabilização, deve elevar o patrimônio líquido da companhia.
Rolla disse que os múltiplos da empresa serão certamente mudarão. Alguns analistas avaliam que mesmo com a alteração de resultados, os chamados ‘covenants’ financeiros de empréstimos e financiamentos, não devem ser afetados. Pelas novas regras, no caso de a empresa não mais se enquadrar em limites financeiros estabelecidos terá que pedir e receber o perdão, pelo descumprimento, por parte dos credores no mesmo ano do exercício. Caso contrário terão que contabilizar a dívida, mesmo que seja de longo prazo, como de curto prazo.

Contabilidade: Instrumento de dominação?

A Contabilidade não é para a maioria e sim para quem domina

Quantas grandes empresas existem no Brasil? Quantas micro, pequenas e médias empresas existem no Brasil?

O Sebrae informa que dos 5,8 milhões de negócios formais existentes no Brasil em 2009, 99,2% (mais de 5,7 milhões) são empresas de micro e pequeno porte. Os 13,1 milhões de empregados nessas empresas correspondem a 52,3% das carteiras assinadas do país, que somam no total 24,9 milhões.

Em 2009, as micro e pequenas empresas contrataram 52,3% da mão de obra formal do país e responderam por 20% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, de acordo com o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Então, do total de empresas legais existentes no Brasil, 0,8% ou pouco menos de 100 mil são grandes empresas.

Os cursos de graduação em Ciências Contábeis têm preparado os alunos para atuar em quais tipos de empresas? Pequenas? Médias? Grandes?

É para essas últimas que os cursos de Ciências Contábeis têm formado os profissionais.

Nos grandes centros urbanos brasileiros, notadamente Rio de Janeiro e São Paulo, verifica-se uma presença mais relevante de grandes corporações, mas nos outros 5.564 municípios brasileiros? Sem esquecer o fato de que nas grandes metrópoles o número das pequenas e médias empresas não pode ser desprezado...

As normas IFRS, a CVM, o CPC têm trabalhado pela Contabilidade têm trabalhado pela Contabilidade das grandes empresas, mas não pela maioria das empresas...

Porque em nossos dias [ou talvez sempre tenha sido assim] a democracia adquiriu outras nuances, virou “podercracia”, “capitalcracia”, ou seja, prevalece a vontade ou atende-se os interesses não da maioria, mas de quem tem poder, capital. Isso é bom ou mal? Por ora, pode-se apenas afirmar que é real...

Os profissionais de Contabilidade precisam pensar o seguinte: O que a contabilidade pode oferecer para a maioria das empresas, respeitadas as suas características em termos de tamanho, ramo de atuação limitações orçamentárias...?

A partir da criação do CPC e da adoção das normas do IASB no Brasil, iniciou-se uma corrida por atualizar os contadores, adaptar os cursos para atender as demandas do mercado... (Que mercado?)

É importante que o CFC, os coordenadores de curso, os órgãos responsáveis pela definição dos parâmetros curriculares não apenas corram “cegamente” para adaptar os cursos, mas reflitam em que tipo de mercado (leia-se: empresas) os profissionais de Contabilidade que estão formando irão atuar...

Mudança nas Leis ambientais

Ipea sugere mudar leis ambientais

Fonte: Valor Econômico - 25/02/2011

A legislação ambiental do país deve prever não só a punição daqueles que degradam a natureza, mas também incentivar a preservação dela. Esta é a principal conclusão de um estudo sobre leis ambientais brasileiras divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada (Ipea), na capital paulista. O estudo faz parte da série Eixos do Desenvolvimento Brasileiro e integra também uma pesquisa mais ampla sobre sustentabilidade ambiental no Brasil produzida pelo instituto. Na publicação, dedicada exclusivamente à análise da legislação ambiental do país, pesquisadores do Ipea trabalharam com especialistas de 50 outras instituições.

A advogada Patrícia Iglecias Lemos, professora da Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Direito Ambiental, foi umas das coautoras do estudo. Segundo ela, o Brasil tem leis que já reconheceram que o acesso a uma natureza preservada é um direito fundamental, o que é positivo. Entretanto, a legislação nacional ainda não conta com mecanismos que efetivamente preservem esse bem comum. O advogado Yuri Rugai Marinho, especialista em leis ambientais, disse que isso não acontece porque a legislação é focada em punir os que degradam o meio ambiente. Essas punições, entretanto, são de difícil aplicação devido à ineficiência de órgãos fiscalizadores e a questões jurídicas não levadas em conta na época da elaboração da lei.

Por isso, para Marinho e outros autores do estudo do Ipea, seria mais eficaz que as políticas públicas incentivassem a preservação. Assim, quem atualmente está derrubando árvores ilegalmente, por exemplo, pensaria também em quais as vantagens de preservar a mata, além de quais as punições ele está sujeito por cometer esta ilegalidade.

"A Lei de Crimes Ambientais [9.605/1998] tem um aspecto conservador", disse Marinho, citando uma das leis ambientais mais punitivas em vigor hoje no país. "Ela não pode ser tão punitiva. Tem que ter um caráter incentivador também."

Segundo ele, leis mais recentes, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), de 2010, e a Lei da Mata Atlântica, de 2006, já preveem alguns estímulos à preservação. Leis desse tipo, entretanto, ainda são poucas e precisam ser ampliadas pelo país, defendeu.

