17 de dez. de 2012

Congresso USP 2013

Submissões abertas para o 13º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade e 10º Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade.

Data final para submissão: 28/02/2013

Os Congressos de 2013 ocorrerão nos dias 25 e 26 de julho de 2013.

Tema: Desafios e Tendências da Normatização Contábil.
Maiores informações: www.congressousp.fipecafi.org

Congressos 2013


Como em 2013 minha meta de participação em congressos é zero, resta submeter a periódicos os trabalhos apresentados em 2012. Espero que os artigos sejam enviados a bons pareceristas!
Por falar em congresso, aos que têm metas diferentes: Já estão abertas as submissões para o VII Congresso ANPCONT ( 02 a 05 de junho de 2013 - Fortaleza - CE)


Prazo final de submissão de trabalhos: 15/02/2012
Página de submissão: http://www.furb.br/web/3319/congresso-anpcont/o-congresso

16 de dez. de 2012

Uma tese é uma tese


Partilhando um texto muito legal! 
Na minha opinião de autora de uma tese em curso, nem tudo é exatamente assim. Mas talvez minha opinião não seja livre de viés! Fiz alguns destaques no textos e algumas inserções em vermelho. Quem tem experiência de acompanhar algum louco fazendo uma tese, partilha aqui ;)

UMA TESE É UMA TESE

Autoria: Mario Prata (O Estado de S. Paulo, 7 de outubro de 1998 - Caderno 2)

Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca.
As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte.
O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre - sempre - uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo. [Exceto para o autor, que a considera uma obra prima]
São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós?
Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto.
Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. [Com isso eu concordo. Pura verdade!] O mundo pára, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta.[É verdade, também, infelizmente!!]
E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze, logo em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese, na prática mesmo.
Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser - tem de ser! - daquele jeito. É pra não entender, mesmo. [Eu vou me esforçar para ser exceção, eu juro! Alguém, além de mim e da banca, vai entender a tese, eu espero!] Tem de ser formatada assim. Que na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290. Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática.
Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para nós, pobres teóricos ignorantes que não votamos no Apud Neto.
Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não é tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?
Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação, que encômio é isso?
E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza. Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet da vida, separações, pensão para os filhos que a mulher levou embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já diria São Francisco de Assis. Em tese.
Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou:
- Não vou mais estudar! Não vou mais na escola.
Os dois pararam - momentaneamente - de pensar nas teses.
- O quê? Pirou?
- Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais nada na vida. É só a tese, a tese, a tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estudar mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês?
Pensando bem, até que não é uma má ideia!
Quando é que alguém vai ter a prática ideia de escrever uma tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da história?
Acho que seria uma tesão.


A Tese do Coelho

No clima da minha principal meta para 2013 e aproveitando o ensejo do meu balanço do segundo ano de doutorado:

Confiança no Judiciário

Judiciário é pouco ou nada confiável


O Poder Judiciário segue como uma das instituições que têm a menor confiança da população no Brasil, conforme mostra o Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil), que analisou o segundo e terceiro trimestres de 2012.
Feito pela Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, a Direito GV, o estudo mostra que a população brasileira considera o Judiciário só é mais confiável que as emissoras de TV, os vizinhos, o Congresso Nacional e que os partidos políticos.

Confiança nas Instituições

De acordo com a pesquisa — feita com 3,3 mil pessoas —, 90% dos brasileiros consideram a Justiça morosa e 82% a consideram cara. Outros 64% dos entrevistados acreditam que o Judiciário é desonesto e 61% o enxergam como nada ou pouco independente. Além disso, 64% dos ouvidos acham a Justiça “difícil” ou “muito difícil” de acessar.

O ICJBrasil também atribui notas para o desempenho do Judiciário. Numa escala de 0 a 10, a nota geral foi 5,5.A pontuação é baseada em dois subíndices: o de comportamento, que analisa se os cidadãos, quando enfrentam problemas, procuram soluções na Justiça, e o de percepção, que apura o sentimento da população em relação a celeridade, honestidade, neutralidade e custos. No primeiro requisito, a nota foi 8,7. No segundo, 4,1.

Para Luciana Gross Cunha, professora da Direito GV e coordenadora do estudo, os dados seguem a mesma tendência que sempre tiveram, “de má avaliação do Judiciário como prestador de serviços públicos”. Foram entrevistadas pessoas em oito estados brasileiros, que responderam por 55% da população nacional (Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo).
Polícia
O ICJBrasil também mostrou que a população não está satisfeita com o trabalho da polícia. A instituição foi apontada como confiável pelos mesmos 39% que o Judiciário.
Muito Satisfeito -  26%
Um pouco satisfeito  - 10%
Um pouco insatisfeito - 27%
Muito insatisfeito - 36%
Indiferente - 1%

Contando juntos os “insatisfeitos” e os “pouco satisfeitos”, a cifra chega a 63%. Considerando a camada mais pobre da população, o índice pula para 65%. Na camada mais rica, cai para 62%.“É um dado alarmante, principalmente se considerarmos os últimos acontecimentos envolvendo o assassinato de policiais e diversas pessoas na periferia”, analisa Luciana Gross Cunha.

