12 de out. de 2016

Religiosidade e o raciocínio moral de alunos de Ciências Contábeis

A edição n. 3, v. 35 (2016) da Revista Enfoque: Reflexão Contábil trouxe a publicação de nove artigos inéditos que versam sobre honorários e rodízio de auditoria, value relevance da DRA, sistemas de controle gerencial, avaliação de desempenho, income smoothing e religiosidade e raciocínio moral! Este último tema me chamou a atenção pela inovação. Nada de mais do mesmo!
Em decorrência do tema pouco convencional, destaco o artigo “Um estudo sobre a relação entre a religiosidade e o raciocínio moral dos alunos de Ciências Contábeis”, de autoria de Leandro da Costa Santos e Josedilton Alves Diniz.
Segundo os autores, o estudo teve como objetivo verificar a relação entre a religiosidade e o raciocínio moral dos alunos de Ciências Contábeis. Como procedimento empírico da mensuração da religiosidade usou-se da Escala de Maturidade da Fé, desenvolvida por Benson, Donahue, Erickson (1993). Já a mensuração do raciocínio moral foi realizada a partir da Defining Issues Test -2 elaborado por Rest e Narvaez (1998). 
O estudo foi conduzido para uma amostra de 67 alunos concluintes do curso de Ciências Contábeis de duas universidades da Paraíba, e a confiabilidade interna dos instrumentos de pesquisa foi feita través do modelo definido por Cronbach (1951). Para averiguar a relação entre a religiosidade e o raciocínio moral, os autores utilizaram o coeficiente de correlação não-paramétrico de Spearman. 
Os resultados evidenciaram que a maioria dos respondentes tem sua fé classificada como integrada. Quanto ao raciocínio moral, a maioria dos respondentes foi classificada no nível de manutenção das normas, o que indica que para a maioria dos indivíduos o cumprimento das leis e normas é o mais importante [Resquícios da nossa tradição Code Law?]. Ainda sobre o raciocínio moral, quando se analisou por tipo constatou-se que a maioria dos indivíduos se enquadrara no tipo 2 (Interesse Pessoal, mas em transição), os indivíduos deste tipo quando envolvidos em dilemas morais, tendem a privilegiar seus próprios interesses. 
No que tange a relação entre religiosidade e raciocínio moral, constatou-se que não existem evidências relevantes que a confirme, uma vez que a relação entre ambas as variáveis não se mostrou significativa. [Ou seja: religião não define consciência moral!]

Gostei do estudo! Tema fora da caixinha!

Nobel de Economia

Os ganhadores:
O Prêmio Nobel de Economia 2016 foi concedido a dois professores de economia: Oliver Hart (Universidade de Harvard e Holmström) Bengt Holmström (MIT). Os pesquisadores ganharam o prêmio por suas contribuições para a teoria dos contratos, que têm múltiplas aplicações em diversos contextos da vida real.
O trabalho de Hart tem ajudado a entender quais companhias devem se fundir, além do equilíbrio correto de financiamentos e quando instituições como escolas devem ser privadas ou públicas. Já o de Holmström ajuda a formular contratos para executivos.

O prêmio:
O Nobel de Economia tem uma recompensa de 8 milhões de coroas suecas, equivalente a R$ 3 milhões. O prêmio inclui ainda um diploma e uma medalha de ouro.
O prêmio de Economia é o único que não remonta ao testamento de Alfred Nobel. Denominado oficialmente Prêmio de Ciências Econômicas do Banco Real da Suécia em Memória de Alfred Nobel, foi criado em 1968 pelo Banco Central sueco para comemorar seu tricentenário e concedido pela primeira vez em 1969. As demais categorias do Nobel são concedidas desde 1901.

Justificativas para o prêmio:
-- “As novas ferramentas teóricas criadas por Hart e Holmström são valiosas para a compreensão dos contratos e instituições da vida real, bem como armadilhas potenciais no projeto de contrato”
-- “[O trabalho deles] estabelece uma base intelectual para traçar políticas e para instituições em muitas áreas, da legislação sobre falências a constituições políticas”
-- “A teoria do contrato, desenvolvida pelos premiados, é um amplo marco de análises dos múltiplos aspectos do contrato, como a remuneração dos executivos com base em sua performance, as franquias, os copagamentos nos seguros ou a privatização do setor público”.
-- “Contratos são apenas uma forma incrivelmente poderosa de pensar sobre partes da economia. Eles são fundamentais para toda a ideia de que o comércio é um tomar uma coisa por outra e que há dois lados para uma transação”.
-- O tema de estudo dos premiados talvez seja menos prestigioso que as grandes questões de crescimento, desemprego ou pobreza, razão pela qual não apareciam nas previsões. Mas ambos tiveram o mérito de abrir caminho “a um fértil terreno de pesquisa fundamental”.
-- “Graças à pesquisa de Oliver Hart e Bengt Holmström, temos agora os instrumentos para analisar não apenas os termos financeiros dos contratos, mas também a prestação contratual dos direitos de controle, dos direitos de propriedade e dos direitos de decisão entre as partes”.

Um Nobel de para homens de universidades norte-americanas:
Do total de 78 edições do Nobel de Economia, 56 (72%) foram concedidos a professores que atuam em universidades norte-americanas.
As mulheres permanecem quase ausentes da lista do Nobel de Economia. Apenas uma mulher ganhou a distinção: a norte-americana Elinor Ostrom, em 2009, junto com outro pesquisador dos EUA.

Dez últimos ganhadores do Nobel de Economia:
2016: Oliver Hart e Bengt Holmström, por suas contribuições à teoria dos contratos.
2015: Angus Deaton (Reino Unido-Estados Unidos), por seus estudos sobre “o consumo, a pobreza e o bem-estar”.
2014: Jean Tirole (França), por sua “análise do poder do mercado e de sua regulação”.
2013:  Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os mercados financeiros.
2012: Lloyd Shapley e Alvin Roth (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre a melhor maneira de adequar a oferta e a demanda em um mercado, com aplicações nas doações de órgãos e na educação.
2011: Thomas Sargent e Christopher Sims (Estados Unidos), por estudos que permitem entender como acontecimentos imprevistos ou políticas programadas influenciam os indicadores macroeconômicos.
2010:  Peter Diamond e Dale Mortensen (Estados Unidos), Christopher Pissarides (Chipre/Reino Unido), um trio que melhorou a análise dos mercados nos quais a oferta e a demanda têm dificuldades para se acoplar, especialmente no mercado de trabalho.
2009: Elinor Ostrom e Oliver Williamson (Estados Unidos), por seus trabalhos separados que mostram que a empresa e as associações de usuários são às vezes mais eficazes que o mercado.
2008: Paul Krugman (Estados Unidos), por seus estudos sobre o comércio internacional.
2007: Leonid Hurwicz, Eric Maskin e Roger Myerson (Estados Unidos), por seus trabalhos baseados nos mecanismos de intercâmbio destinados a melhorar o financiamento dos mercados.


Fonte das informações: G1 
“... nunca [...] plenamente maduro, nem nas idéias nem no estilo, mas sempre verde, incompleto, experimental.” (Gilberto Freire)