Ministério das Micro e e pequenas Empresas

Micro e pequenas terão ministério novo
Texto de Abnor Gondim – DCI - 22/02/2011

A criação do Ministério das Micro e Pequenas Empresas, sinalizada pela presidente Dilma Rousseff, vai ajudar a regulamentar dispositivos ainda pendentes da Lei Geral do segmento, sancionada em 2006. Essa é a avaliação do empresário José Tarcísio da Silva, presidente da Confederação Nacional das Micro Empresas e Empresas de Pequeno Porte (Comicro), "Um ministério em defesa do segmento vai reforçar a regulamentação de vários artigos da Lei Geral".

Entre esses pontos pendentes, José Tarcísio citou a criação da Cédula Empresarial, um título de crédito a ser emitido pelo governo que assegura o pagamento de compras governamentais de bens e produtos fornecidos por empresas de menor porte. Ele também citou a falta de garantia da destinação de 20% dos recursos de tecnologia e inovação para micro e pequenas empresas. Também reclamou quanto à falta de transparência das instituições bancárias federais e à destinação de recursos ao segmento. "Com a nova pasta, haverá a unificação das ações em favor das micro e pequenas de diversos ministérios de governo como é o caso do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e o Ministério do Trabalho e Emprego [MTE]", disse o empresário.

O presidente da Comicro avaliou que o novo ministério vai fortalecer e direcionar políticas públicas para o segmento por meio de capacitação, treinamento, certificação, financiamento, entre outros. "Além disso, se abrirá espaço para a criação de secretarias estaduais e municipais de microempresa, que atenderão de maneira mais eficaz e eficiente os anseios e necessidades do segmento", explicou.

Entre os nomes cotados para a nova pasta estão: o ex-deputado federal Cláudio Vignatti (PT-SC), que coordenou a Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa no Congresso, o ex-presidente da Agência de Exportações (Apex), Alesandro Teixeira; e o ex-presidente do Sebrae, Paulo Okamotto.

Aumento do Simples
A ratificação do anúncio, feita pela primeira vez após o pacote de "consolidação fiscal", animou os líderes da Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa, que será relançada amanhã. "A criação do Ministério da Micro e Pequena Empresa é um compromisso da presidente Dilma, em favor do desenvolvimento do Brasil", disse ao DCI o senador José Pimentel (PT-CE), ex-ministro da Previdência.

Em contrapartida, um dos principais porta-vozes da oposição no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), reagiu com indignação ao novo anúncio de criação desse ministério. "É a consagração da farsa", afirmou ele, referindo-se ao corte orçamentário de R$ 50 bilhões. E acrescentou: "O governo fala em corte e depois cria penduricalhos para aumentar os paralelismos supérfluos. Esse é um governo perdulário. Mudou o presidente, mas o governo continua o mesmo", disse o senador, indignado.

Segundo Pimentel, a Frente Parlamentar vai concentrar seus esforços na aprovação do projeto de lei 591/2010, que traz o aumento do teto de receita para inclusão no Supersimples, com salta de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões. "Seremos grandes aliados na aprovação das propostas que levam ao fortalecimento do setor", disse Pimentel, em referência ao novo ministério.

As normas IFRS não são neutras (III)

Ganho da Neoenergia cai com novas regras contábeis

Texto de Josette Goulart - Valor Econômico (21/02/2011)

O primeiro balanço do setor elétrico que consolida a atividade de distribuição de energia foi divulgado pela Neoenergia e mostra que as novas regras contábeis terão efeito significativo no lucro das companhias.

A Neoenergia divulgou seu lucro líquido, ajustado pelas normas internacionais de contabilidade (IFRS), com uma queda de 3% no ano passado, ante o ano anterior, e uma redução de 2% no lucro antes da amortização, juros, impostos e depreciação (Ebtida, na sigla em inglês). Pelas regras anteriores, o lucro líquido seria 8% maior e o operacional ficaria 10% acima.

Um dos principais motivos para esse efeito está no fato de a partir das novas regras, as empresas distribuidoras não poderem mais contabilizar os chamados ativos e passivos regulatórios. No caso da Neoenergia, a empresa tinha cerca de R$ 400 milhões em ativos regulatórios que não pôde registrar em seu balanço.

O que acontecia até o ano passado é que as empresas registravam em seu balanço antecipadamente alguns ativos que apesar de serem considerados líquidos e certos só são contabilizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nos reajustes tarifários anuais.

O presidente da Neoenergia, Marcelo Corrêa, diz que a expectativa era de que o impacto no Ebtida fosse maior. Ele entende que a partir de agora esse efeito será facilmente absorvido. "Se fosse em 2003 quando todas as distribuidoras tinham ativos regulatórios gigantes por causa do racionamento, aí sim o impacto seria preocupante", diz Corrêa.

O efeito no Ebtida é diretamente ligado à queda na receita líquida entre um regime contábil outro. Se comparado o ano de 2009 pela regra antiga e pela regra já ajustado a apuração da receita líquida da companhia cai quase 20%. Isso se deve a realocação de despesas.

Outro efeito interessante das novas regras contábeis é que a partir de agora as empresas de distribuição não podem mais registrar os ativos da concessão como imobilizado, já que eles pertencem ao governo federal. O ativo imobilizado foi substituído por duas contas: o ativo intangível e pelo valor de indenização por investimentos realizados ao final da concessão. No caso das distribuidoras da Neoenergia, esse valor de indenização chega a R$ 700 milhões.