15 de dez. de 2012

Balanço do segundo ano de Doutorado


Pessoal, 
Vou partilhar com vocês um pouco do que vivi nesse segundo ano do Doutorado em Controladoria e Contabilidade na FEA/USP.
Quando terminei o primeiro ano já tinha cumprido os créditos das disciplinas obrigatórias e eletivas, mas optei por cursar uma disciplina da área de Econometria, para complementar a formação em métodos quantitativos.
Cursei a disciplina Econometria III, oferecida pelo Departamento de Economia da FEA/USP, com o professor Naércio Menezes Filho, o melhor professor de Econometria que eu poderia ter! E entre variáveis instrumentais, endógenas, exógenas, sistemas de equações, Probit, Logit, SUR, POLS, SOLS, SGLS, FGLS, SIV, GMM, efeitos fixos (FE) e aleatórios (RE), modelos multinomiais e hierárquicos, variâncias robustas, matrizes e um diversidade de símbolos que expressam relações entre variáveis, consegui concluir a disciplina com aproveitamento no primeiro semestre de 2012.
No segundo semestre fiz a disciplina Seminário de Tese, a qual consiste em encontros mensais, presididos por dois professores da área de Metodologia e Pesquisa, em que nossos projetos de tese são discutidos e aperfeiçoados.
Na verdade no início de 2012, tinha planos de cursar essa disciplina no primeiro semestre, mas o meu orientar “recomendou” cursá-la no segundo semestre, após uma reflexão maior e mais leitura para o projeto de tese. E “recomendação” de orientador não se discute!
Enfim... Fiz o Seminário de tese! Essa disciplina culmina com uma pré-qualificação do projeto, que lá na FEA/USP costumamos chamar de “banquinha”. Nessa banquinha, composta de três professores, recebemos críticas e contribuições para melhoria no projeto de tese. E, se aprovado, o candidato está pré-qualificado e pode seguir em frente com o projeto.
Resultado: Estou pré-qualificada, posso continuar com o projeto! 2013, estou chegando! Minha tese, minha vida!!!

Revisões em Pronunciamentos CPC


CVM divulga atualizações do texto das regras contábeis

Fonte: Valor Econômico, por Luciana Bruno (13/12/2012)

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgou três atualizações do texto referente às regras de concepção e publicação de balanços das companhias, de forma a seguir o padrão contábil internacional.

A primeira deliberação foi a de nº 696/12, que revisa o texto da regra de investimentos em coligada, controlada e empreendimento controlado em conjunto (joint venture). Trata-se de uma atualização do pronunciamento CPC 18 (R2), do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), entidade criada para adaptar as normas brasileiras aos padrões do International Accounting Standards Board (Iasb). O IASB é a organização internacional sem fins lucrativos que publica e atualiza as regras contábeis internacionais (IFRS) em língua inglesa.

"A revisão do CPC 18 contempla substancialmente as alterações no texto da IAS 28 - Investments in Associates, emitida pelo IASB, cuja vigência para fins das IFRS é requerida a partir de 2013", informou a autarquia.

"O objetivo do CPC 18 é prescrever a contabilização de investimentos em coligadas e em controladas, além de definir os requisitos para a aplicação do método da equivalência patrimonial quando da contabilização de investimentos em coligadas, em controladas e em joint ventures", completou.

Outra atualização aprovada, a deliberação nº 695/12, refere-se ao pronunciamento CPC 33 (R1), que trata da contabilização de benefícios a empregados. A regra estabelece que a empresa reconheça um passivo quando o empregado presta serviço em troca de benefícios a serem pagos no futuro; e uma despesa quando a entidade se utiliza do benefício econômico proveniente do serviço em troca de benefícios a esse empregado.

Novo Pronunciamento CPC


CVM edita Deliberação que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 45 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis
 Fonte: Assessoria de Comunicação – CVM (13 Dez. 2012)

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou a Deliberação nº 697/2012, que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 45 - Divulgação de Participações em Outras Entidades emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).
O Pronunciamento Técnico CPC 45 contempla substancialmente a convergência com o texto da IFRS 12 - Disclosure of Interests in Other Entities, emitida pelo IASB - International Accounting Standards Board , cuja vigência para fins das IFRS é requerida a partir de 2013.
O objetivo do Pronunciamento Técnico CPC 45 é orientar a entidade quanto à forma de divulgação de informações sobre sua participação em outras entidades. Dessa forma, permite-se aos usuários das demonstrações contábeis avaliar os riscos inerentes a essas participações e seus efeitos sobre sua a posição patrimonial e financeira, o seu desempenho financeiro e seus respectivos fluxos de caixa.

14 de dez. de 2012

Pesquisa sobre Uso do Tempo


Hoje participei do 12º Fórum do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares por Amostragem. Muito boa oportunidade de conhecer a dinâmica e metodologia das pesquisas realizadas pelo IBGE no Brasil. Uma que achei muito interessante foi a pequisa sobre Uso do Tempo.
Dois dados que me chamaram a atenção, entre outros: 
- Participação em atividades culturais e esportivas aumenta com anos de estudo :)
- Horas dedicadas para dormir diminuem drasticamente quando aumentam os anos de estudo :(

13 de dez. de 2012

Publicação de balanços na Internet


Comissão aprova publicação de balanços de grandes empresas só na internet


A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio aprovou em 05/12/2012, o Projeto de Lei nº 7553/2010, do deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), que permite a publicação de balanços de empresas de grande porte na internet. Atualmente, os balanços são publicados em jornais de grande circulação. [Atualmente os balanços não são publicados, não é isso? Pelo menos não de forma compulsória.]
A proposta muda a Lei nº 11.638/2007, que, por sua vez, alterou a Lei das Sociedades Anônimas (S/A) e estendeu às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras.
O relator na comissão, deputado Vinicius Gurgel (PR-AP), modificou a proposta a fim de fixar com clareza sua aplicação às sociedades de grande porte de responsabilidade limitada, evitando a ambiguidade de que a regra poderia valer para as S/A, que têm outras obrigações legais de publicidade para seus acionistas.
Gurgel acatou uma emenda do deputado Antônio Andrade (PMDB-MG), para que as S/A sejam obrigadas a publicar suas demonstrações financeiras simultaneamente na internet, e não como forma alternativa de divulgação em jornal de grande circulação, como previa a proposta.
Considera-se de grande porte, para efeito da lei, a sociedade ou o conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões.

Tramitação
O projeto ainda será analisado, de forma conclusiva, pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara Notícias

Comentários:
ZPB: O projeto é um absurdo pois pretende obrigar tais sociedades a publicarem seus balanços, o que a Lei 11.638/2007 não fez. O artigo 3º da citada lei apenas obriga tais sociedades a escriturar e elaborar balanços como as S.A. Nada fala sobre publicação. Observe-se que a obrigação de publicação de balanços para as S.A. não está nas regras sobre sua escrituração e elaboração e sim nas condições para realização das assembleias ordinárias. O autor quer dar a essas sociedades um custo enorme, inútil e desnecessário!

Meu comentário:
Não concordo com você, ZPB! Uma das falhas da Lei nº 11.638/2007 foi retirar essa determinação do texto, por lobby dos que não querem publicar seus relatórios. Para que elaborar e auditar balanços se não publicá-los? Custo enorme, inútil e desnecessário? Como assim? A proposta é publicação na Internet. É só gerar um PDF e hospedar no site. Caro é o processo de elaborar relatório, a auditoria "independente" e a publicação nos jornais de Diário Oficial.

12 de dez. de 2012

Curiosidades do PIB (II)

54 municípios concentravam 50% do PIB do país em 2010

'Fatia' de SP, Rio e Brasília no PIB brasileiro ficou menor.
Catas Altas, em MG, foi município que mais ganhou posições no ranking.

Fonte: G1

Apenas 54 municípios – dos cerca de 5,5 mil existentes no Brasil [Na verdade são exatamente 5.565, portanto 0,97%] – concentravam cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na outra ponta, outras 1.325 cidades, juntas, detinham 1% do total.
“Nesta faixa, estavam 75,0% dos municípios do Piauí, 61,4% dos municípios da Paraíba, 50,9% dos municípios do Rio Grande do Norte e 48,9% dos municípios do Tocantins”, aponta o estudo do IBGE.
Somados, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília concentraram 20,8% dos R$ 3,77 trilhões do PIB daquele ano. A “fatia”, no entanto, foi menor que no ano anterior: em 2009, os três municípios foram responsáveis por 21,4% do PIB. A participação de São Paulo – que seguiu no primeiro lugar do ranking dos maiores PIBs do país –, caiu de 12% para 11,8%; do Rio, de 5,3% para 5%; e de Brasília, de 4,1% para 4%.
Segundo o IBGE, a indústria de transformação, comércio e serviços de manutenção foram os principais responsáveis pela queda de participação de São Paulo. No Rio, os “vilões” foram a indústria de transformação, na fabricação de máquinas e equipamentos industriais.
No ranking dos seis municípios que mais geraram renda em 2010 estão ainda Curitiba e Belo Horizonte, com 4,1% cada, e Manaus, com 1,3%. Juntos, os seis responderam por 25% de todo o PIB brasileiro naquele ano.
Tirando as capitais, 11 municípios se destacaram por gerarem mais de 0,5% do PIB – oito deles no estado de São Paulo: Guarulhos (SP), Campinas (SP), Osasco (SP), São Bernardo do Campo (SP), Betim (MG), Barueri (SP), Santos (SP), Duque de Caxias (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ), São José dos Campos (SP) e Jundiaí (SP).

Menores PIBs
Na outra ponta, dois municípios do Piauí registraram os menores PIBs do país em 2010: Santo Antônio dos Milagres, com R$ 7,2 milhões, e Miguel Leão, com R$ 8,8 milhões. São Félix do Tocantins (TO), Viçosa (RN) e Quixabá (PB) completam a lista dos cinco menores.

PIB per capita
De acordo com o IBGE, o PIB per capita (PIB dividido pelo número de habitantes) do Brasil foi de R$ 19.766,33 em 2010. Quase 4,8 mil municípios, no entanto, registraram PIB per capita abaixo dessa média.
O maior PIB per capita foi registrado em São Francisco do Conde, na Bahia, de R$ 296,8 mil. Em seguida, aparecem Porto Real (RJ), com R$ 290,8 mil, Louveira (SP), com R$ 239,9 mil, Confins (MG), com R$ 239,7 mil, e Triunfo (RS), com 223,8 mil.
“Em comum, observa-se que esses municípios possuíam baixa densidade demográfica”, aponta o IBGE. São Francisco do Conde abrigava a segunda maior refinaria em capacidade instalada de refino do país. No município de Porto Real, situava-se uma indústria automobilística. Louveira concentrava centros de distribuição de grandes empresas. Confins ganhou posição desde 2006, com a transferência da maior parte dos voos do aeroporto em Belo Horizonte para o aeroporto internacional situado no município. Já Triunfo era sede de um polo petroquímico importante.
O IBGE ressalta, no entanto, que “nem toda a renda gerada no município é apropriada por sua população residente, uma vez que a geração da renda e o consumo não são necessariamente realizados em um mesmo município” – ou seja, a renda gerada no município nem sempre se traduz em uma população rica.
Do outro lado do espectro, entre as cinco cidades com menor PIB per capita, quatro estão no estado do Pará. O menor é o de Curralinho, de R$ 2,2 mil, no arquipélago de Marajó, onde 60% dos recursos vêm de transferências federais. Depois de Curralinho, aparecem Bagre (R$ 2,3 mil), São Vicente Ferrer (no Maranhão, R$ 2,4 mil), Cachoeira do Piriá (R$ 2,46 mil) e Muaná (R$ 2,58 mil).