Mesmo com os ajustes, a Neoenergia registrou um lucro de R$ 1,77 bilhão. O conselho de administração ainda não decidiu o percentual que vai distribuir entre seus acionistas (Iberdrola e Previ). "Começamos com um lucro de R$ 50 milhões em 2001", diz Corrêa. A empresa tem por praxe distribuir cerca de 35% de seu resultado e o restante é guardado em uma conta do patrimônio líquido chamada reserva de retenção de lucros. Essa conta que estava em R$ 4 bilhões no ano passado chegou agora a R$ 4,8 bilhões. A reserva melhora o patrimônio e dá maior capacidade para a empresa para comprar ativos que queira.

Marcelo Corrêa diz que nesse momento a empresa está focada em resolver a equação financeira dos quase R$ 3 bilhões que fará em investimentos somente neste ano em função dos leilões que venceu no ano passado, como o das usinas hidrelétricas de Belo Monte e Teles Pires, e do forte crescimento da atividade de distribuição. Só depois a empresa vai buscar novos investimentos, segundo Corrêa.

De qualquer forma, desde que Iberdrola comprou a distribuidora Elektro e anunciou que iria propor à Previ a incorporação do ativo à Neoenergia, ficou a dúvida de se a empresa vai abraçar mais esse ativo de distribuição.

Contabilidade e Valor

O valor de uma companhia fechada

Uma das grandes dificuldades na área de avaliação é determinar o real valor de uma empresa fechada. Existem divergências nos critérios e nas opiniões que irão embasar o resultado final. No entanto temos alguns exemplos de como a avaliação pode conduzir a resultados distintos.

Recentemente o jornal The New York Times e no
Herald Tribune (A Portfolio´s Price, Julie Creswell, 4 jan 2011) apresentou alguns exemplos de resultados distintos para estas empresas. O texto obteve a informação a partir de empresas que eram obrigadas a divulgar seus resultados e possuíam participação em empresas de capital fechado. E o resultado mostrou uma grande diferença. Eis dois exemplos:
- Freescale representou um investimento de 7 bilhões em 2006. Agora os donos afirmam que a empresa vale 3,15 bilhões, 2,45 bilhões ou 1,75 bilhões, de acordo com o fundo de investimento.
- Energy Future Holdings of Texas possui investimentos de dois fundos: KKR e TPG. O primeiro avalia a empresa a 20 centavos por dólar investido e a segunda a 40 centavos. A diferença é de 100%

Observe que a base para fazer a avaliação foi a mesma informação. No primeiro caso, Creswell afirma que um dos avaliadores tem sede em Londres e usa normas internacionais de contabilidade; o outro possui sede nos Estados Unidos, com uso das normas contábeis do Fasb (entidade que regula a contabilidade daquele país).

Mas isto não faz sentido, pois a forma de se fazer a contabilidade não deve influenciar na avaliação da empresa. Nunca é demais lembrar que o valor de uma empresa depende da riqueza futura e esta não é influenciada – a rigor – pela norma contábil adotada.

Por que o valor não depende das normas contábeis?

O valor de um bem ou de uma empresa é estimado pela geração de dinheiro que ocorrerá no futuro. Como o dinheiro que ganho hoje é mais precioso que o dinheiro que irei receber em 2021, é necessário trazer a valor presente estes valores. Em outras palavras, o valor diz respeito a entrada de caixa a valor presente.

Por este motivo, o valor não depende das normas contábeis. As normas contábeis estão preocupadas com o regime de competência. Mas será que esta frase tem fundamento?

Somente em parte. Existem duas situações onde as normas contábeis podem afetar o valor de uma empresa. Em primeiro lugar, algumas entradas e saídas de dinheiro estão diretamente relacionadas com as normas contábeis. Considere a situação de um funcionário que recebe comissão sobre receita. A maneira como a receita é apurada afeta o pagamento desta comissão. Uma norma contábil que muda o reconhecimento da receita irá alterar o momento da saída do dinheiro e, por conseqüência, o valor.

A segunda situação onde a norma contábil influencia o valor é no processo decisório. Se a adoção de uma norma melhora o processo decisório, isto pode agregar valor. Mas ao contrário da primeira situação, em geral nós temos muita dificuldade de mensurar o que uma empresa estaria ganhando com normas.
Fonte: Blog Avaliação de Empresas, prof. César Tibúrcio

As normas IFRS não são neutras (II)

Efeito contábil afeta lucro da BRMalls no ano

Texto de na Luísa Westphalen - Valor Econômico 25/02/2011

A BRMalls encerrou o ano passado com um lucro líquido de R$ 494,9 milhões, quase a metade do ganho apurado em 2009, de R$ 1,1 bilhão. A queda foi atribuída ao ajuste no valor justo dos ativos de propriedade para investimentos, de acordo com o diretor financeiro da companhia, Leandro Bousquet.

Ele explica que a adequação contábil vem sendo feita desde o quarto trimestre de 2009, assim como a linearização das receitas de aluguel e cessão de direito de uso. As demonstrações financeiras divulgadas hoje seguem o padrão contábil internacional (IFRS).