Mudanças no ranking
São Salvador do Tocantins foi a cidade que mais caiu no ranking de PIBs dos municípios, da 2.617ª para a 4.295ª posição. Segundo o IBGE, a queda ocorreu por conta do fim das obras de uma usina hidroelétrica na cidade vizinha de Paranã. Paranã, por sua vez, teve a terceira maior alta no mesmo ranking, da 3235ª para a 1724ª posição, por conta do início de funcionamento da mesma usina.
Já as duas cidades que mais ganharam posições no ranking foram de Minas Gerais. Catas Altas passou da 2973ª para a 1119ª posição (R$ 310 milhões). O ganho veio da alta do preço do minério de ferro depois da crise de 2008. Itamarati de Minas, por sua vez, passou da 4577ª para a 2958ª posição (R$ 84 milhões), com a retomada da extração de bauxita.

Afrouxamento nas exigências de Qualidade


Meus comentários e inserções, um pouco revoltados, estão em vermelho!

MEC altera cálculo de nota de curso superior
Fonte: Folha de São Paulo, texto de Fábio Takahashi (29/11/2012)

O Ministério da Educação decidiu alterar o cálculo da nota dos cursos de ensino superior. O quesito professor com doutorado perdeu peso [Qual será a razão disso mesmo?], enquanto aumentou o valor para o docente com mestrado e com dedicação integral [Isso é bom, mas tem faculdade por aí “alugando” títulos de professores enquanto são avaliadas, depois tem aquela história do pé...].
Chamada de CPC (Conceito Preliminar de Cursos), a nota é usada para fiscalizar os cursos superiores. Os que ficam com nota 1 ou 2 (numa escala até 5) são inspecionados e podem até fechar.
A diminuição do peso para doutores era um pedido das instituições privadas [Agora sim, eis a razão!!], que afirmam ser difícil contratar [Ou melhor: pagar!!!] professores tão qualificados em algumas áreas do conhecimento ou regiões do país. [Em algumas coisas sou inflexível: Não tem professor qualificado para abrir um curso, não abre o curso].
Profissionais com doutorado tendem também a ganhar mais e serem mais qualificados por fazerem pesquisas [Afinal são muitos anos de estudo e dedicação, tem que valer para alguma coisa!!! #SentindoNaPele].
Para educadores, houve afrouxamento nas exigências de qualidade. O MEC diz que o momento é o de induzir melhorias em outros aspectos [Quais, Sr. MEC?].
Com a nova fórmula, a proporção de professores com doutorado cairá de 20% para 15% da nota. Os cinco pontos serão distribuídos entre os quesitos docentes mestres e com dedicação integral.
Também haverá aumento no peso para a existência de projeto pedagógico [Existência de projeto pedagógico é obrigação mínima, não precisa pontuar!!] e a qualidade da infraestrutura.

INGRESSANTES
Essa elevação virá do quesito nota dos ingressantes no Enade (exame de universitários), que deixará de ser contabilizada, pois os calouros não fazem mais a prova.
"Já estamos em um bom patamar em alguns pontos e precisamos induzir a melhoria de outros", disse o presidente do INEP (responsável pela avaliação), Luiz Cláudio Costa, sobre a redução do peso para doutores no CPC. "A redução não foi tão alta." [5% é pouco??? Ou melhor, redução de 25% no peso... Vamos aplicar na poupança e veremos que em um ano não chega a 5%. Isso é muito sim!!]
Nos últimos cinco anos, a proporção de doutores nas instituições subiu de 22% para 29%. Já a dedicação integral subiu de 36% para 47%.
"Uma alteração dessa faz com que as instituições segurem a contratação de doutores, o que traz prejuízos à qualidade", afirmou o pesquisador da área de educação José Rothen, da UFSCAR. [Olhem esse ponto de vista! E depois a opinião a seguir de um típico representante da mercantilização da educação superior no Brasil]
Diretor do SEMESP (Sindicato das Universidades Privadas), Rodrigo Capelato diz que a alteração corrige "em parte" distorções. "O peso para doutor era grande. Melhorou, mas segue alto." [O Governo sustenta muitas dessas faculdades, via PROUNI e o digno representante ainda diz que o peso do doutor é alto... Mas quando fazem propaganda da faculdade no outdoor, ostentam: “Nosso corpo docente é composto de mestres e doutores de elevada qualificação” Se brincar, pode-se encontrar algumas que funcionam no cinema depois da última sessão...]

Curiosidades PIB


Maior PIB per capita do país está em uma cidade baiana: São Francisco do Conde!
E minha Feira de Santana teve um PIB de R$ 7,433 bilhões em 2012 (73º do país), uma elevação de mais de R$ 1 bi em um ano!! O per capita foi de R$ 13.350,80


Fonte: Folha de São Paulo (Pedro Soares) - 12/12/12

Pequenas cidades com grandes empreendimentos industriais, principalmente nas áreas de petróleo e energia, possuíam os maiores PIBs per capita do país em 2010. O mais elevado era o da cidade baiana de São Francisco do Conde (R$ 296,9 mil), que sedia a segunda maior refinaria do país.
Em seguida, vinha Porto Real (RJ), onde está instalada uma montadora. Lá, o valor era de R$ 290,8 mil. Depois, vinham a paulista Louveira (R$ 239,9 mil), polo de distribuição, e da mineira Confins (R$ 239,7), sede do maior aeroporto do Estado.
A lista das cinco maiores era composto ainda pela gaúcha Trunfo, com R$ 223,8 mil. Na cidade está instalado um dos maiores polos petroquímicos do país.
Já entre as capitais, os PIBs per capita mais elevados eram os de Vitória (R$ 76,7 mil), Brasília (R$ 58,5 mil), São Paulo (R$ 39,5 mil), Porto Alegre (R$ 30,5 mil) e Curitiba (R$ 30,4 mil), com valor muito próximo ao do Rio de Janeiro (R$ 30,1 mil).
Já os valores mais baixos eram os de Rio Branco (R$ 12,8 mil), Belém (R$ 12,9 mil) e Teresina (R$ 12,9 mil). De todas as cidades do país, o menor PIB per capita era o da paraense Curralinho, com R$ 2.269. Em média, o país tinha um PIB per capita de R$ 19,8 mil em 2010.

IFRS nos EUA


Adesão dos EUA ao IFRS parece mais distante

Para aqueles que ainda têm esperança de que o IFRS se torne o único padrão de contabilidade global, é melhor ter bastante paciência. Para dizer o mínimo.
O grande país relevante que falta para poderia garantir esse desfecho são os Estados Unidos, que segue usando seu próprio modelo, chamado de US Gaap.
Muito embora o trabalho conjunto entre os responsáveis pelos dois padrões sigam trabalhando juntos para escrever novas normas contábeis sobre reconhecimento de receita, instrumentos financeiros e leasing, é bem possível que o nível de convergência pare por aí.
A palavra final sobre o assunto é da Securities and Exchange Commission (SEC). Mas autoridades do órgão regulador que estiveram no evento do American Institute of Certified Public Accountants, na semana passada, deixaram mais perguntas do que respostas no ar quando trataram do tema. Uma certeza é que, se um dia os EUA incorporar o IFRS, esse dia será bem distante, para que as empresas e os agentes do mercado tenham tempo suficiente para se adaptar.
Isso sem falar que, passadas as eleições americanos, está havendo diversas mudanças na cúpula da SEC, inclusive com a saída da presidente Mary Schapiro.
Presente no evento, Hans Hoogervorst, presidente do Iasb, órgão que escreve as normas internacionais, bem que tentou reforçar os apelos para que os EUA "entrem no barco" do IFRS, para usar suas próprias palavras.
Mas o principal recado veio de Leslie Seidman, do Fasb, entidade responsável pelo US Gaap. Ao citar dificuldades para adaptar o IFRS, baseado em princípios, à cultura americana, mais acostumada a regras, ela disse que "a meta de atingir 100% de comparabilidade (como um padrão único) não é atingível no curto prazo".

Texto de Fernando Torres, para o Valor Econômico (10 Dez. 2012)

Notas explicativas para inglês ver

Essa frase fica por minha conta: Estudo aponta que muitas empresas apresentam notas explicativas "para inglês ver" em seus relatórios anuais...

Companhias revelam 23% das informações exigidas

Texto de Fernando Torres, para o Valor Econômico (10 Dez. 2012)

Se existe um consenso entre as empresas brasileiras sobre o processo de adoção do padrão internacional de contabilidade ao longo dos últimos anos, esse consenso é que os balanços ficaram maiores, principalmente por causa das chamadas notas explicativas, que agora têm muito mais o que explicar.
Mas será que ao aumentar o texto dos balanços as empresas estão cumprindo as normas? Um estudo inédito apresentado em seminário da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), revela que as empresas estão divulgando menos de 25% das informações requeridas pelo IFRS.
Pesquisadores de três universidades fizeram uma extensa pesquisa analisando os balanços e as notas explicativas de 366 empresas (foram excluídas as instituições financeiras) [Incrível como todo mundo faz isso! Já virou cultura e todos justificam que todo mundo faz!]. Eles mapearam que, nos 28 pronunciamentos contábeis (CPCs) que tratam do que deve ser informado pelas empresas aos acionistas, está prevista a divulgação de 683 itens.
Com base nisso, calcularam um índice de cumprimento de divulgação das informações. A primeira conclusão foi de que o índice médio de cumprimento foi de 16%, com a empresa que mais divulgou informações atingindo o nível máximo de 36%.
Mas os pesquisadores consideraram que esse resultado poderia estar mal dimensionado, já que considerava todos os 28 pronunciamentos, que muitas vezes podem não se aplicar às empresas. Se uma norma específica não afeta uma companhia, não faria sentido exigir que ela divulgasse as informações pedidas.
Foi feito então um segundo cenário, em que foi calculado o índice de cumprimento de informações apenas em relação aos CPCs que se aplicavam à aquela empresa. Nesse caso, a média de atendimento subiu a 23%, com o máximo alcançando 45%.
A professora Edilene Santos, da FGV, uma das coordenadoras da pesquisa, diz que é compreensível que as empresas estejam numa fase de aprendizado, mas ao mesmo tempo "não dá para considerar bom" um índice geral abaixo de 25%. "Se fosse com meus alunos, todos estariam reprovados", compara ela, que fez o estudo em parceria com a professora Vera Ponte, da Universidade Federal do Ceará, e da professora Maisa Ribeiro, da USP de Ribeirão Preto, além de ter contado com a colaboração de alunos do mestrado e da graduação das universidades envolvidas.
Para ela, portanto, as empresas tem dois problemas para se resolver. "As notas explicativas estão grandes demais. Mas não estão informando o que é pedido pela norma", diz Edilene.
Segundo a professora, muito do crescimento das notas se deve ao fato de as empresas copiarem trechos dos CPCs, o que não é necessário. "As empresas tem que tentar fazer notas menores, mas que realmente informem", diz.
O estudo fez também compara se o índice de cumprimento das divulgações variava conforme alguns critérios, como nível de governança, porte, existência de papéis listados em bolsas no exterior e tamanho do auditor.