Além disso, durante o ano passado, a empresa retomou as aquisições, com a conclusão de dez transações envolvendo oito shoppings, no quais foram investidos cerca de R$ 1,3 bilhão. Até dezembro, a BRMalls detinha participação em 40 shoppings. A área bruta locável (ABL) própria cresceu 27%, alcançando 1.173,2 metros quadrados.

A receita líquida da BRMalls, maior empresa integrada de shopping centers do país, cresceu 39,2% na comparação anual, alcançando R$ 546,4 milhões.

O lucro antes de juros, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado para os efeitos da linearização das receitas de aluguel, totalizou R$ 431,2 milhões, o que configura um avanço de 35% em relação a 2009. A margem Ebitda ajustada, no entanto, recuou de 81,4% para 79,8%.

Hoje foram anunciadas mais quatro expansões, do Shopping Recife, Natal Shopping, Independência Shopping e Norte Shopping, que devem adicionar uma área bruta locável (ABL) própria de 14,9 mil metros quadrados. No total, os nove projetos de expansão em curso exigirão R$ 388,8 milhões de investimento próprio até 2013.

O nível de ocupação apurado pela companhia é recorde, com taxa média de 98,3% da ABL total. O aluguel nas mesmas lojas (que considera estabelecimentos há pelo menos um ano em operação) avançou 9,3% no ano passado, beneficiado pelos reajustes, que acompanham o IGP-M.

As vendas nas mesmas lojas registraram 14,1% de crescimento. No ano, os custos de aluguéis e serviços totalizaram R$ 60,5 milhões, um aumento de 87,7% em relação a 2009.

Durante o quarto trimestre do ano passado, a BRMalls registrou lucro líquido de R$ 289 milhões, bem abaixo dos R$ 902,5 milhões apurados no mesmo período do ano anterior.

O Ebitda ajustado avançou 25,6%, para R$ 138,2 milhões, com a margem passando de 85,1% para 76,8%. De outubro a dezembro de 2010, a receita líquida da empresa cresceu 43,9%, alcançando R$ 185,9 milhões.

As normas IFRS não são neutras

Lucros devem crescer com a adoção das normas internacionais de contabilidade

Fonte:
Revista Fator

De acordo com o presidente do CRC SP Domingos Orestes Chiomento novas regras contábeis trazem resultados positivos aos balanços empresariais.

As empresas brasileiras de capital aberto, que vivem um ótimo momento operacional, contarão, no decorrer deste ano, com mais um fator positivo. Até o fim de março, devido à segunda fase de adoção das Normas Internacionais de Contabilidade, também conhecidas como IFRS (International Financial Reporting Standards), os resultados financeiros que serão apresentados por essas empresas contarão com um elemento suplementar que impulsionará o lucro das companhias de capital aberto.

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC SP), Domingos Orestes Chiomento, não apenas os lucros empresariais devem aumentar com a adoção das novas normas contábeis. “As notas explicativas que acompanham os balanços também crescerão, uma vez que, ao apresentar o balanço completo, a Norma Internacional será bem mais exigente no que diz respeito à divulgação de dados”, explica o presidente.

Segundo Chiomento, os lucros aumentam significativamente por causa do CPC 15, que rege os registros e as divulgações pertinentes às demonstrações contábeis. A norma disciplina que as transações de combinação de negócios devem ser contabilizadas considerando-se a essência econômica, independentemente da forma elegida para concretizá-la. “Essa regra traz um efeito extremamente positivo para os balanços, já que trata do que é denominado pelos profissionais da Contabilidade de ‘combinações de negócios’. A norma inclui aquisições, fusões, cisões e incorporações e traz o fim da amortização do ágio, gerada nas aquisições. Como esse abatimento, que causava uma despesa extra na demonstração de resultados deixa de existir, automaticamente o lucro das empresas aumenta, de forma gradativa”, afirma o presidente do CRC SP.

As Normas Internacionais de Contabilidade colocarão os balanços das empresas brasileiras no mesmo padrão contábil utilizado em cerca de cem países. “Este processo exigirá mudanças na forma de agir e pensar dos Contadores. Por enquanto, as empresas de capital aberto, por conta das exigências legais, estão caminhando à frente nesse processo. Logo atrás virão as instituições financeiras, seguidas de pequenas e médias empresas”, relata Domingos Chiomento, enfatizando que, a partir de agora os balanços beneficiarão os acionistas, uma vez que haverá mais informação de interesse dos investidores. “Os valores estarão mais próximos da realidade”, pontua.

Este será um ano decisivo para a implantação das Normas Internacionais de Contabilidade que estabelecem regras de conduta profissional e procedimentos técnicos para os contadores. “Esse novo modelo representa confiança e credibilidade por parte de quem utilizará as demonstrações financeiras, como os bancos, órgãos governamentais, empresas de capital aberto e o mercado como um todo”, finaliza o presidente do CRC SP.

Informações contábeis

Como ouvi essa semana de um dos palestrantes na Semana de Integração na FEA/USP, a Contabilidade existe em decorrência de assimetria informacional e, em última análise, o seu principal objetivo é reduzí-la.
Contabilidade tem que espelhar amplamente a realidade

Fonte: ODocumento.com.br (21/02/2011)

"A contabilidade tem que espelhar a realidade da empresa e, no caso do poder público, do que efetivamente representam as ações dos órgãos governamentais e os compromissos financeiros por eles assumidos", disse o presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso, conselheiro Valter Albano da Silva ...