Estudo mostra, no entanto, que se o tema é mais importante para a empresa, o nível de transparência sobe
De forma geral, as empresas que integram os níveis diferenciados de governança corporativa divulgam mais informações que as companhias do segmento "tradicional". Mas chamou atenção da professora Edilene que o Novo Mercado, tido como o mais alto em termos de governança e transparência, apresentou um índice de 26%, em comparação com um indicador de 31% das empresas listadas no Nível 1.
Foi possível identificar também que as 50 maiores empresas divulgam mais informações que as demais companhias.
Da mesma forma, o fato de a empresa ter papéis listados no exterior ou ter os balanços checados por uma das quatro grandes do setor de auditoria - PwC, Deloitte, Ernst & Young Terco e KPMG - têm correlação positiva com o nível de transparência (detalhes no gráfico).
Mas ainda que existam variações relevantes a depender do grupo de empresas, os índices gerais médios de cumprimento de divulgação não passam de 31% em nenhum dos cortes.
Diante do baixo índice, os pesquisadores decidiram levar em conta o parágrafo 31 do CPC 26, que diz que a "a entidade não precisa fornecer uma divulgação especifica, requerida por um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC, se a informação não for material".
E a conclusão foi positiva a esse respeito. Se o tema é mais importante, as empresas divulgam mais informações sobre ele.
Para chegar a essa conclusão, o estudo avaliou com mais detalhe o nível de cumprimento do CPC 37, que era de divulgação obrigatória para todas as empresas, exatamente por exigir informações sobre o impacto da adoção inicial do IFRS no lucro e no patrimônio, entre outros dados.
Entre as 366 analisadas, 67 não divulgaram a reconciliação do lucro, 69 disseram que não houve impacto, 92 reportaram uma redução e 138, um aumento no lucro reportado. Segundo o estudo, foi apurado um índice de cumprimento de 45% para as empresas que não tiveram efeito no lucro e de 71% para as que reportaram um impacto no lucro, fosse ele positivo ou negativo.
Diminuindo a amostra para aquelas que tiveram impacto maior de 10% no resultado líquido (para cima ou baixo), num total de 131 companhias, o índice de cumprimento ficou parecido, em 72%. Nesse ponto, entretanto, a professora Edilene ressalta que apenas 11 empresas divulgaram todas as informações exigidas. "O índice de 72% é boa notícia, mas teoricamente devia ser 100%."

Quase 100%


Curiosidade:
Prefeito é eleito com 99,52% dos votos no interior da Bahia
O candidato do PT, Ailton, foi eleito com 4.158 votos em Santa Terezinha (BA), enquanto o segundo colocado, Zé de Dila, recebeu apenas 20.

3 de dez. de 2012

Variações no valor justo de instrumentos financeiros


Variação de dívida pode ficar no patrimônio
Fonte: Valor Econômico, por Fernando Torres (29 Nov. 2012)

O Iasb, órgão responsável pela emissão das normas contábeis internacionais IFRS, confirmou sua decisão de voltar atrás e manter a possibilidade de que variações no valor justo de instrumentos financeiros, em determinados casos e somente de títulos de dívida, possam ser registradas contra o patrimônio da entidade, e não na conta de resultados.
O Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade divulgou ontem uma proposta de ajustes no pronunciamento IFRS 9, de classificação e mensuração de instrumentos financeiros, que ainda não está em vigor no Brasil.
Apesar de essa ser uma regra recente, emitida depois da crise de 2008, o Iasb decidiu fazer a mudança para contemplar o interesse das empresas de seguros e também para aproximar a norma daquela usada nos Estados Unidos, conforme o US Gaap.
Na versão original do IFRS 9, o registro de instrumentos financeiros poderia ser feito tanto pelo custo amortizado como pelo valor justo, a depender do modelo de negócios da empresa. Se ela carrega os instrumentos para receber juros e principal ao fim do período, deve usar o custo. Caso o interesse seja negociar os ativos no mercado, o registro é pelo valor justo. Em ambos os casos, entretanto, as variações seriam registradas sempre na conta de lucros e prejuízos.
Com a mudança proposta, uma entidade poderá dizer que tem um modelo de negócios misto. Nesse caso, ela passará a ter a opção de registrar as variações do valor justo dos títulos de dívida na conta "outros resultados abrangentes", dentro do patrimônio líquido.
O modelo atual, usado no Brasil, do IAS 39, segue uma lógica diferente, que não é a do modelo de negócios, mas que também prevê que em alguns casos a variação do valor justo de instrumentos financeiros seja registrada contra o patrimônio, e não no resultado.
Isso ocorre apenas quando os instrumentos estão dentro da categoria "disponíveis para venda" e vale tanto para títulos de dívida como para ações - o que não será permitido no IFRS 9.
O Iasb também disse que vai permitir adoção antecipada de uma parte do IFRS 9, sobre registro do valor justo da própria dívida.
Pela contabilidade atual usada tanto nos EUA como na Europa e no Brasil, a empresa registra lucro quando sua própria qualidade de crédito piora. Como os preços dos títulos no mercado secundário diminuem, a dívida da empresa fica menor, e isso é registrado como um ganho na conta de resultados.
No IFRS 9, que ainda não tem adoção obrigatória, já existe a previsão de que essa variação do passivo seja registrada no patrimônio e não no resultado.
Minuta de ajuste ao IFRS 9 divulgada pelo Iasb permite que as empresas adotem antecipadamente apenas essa parte do pronunciamento, mesmo que não sigam as demais orientação da norma. 