O TCE-MT vem oferecendo capacitação em contabilidade pública com foco nas mudanças que a disciplina vem sofrendo em nível mundial.

Segundo Albano, Mato Grosso já foi palco de uma dramática situação contábil, que não espelhava a verdadeira realidade, além esconder a verdade dos fatos. "A contabilidade em 1995 apresentava apenas um terço da divida real. Traduzia uma pequena parte dos contratos e os compromissos, que eram razoavelmente cumpridos, tinham pouca base legal", lembrou o conselheiro presidente.

"Participei da reestruturação administrativa do Estado e vi quanto mal faz a ausência de uma contabilidade real associada com a falta de responsabilidade de gestores. Com a reestruturação, muita coisa surgiu dos porões, ou que estavam escondidas em baixo dos tapetes e atrás das cortinas", ele acrescentou. Valter Albano foi secretário de Fazenda na primeira gestão do Governo Dante de Oliveira, período em que foi necessário um amplo ajuste fiscal para que o Estado voltasse a ser administrável.

Importância
Para Valter Albano, com a capacitação o TCE-MT está buscando elevar o conhecimento e a prática contábil aos moldes e níveis dos países de primeiro mundo. "Obtendo conhecimentos sobre a base filosófica da nova contabilidade, os conceitos e os procedimentos, nosso auditores podem contribuir para a melhoria da administração pública", ponderou
.

9 de fev. de 2011

A insanidade tributária

Não é ao projeto do advogado mineiro Vinícios Leôncio, de reunir num único livro toda a legislação tributária em vigor no País, que se aplica a qualificação de "verdadeira insanidade" dada pelos amigos a sua empreitada. Ela se aplica, de fato, e com precisão, ao conteúdo da obra. Monstruosamente extensa, detalhista demais, exigente em excesso e em constante modificação e ampliação, a legislação tributária brasileira - formada por um cipoal que começa nas normas constitucionais e se estende por leis, decretos, portarias e instruções normativas, editados continuamente nos três níveis de governo - exaure o contribuinte, confunde-o, exigindo dele um ingente trabalho para entender e cumprir todas as regras e, mesmo assim, o deixa vulnerável à ação implacável dos fiscais dos órgãos arrecadadores. É uma verdadeira insanidade.

É assustador o resultado do material do trabalho de quase duas décadas do advogado mineiro, mostrado na reportagem de Eduardo Kattah publicada domingo pelo Estado. Sua intenção era apresentar, de maneira explícita, o tamanho e a complexidade da legislação tributária, com todas as normas federais, dos 26 Estados, do Distrito Federal e dos mais de 5 mil municípios. Quando pronto, o livro terá 43,2 mil páginas, cada uma com 2,2 m de largura e 1,4 m de altura, e pesará 6,2 toneladas - com registro assegurado no livro Guinness de recordes.

Todo mundo sabe que a legislação brasileira é muito extensa, mas ela nunca teve visibilidade concreta, justificou o advogado. E sua ideia foi "mostrar para a sociedade o tamanho da legislação de um país que edita (em média) 35 normas tributárias por dia útil".

Outros tributaristas vêm, há tempos, mostrando o caráter caótico das regras tributárias brasileiras, formadas por mais de 3 mil normas federais, além de milhares de normas estaduais e municipais.

A extrema complexidade do sistema tributário impõe aos contribuintes um enorme trabalho para cumprir integralmente as normas. O aumento da eficácia e da amplitude do trabalho dos agentes fiscais dos três níveis de governo, por sua vez, resulta em mais pressão sobre as empresas para o cumprimento estrito de todas as regras e das obrigações acessórias.

O resultado prático mais danoso dessas pressões e desse sistema caótico já é conhecido internacionalmente - o alto custo da burocracia tributária. Na mais recente pesquisa anual realizada pelo Banco Mundial sobre a facilidade de realização de negócios, a Doing Business, o Brasil ocupa a 129.ª posição entre 183 países. Na América Latina, está à frente apenas de Equador, Bolívia, Venezuela, Haiti, Suriname e Honduras.

O pior resultado do País está no item "procedimentos para o pagamento de impostos", em que ocupa a 150.ª posição. Segundo a pesquisa, os empresários brasileiros arcam com o custo de 2.600 horas anuais para cumprir as obrigações tributárias. Na América Latina e no Caribe, o gasto médio é de 385,2 horas por ano; nos países de renda alta que integram a OCDE, a média é de 194,1 horas anuais.

Em recente trabalho sobre os custos do sistema tributário, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) observou que, com a edição constante de novas normas, o governo se vê obrigado a abrir concursos para mais e mais fiscais e funcionários da Receita e as empresas, a inchar mais e mais seus departamentos contábeis e jurídicos.

O aumento dos custos, para atender a um número cada vez maior de exigências tributárias, acaba sendo transferido para os clientes, o que resulta em pressão sobre os preços. Nem assim os contribuintes se sentem seguros, pois, com as mudanças frequentes das normas e com o aumento do rigor do Fisco na interpretação delas, nunca se tem certeza de que todas as obrigações estão sendo cumpridas.

Além disso, o prazo para o recolhimento de tributos é, muitas vezes, menor do que o concedido pelas empresas para o pagamento do bem ou serviço vendido, o que as força a obter financiamento para pagar impostos.

E tudo isso sem falar no aumento ininterrupto da carga tributária nos últimos anos, que torna cada vez mais difícil a atividade econômica no País.

Fonte: O Estado de S. Paulo (08/02/2011)

Com gente é diferente

O texto a seguir conta caso de uma auditoria de revisão de processos em todos os setores de uma determinada empresa, com o objetivo de otimizar o desempenho, reduzir custos e melhorar resultados. O auditor adentra o departamento de tecnologia e encontra o coordenador da área desocupado e sem nenhuma atribuição urgente ou frenética, diferentemente do restante dos colaboradores da organização. Após algumas perguntas indiretas, o auditor conclui que a maioria dos dias do colaborador, cujo salário é R$ 5 mil, seguem aquela mesma rotina tranquila.
Na sala do presidente da empresa, o auditor explica a situação e informa que a empresa poderia, substituir aquele coordenador por um analista júnior de TI, que ganharia menos de um terço do salário e ainda trabalharia muito mais horas, sem reclamar. Em sua opinião, os fatos (o coordenador não tem muito trabalho diário e é o primeiro a sair da empresa) são um sinal de que ele é descompromissado, portanto, um custo indevido. Diante disso, o gestor demite o coordenador e contrata o analista. Ano seguinte, em visita de acompanhamento, perguntou ao presidente como estava o novo analista júnior. "Ele está trabalhando muito?" O presidente respondeu: "Sim, diferente do outro, ele passa dias inteiros no suporte aos colaboradores e resolvendo problemas do sistema. É o primeiro a chegar e faz muitas horas extras, entrando pela noite." Com esta resposta, o auditor estava feliz. Num visível impulso rumo à glória, perguntou: "E o sistema?" Respondeu o presidente: "Cai toda hora. Nada funciona. Deixa todo mundo na mão. O comercial reclama que está perdendo vendas porque não consegue fazer pedidos. O contador reclama que o balancete atrasa porque não consegue conciliar os dados. O financeiro reclama que tem que pagar juros porque não consegue concluir pagamentos. É exatamente por isso que o analista não para de trabalhar o dia inteiro." O caso acima não é fictício e nem uma surpresa para gestores que, improvisando na técnica e no estilo de gestão de pessoas, confundem compromisso de empregado com o tempo que ele permanece na empresa depois do expediente. Associam eficiência ao número de horas de trabalho frenético. Trocam competência pela falsa ideia de lealdade. E fazem tudo isso de forma bem intencionada, embora inconsistente, acreditando que a qualidade do trabalho é medida por horas. Há relato de casos, aqui mesmo em Fortaleza, onde colaboradores foram demitidos porque saiam da empresa pontualmente ao final do expediente. E você leitor, como líder ou como liderado, como pensa? Prefere um profissional que não deixa o sistema cair, mesmo trabalhando pouco ou alguém que fica até mais tarde, não cobra hora extra e cuja presença é percebida por todos? Na sua Disparada, Geraldo Vandré dizia: "...porque gado a gente pega, tange, ferra, engorda e mata. Mas com gente é diferente. Se você não concordar, não posso me desculpar, não canto prá enganar. Vou pegar minha viola, vou deixar você de lado, vou tocar noutro lugar."

Fonte: Diário do Nordeste, texto de Israel Araújo (06/02/2011)

Com gente é diferente

O texto a seguir conta caso de uma auditoria de revisão de processos em todos os setores de uma determinada empresa, com o objetivo de otimizar o desempenho, reduzir custos e melhorar resultados. O auditor adentra o departamento de tecnologia e encontra o coordenador da área desocupado e sem nenhuma atribuição urgente ou frenética, diferentemente do restante dos colaboradores da organização. Após algumas perguntas indiretas, o auditor conclui que a maioria dos dias do colaborador, cujo salário é R$ 5 mil, seguem aquela mesma rotina tranquila.

Na sala do presidente da empresa, o auditor explica a situação e informa que a empresa poderia, substituir aquele coordenador por um analista júnior de TI, que ganharia menos de um terço do salário e ainda trabalharia muito mais horas, sem reclamar. Em sua opinião, os fatos (o coordenador não tem muito trabalho diário e é o primeiro a sair da empresa) são um sinal de que ele é descompromissado, portanto, um custo indevido. Diante disso, o gestor demite o coordenador e contrata o analista. Ano seguinte, em visita de acompanhamento, perguntou ao presidente como estava o novo analista júnior. "Ele está trabalhando muito?" O presidente respondeu: "Sim, diferente do outro, ele passa dias inteiros no suporte aos colaboradores e resolvendo problemas do sistema. É o primeiro a chegar e faz muitas horas extras, entrando pela noite."

Com esta resposta, o auditor estava feliz. Num visível impulso rumo à glória, perguntou: "E o sistema?" Respondeu o presidente: "Cai toda hora. Nada funciona. Deixa todo mundo na mão. O comercial reclama que está perdendo vendas porque não consegue fazer pedidos. O contador reclama que o balancete atrasa porque não consegue conciliar os dados. O financeiro reclama que tem que pagar juros porque não consegue concluir pagamentos. É exatamente por isso que o analista não para de trabalhar o dia inteiro."