Relevância da opinião dos auditores


Opinião do auditor segue relevante

Fonte: Valor Econômico, por Fernando Torres (29 Nov. 2012)

Pesquisa realizada pela PwC e divulgada com exclusividade ao Valor no Brasil mostrou que, a despeito de eventuais questionamentos e dos casos de fraudes que vez por outra aparecem, os investidores ainda valorizam bastante o trabalho do auditor externo. Entre 104 investidores e analistas ouvidos, 67% discordaram da afirmativa que não faria diferença saber se um balanço era auditado ou não, dado que o próprio investidor faria sua própria avaliação dos dados.
O levantamento mostra também que 77% dos investidores provavelmente não investiriam em empresas com ressalvas no parecer de auditoria.
O estudo revelou ainda que os analistas de países emergentes dão mais importância ao relatório de auditoria. Do total, 91% dos investidores desses mercados disseram que sempre leem o parecer do auditor, ao passo que o índice global ficou em 46% - provavelmente pela menor incidência de ressalvas.
Em relação ao nível de independência percebido pelo mercado, há uma divisão dos resultados em relação à auditoria externa e ao comitê de auditoria, órgão de assessoria dos conselhos de administração para checagem dos controles internos.
Enquanto 46% dos respondentes disseram que concordam que existe independência do auditor, apenas 26% fizeram a mesma afirmação em relação aos comitês. No Japão, que recentemente viveu o escândalo contábil da empresa de tecnologia Olympus, 83% disseram não acreditar na independência de comitês de auditoria.
A pesquisa identificou também que pouco mais de 60% dos investidores gostariam que informações contábeis ajustadas, dados sobre remuneração de executivos e medidas específicas setoriais fossem auditadas.
Já em relação a temas como estratégia de negócio e informações sobre responsabilidade social, menos de 30% consideram que seria necessário auditoria - embora o índice seja maior em países emergentes, que têm mais indústrias de recursos naturais.
De acordo com Richard Sexton, sócio líder global de auditoria da PwC, é possível identificar na pesquisa que os investidores estão pedindo mais informações, mas elas não precisam vir apenas da auditoria externa.
"Dentro de dois anos deve haver uma mudança no parecer do auditor, mas isso não deve ser visto como um movimento isolado. As companhias são as geradoras primárias de informação."
O estudo mostra, por exemplo, que há interesse entre os investidores de se ter a opinião do auditor sobre itens como julgamentos contábeis da administração e medidas de resultado setoriais, como receita média por usuário (Arpu) na telefonia. De acordo com Sexton, muitos investidores presumem que esses indicadores são auditados pelo fato serem divulgados junto com os números dos balanços oficiais, quando na verdade não são.
Já em relação a temas como estratégia e modelo de negócios, os investidores entendem que devem ser apresentados pela diretoria das empresas.
Sem negar sua origem inglesa, Sexton defende que também nos temas de divulgação e de governança corporativa, assim ocorre no IFRS, o foco principal deve estar na essência, e não na forma. "Estamos muito preocupados com a estrutura. O princípio por trás de tudo é que o investidor quer informações confiáveis e relevantes. Se isso for seguido, podemos ser menos específicos sobre quem reporta o que", diz.
Ele diz, por exemplo, que não há nada mágico no formato dos comitês de auditoria, exigidos em países da Europa e nos Estados Unidos, mas que não são obrigatórios no Brasil. "O investidor quer que a empresa tenha conselheiros independentes focados em boa governança e que possam falar com acionistas e com os auditores. A forma que isso toma, seja num comitê oficial ou não, é menos importante."
Para o sócio-líder de auditoria da PwC Brasil, Jorge Manoel, as próprias empresas estão preocupadas em manter a confiança. "Quem não é transparente hoje certamente acaba recebendo uma punição severa do mercado." 


Investidores terão que se acostumar com republicações


Olá pessoal (leitores, amigos, seguidores...)

Uma das coisas que gosto de fazer aqui é comentar textos que saem na imprensa envolvendo matérias da área de Contabilidade. Um pouco da minha visão e entendimento sobre o que andam publicando. 
Mas imagino que tenham notado a frequência mais escassa de posts. Isso tem uma razão, e alguns já sabem: Doutorado! Estou trabalhando muito para a qualificação do meu projeto de tese. E isso consome muito tempo, pois tenho muita, muita leitura para fazer... além das aulas semanais na graduação, pesquisas, orientações e do resto da vida para viver!!!
Quero ir partilhando coisas que for descobrindo durante o processo de elaboração da minha tese. Mas farei isso na medida do possível.
Não comentarei esse texto, mas destaquei os trechos que considerei mais interessantes. Se quiserem comentar, discordar, concordar, acrescentar, estejam à vontade!
Aguardem um post com o balanço do segundo ano de Doutorado! Ufa!!


Investidores terão que se acostumar com republicações
Fonte: Valor Econômico, por Fernando Torres (29 Nov. 2012)