O caso acima não é fictício e nem uma surpresa para gestores que, improvisando na técnica e no estilo de gestão de pessoas, confundem compromisso de empregado com o tempo que ele permanece na empresa depois do expediente. Associam eficiência ao número de horas de trabalho frenético. Trocam competência pela falsa ideia de lealdade. E fazem tudo isso de forma bem intencionada, embora inconsistente, acreditando que a qualidade do trabalho é medida por horas. Há relato de casos, aqui mesmo em Fortaleza, onde colaboradores foram demitidos porque saiam da empresa pontualmente ao final do expediente.

E você leitor, como líder ou como liderado, como pensa? Prefere um profissional que não deixa o sistema cair, mesmo trabalhando pouco ou alguém que fica até mais tarde, não cobra hora extra e cuja presença é percebida por todos? Na sua Disparada, Geraldo Vandré dizia: "...porque gado a gente pega, tange, ferra, engorda e mata. Mas com gente é diferente. Se você não concordar, não posso me desculpar, não canto prá enganar. Vou pegar minha viola, vou deixar você de lado, vou tocar noutro lugar."

Fonte: Diário do Nordeste, texto de Israel Araújo (06/02/2011)

Observatório de Informações Municipais

Divulgação de Homepage Interessante:
O Observatório de Informações Municipais: (http://www.oim.tmunicipal.org.br) elabora e disponibiliza estudos e artigos que permitem conhecer a realidade municipal brasileira. Fornece informações e notícias que auxiliam na tomada de decisões, abre espaços de debate sobre temas da atualidade de interesse dos Municípios e levanta informações que mostrem para a sociedade os governos municipais de forma mais transparente.

Fonte: Prof. Lino Martins da Silva

Um caminho alternativo para os contadores

Entre os segmentos inusitados onde o contador pode trabalhar estão áreas como recursos humanos, tecnologia da informação e sustentabilidade

A contabilidade ambiental, focada em estratégias de energias limpas, é um dos exemplos da atuação
A contabilidade ambiental, focada em estratégias de energias limpas, é um dos exemplos da atuação

Nem só no departamento financeiro e de contas a pagar é que está colocado o contador. Entre os diversos cenários de atuação do profissional contábil, áreas ligadas ao desenvolvimento gerencial e à Tecnologia da Informação (TI) têm ganhado espaço.

Tradicionalmente conhecido pela atuação no fechamento de balanços e esclarecimento de dúvidas sobre tributos e prazos, o contador tem se tornado muito requisitado na área de recursos humanos, TI, avaliação de intangíveis, sustentabilidade, entre outras.

Prestar consultorias técnicas em relação a tributos e legislação é uma das funções que o contador exerce em empresas de Recursos Humanos. Já nas empresas de Tecnologia da Informação a assessoria é muito voltada para a construção de softwares e montagem de sistemas para gerenciamento de dados.

Segundo Jonas Kafka, diretor comercial da Holden Consultoria e Recursos Humanos, o contador que trabalha como consultor em empresas de RH, muitas vezes, acaba fazendo trabalhos que destoam da sua atuação específica. "Nesses casos, o contador não executa um trabalho habilitado de contabilidade, mas faz consultoria sobre ações a serem tomadas".

Segundo Kafka, isso ocorre porque o contador tem uma visão mais ampla dentro da área de atuação - o que lhe dá melhor condição de opinar. Por ter clientes de vários segmentos, a Holden contrata consultorias específicas. Os casos mais comuns são serviços de modificações societárias, sucessão, fusão, reestruturação ou reposicionamento no mercado.

Mesmo que a empresa não conte com uma consultoria fixa e que os profissionais da contabilidade sejam acionados de acordo com a situação, sua presença tem sido fundamental nas tomadas de decisão. "A opinião do contador é decisiva. Tem conhecimentos e expertise que lhe diferencia dentro do emaranhado de impostos que temos que pagar", afirma o diretor comercial. A opinião deles também é bem-vinda quando se trata de resolver questões ligadas a tributos, área fiscal e na precificação.

Kafka conta que, quando a empresa de RH é chamada para ajudar a reestruturar outras organizações, muitas vezes a reformulação passa pelo preço do produto. E nessa tarefa, mais uma vez entra a atuação do contador. "Se a empresa não pensou isso junto no início do processo, nós fornecemos esse serviço, com a visão focada no negócio e nas análises técnicas", afirma.

O universo particular da auditoria esportiva

Quando se trata de auditoria, cada ramo da Contabilidade requer um conhecimento específico. No esporte, esses conhecimentos são mais voltados para o segmento do futebol. "Se você vai para uma indústria, você tem que ter um conhecimento e uma linguagem específica. São critérios e condições diferentes. Dentro do esporte, também é assim", afirma o auditor Alfredo Ferreira Marques Filho, representante da Crowe Horwath RCS no Rio Grande do Sul. A empresa - uma das maiores em auditoria do Brasil - realiza trabalho segmentado focado nos clubes de futebol e entidades esportivas.

Acompanhar as mudanças na legislação, compreender o funcionamento técnico desse segmento, interar-se dos fatores que influenciam. Essas são algumas dicas de Marques Filho para quem quer entender a contabilidade esportiva. "Tivemos uma modernização na legislação do futebol e também mudanças na contabilidade. É preciso estar atento a tudo isso", afirma.

Christian Sfreddo, também responsável pela coordenação regional da Crowe Horwath RCS no Estado, alerta que, nesse nicho, o contador deve estar atento aos custos do investimento que se tem nas pessoas, no espaço, na infraestrutura, e o reflexo disso no balanço. Outra questão importante observada por ele é o registro da multa contratual.

A contabilidade esportiva carrega uma série de pormenores que exigem plena atenção dos contadores. Dentro de um esporte específico, as estratégias se diferenciam de acordo com modalidade.

Em relação ao trabalho com clubes de futebol, os auditores explicam que, quando iniciam a atuação são feitas solicitações de documentos, análises, planilhas de cálculos e estimativas contábeis.

Além da tradicional auditoria de validação das demonstrações contábeis, um dos conceitos que a Crowe Horwath RCS oferece é o de auditoria de desempenho. O modelo não se limita ao monitoramento dos balanços contábeis e propõe maior transparência e eficácia à gestão, na medida em que traça uma radiografia completa da empresa, a começar pelo cumprimento de sua visão e missão. O auditor de desempenho pode avaliar todos os ângulos e ações da companhia, detectando riscos e oportunidades relacionados à eficiência, rentabilidade e participação no mercado.

Trabalho para visionários

A rotina de um contador que trabalha com balanços pode variar bastante. Ainda mais se o balanço for referente às ações de sustentabilidade de uma empresa. Entrevistas, levantamento de dados operacionais, financeiros e outras informações das diversas áreas fazem parte do processo de construção de um relatório deste tipo.

Seguir uma metodologia segura é um passo importante para o sucesso. Além disso, fazer o uso de um meio de comunicação que tenha sido certificado por terceiros faz com que o mercado valorize ainda mais as informações prestadas. Quem explica é Luiz Carlos Marques, sócio responsável pela área de Auditoria em Sustentabilidade na Ernst & Young Terco.

No cotidiano, o trabalho exige conhecimentos muito além do contábil. "O profissional precisa ter visão holística da organização e também saber quais as necessidades que o mercado coloca", afirma Marques.

A atuação do contador refletirá em documentos e informações que chegam às mãos e aos olhos dos stakeholders (públicos relacionados). Nesse caso, o balanço é fundamental para estes formarem sua opinião a respeito de produtos e serviços da empresa. A compra de ações, o empréstimo de dinheiro, o fornecimento de materiais e a busca por emprego são fatos influenciados pela publicação de um balanço de sustentabilidade.

"O profissional contábil necessitará buscar as informações com as diversas áreas para realmente traduzir o coração da organização do ponto de vista de ações sustentáveis", define Marques.

A quantificação de melhorias para o planeta e para os seres humanos é uma tarefa para poucos. Mesmo que o reconhecimento não venha no curto prazo, o esforço recompensa. Segundo o sócio da Ernst & Young Terco, para trabalhar com isso, é preciso ser visionário e empreendedor. "Nas experiências que tive com esta área observei que todos têm uma visão do futuro melhor e trabalham arduamente para colocar em prática ações voltadas para este mundo melhor", afirma. Além disso, este profissional não pode pensar somente no lado romântico da sustentabilidade, ele também deve demonstrar que sustentabilidade gera retorno para o acionista e comunidade.

Entre as atividades mais inusitadas e desafiadoras que o ofício requer está o convívio com as entidades não governamentais. Marques explica. "Discutir temas que terão que ser traduzidos em números e relatos financeiros para o mercado é uma grande oportunidade e novidade para a profissão nos últimos tempos".

A busca pelo lucro responsável

Muito parecido com o contador que contabiliza ações de sustentabilidade é o trabalho daquele que atua com responsabilidade social. No entanto, ainda hoje, temos poucos contadores especialistas na área e que se dediquem exclusivamente a esta atividade. Normalmente, são profissionais ligados à área acadêmica, estudiosos, palestrantes. Raras são as empresas que têm espaço para essa atuação tão especializada. "O diferencial deste trabalho é visualizar as pessoas que existem por trás dos números e informações prestadas. Gerar informações que procurem medir os reflexos humanos e sociais das organizações", diz o contador Marcos Leandro Cerveira. Integrante da comissão de Responsabilidade Social do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-RS), ele explica que sua função requer participação de forma atuante nas questões sociais, e que deve entender informações que não são apenas numéricas. Identificar as ações da empresas que representam ativo ou passivo social e avaliar satisfação do cliente e dos funcionários estão entre as suas atividades.

Para Cerveira, fatos como a globalização, as mudanças climáticas materializadas em crises econômicas e o aquecimento global ajudaram o mundo a compreender que "estamos todos no mesmo barco", e podem ter motivado as empresas a olharem com mais atenção para os assuntos ligados à sustentabilidade e responsabilidade social.

Segundo ele, a preocupação é no sentido de que empresas e organizações cumpram seu papel econômico, mas também social, respeitando os direitos dos cidadãos e zelando para que sua célula social esteja sadia. "O contador tem o desafio de compreender melhor o papel social da contabilidade, posicionando-se como uma ciência que serve aos interesses da sociedade, acima de interesses individuais", afirma. Desta forma, a busca pelo lucro responsável talvez seja um dos papéis mais inusitados do contador na atualidade.

Fonte: Jornal do Comércio (RS), texto de Lara Ely (09/02/2011)

“... nunca [...] plenamente maduro, nem nas idéias nem no estilo, mas sempre verde, incompleto, experimental.” (Gilberto Freire)