A figura equilibrada do balanço patrimonial, que se manifesta por meio da igualdade obrigatória entre a soma de ativos de um lado e passivos a patrimônio do outro, cria a ilusão para muitos de que a contabilidade é uma ciência exata. Mas ela nunca foi. E está ainda mais longe de vir a ser.
Agora que o Brasil adotou as normas internacionais de contabilidade, os agentes de mercado que lidam com demonstrações financeiras terão que se acostumar com o aumento da frequência de discussões sobre práticas e critérios contábeis - e também com reapresentações de balanços. "Ninguém mais tem a palavra final", afirma Sergio Romani, sócio-líder de auditoria da Ernst & Young Terco.
Isso ocorre tanto porque o arcabouço regulatório é uma novidade para todos, que ainda estão se adaptando aos conceitos, mas também pelo fato de o IFRS ser baseado em princípios, e não em regras específicas e detalhadas.
Seja pelo pouco tempo de prática, ou mesmo por questões culturais, contadores e auditores brasileiros ainda estão dando os primeiros passos na arte de fazer julgamentos sobre métodos contábeis.
Essa possibilidade de interpretações e conclusões diferentes sobre eventos econômicos semelhantes torna mais difícil a vida de preparadores, auditores, investidores e reguladores.
Não por acaso, estão mais comuns os casos de reapresentação de balanços, de ajustes prospectivos relevantes por mudanças de estimativas e de reclassificação retroativa de contas, no momento em que a empresa apresenta números de um novo exercício.
A lista de empresas de capital aberto que tiveram que fazer alterações nos balanços nos últimos anos é grande. Por erros em estimativas, diversas empresas do setor imobiliário tiveram que ajustar seus balanços, com destaque para Gafisa, PDG e Brookfield. Em outros tantos casos, o motivo teve relação com a interpretação e aplicação dos princípios do IFRS, como ocorreu com BrasilAgro, Energisa, Inepar, Lojas Americanas, Marfrig, Minerva, Rossi, Sabesp e Telebras, para citar alguns casos.
As reapresentações podem ocorrer tanto de forma espontânea como por determinação da Comissão de Valores Mobiliários (Quadro no final da página).
As estimativas, imprecisas por natureza, sempre fizeram parte da contabilidade, como na provisão para perdas com inadimplência ou na constituição de reservas contra eventuais derrotas em processos judiciais. Segundo o Aulete, uma estimativa é uma "avaliação prospectiva de algo, que se faz com base nos dados disponíveis no presente".
Assim, os dados que as empresas apresentam na demonstração de resultados não podem ser confundidos com a realidade perfeita e objetiva das coisas. Eles são apenas uma aproximação. A melhor possível, na visão da companhia.
Nem mesmo o auditor externo, contratado para dar um parecer sobre o balanço, assegura que as informações ali divulgadas são 100% reais e verdadeiras. Eles dizem, no máximo, que a empresa seguiu as regras contábeis e que os dados "representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a situação patrimonial da empresa" naquela data. E sempre confiando na boa fé dos administradores da empresa, esses sim responsáveis pelas informações apresentadas.
Investidores podem se sentir desconfortáveis com essa aparente falta de segurança. Mas é assim que as coisas funcionam hoje em todos os mercados desenvolvidos.
Numa adaptação do velho ditado, se não é perfeito com os auditores, seria muito pior sem eles.
Mas se sempre houve espaço para discussões sobre práticas contábeis, é inegável que as dúvidas aumentaram desde que o Brasil adotou, em 2010, o padrão contábil IFRS, usado em mais de cem países pelo mundo, incluindo todos da União Europeia.
Alguns críticos do IFRS dizem que esse é um dos pontos fracos deste padrão contábil, na medida em que ele abre espaço para que uma mesma regra seja interpretada de forma diferente em países distintos ou mesmo entre empresas do mesmo setor, no mesmo país.
Essa difusão de práticas constou como um dos alertas no extenso relatório preparado pela Securities and Exchange Commission (SEC), elaborado dentro do processo de decisão do órgão regulador americano sobre a adoção ou não do IFRS nos Estados Unidos, que ainda está pendente de uma definição.
Mesmo para os defensores do IFRS, essa diversidade na aplicação das regras será resolvida apenas em parte. Algumas interpretações divergentes devem desaparecer com o tempo, conforme as empresas se acostumem com as regras e o mercado crie referências de melhores práticas para seguir.
Outro conjunto de diferenças seria permanente, e se justificaria exatamente pelas peculiaridades de uma empresa, ou da visão da administração sobre o modelo de negócios.
No comentário que fez para o anuário feito pela Fipecafi e pela Ernst & Young sobre o segundo ano do IFRS no Brasil, o professor de contabilidade Eliseu Martins diz que o padrão internacional é "mais informativo", por convergir mais com o resultado econômico das empresas. Como cada companhia funciona de uma forma, ele diz que "uma das consequências desse tipo de mudança é o surgimento de diferenças entre métodos de mensuração adotados por parte das empresas".
Com base nos dados do documento, de 328 páginas analisando a aplicação de cada norma contábil, ele cita diferenças nos métodos e taxas de depreciação e também no critério para registro de ganhos e perdas atuariais.

Richard Sexton, sócio líder global de auditoria da PwC, admite que um dos grandes desafios que a contabilidade é enfrentar a obsessão do mercado por um único número, que é o lucro por açãoPara ele, entretanto, é perfeitamente razoável que contadores cheguem diferentes pontos dentro de um intervalo aceitável. "O que não significa que um está errado e outro certo", afirma, destacando, entretanto, que é preciso que haja transparência sobre o que foi feito.
Até mesmo por considerar que existe esse intervalo, Sexton fala com cautela em relação às reapresentações de balanços. "A republicação pode ser positiva para se corrigir um erro. Mas [em número excessivo] também podem reduzir a confiança do mercado", afirma.
Ele cita os casos dos ganhos e perdas atuariais com fundos de pensão, cujos cálculos dependem de inúmeras premissas assumidas pela administração. Para Sexton, não adianta querer exagerar na precisão dos cálculos, porque isso não seria útil para ninguém.
Como já disse uma vez o professor Martins, o IFRS permite que a empresa mostre sua cara.
Segundo Ana María Elorrieta, ex-presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) e sócia da PwC, isso exigirá também do público leitor. "O investidor tem que ser mais sofisticado para usar a informação na tomada de decisão".


“... nunca [...] plenamente maduro, nem nas idéias nem no estilo, mas sempre verde, incompleto, experimental.” (Gilberto Freire)