Sobre o mercado de firmas e escritórios
de Contabilidade, para reflexão junto às comemorações pelo Dia do Contador
Economia brasileira atrai
escritórios estrangeiros
A contabilidade brasileira
vem passando por uma transformação. A implementação do Sistema Público de
Escrituração Digital (Sped) e do e-Social (unificação do envio de informações
trabalhistas e previdenciárias), além das 30 normas tributárias que são
editadas diariamente no País, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de
Planejamento e Tributação (IBPT), contribuem para o cenário de expansão do
setor contábil.
“Está ocorrendo uma
transformação na metodologia de trabalho dos contadores, principalmente para os
escritórios que atendem às pequenas e médias empresas, porque as grandes
companhias, que também são afetadas com os novos controles governamentais,
estão mais preparadas para as novidades”, de acordo com Zulmir Breda, vice-presidente
de desenvolvimento profissional e institucional do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC).
Esse mercado em ebulição está
despertando o interesse de escritórios estrangeiros de contabilidade. “As
empresas estrangeiras estão com grande apetite em relação aos escritórios de
contabilidade nacionais”, considera Carlos Meni, CEO da WoLters Kluwer Prosoft.
Em maio de 2013, o grupo
holandês adquiriu a Prosoft. “No Brasil, o trabalho do contador sempre foi
marginalizado, como se tivesse apenas a função de entregar informações ao
Fisco. Com isso, os honorários eram baixos e a especialização dos profissionais
também”, comenta Meni, ao lembrar que aos poucos isso foi mudando, muito
influenciado pelo Sped, que iniciou com o projeto-piloto em 2008 e que levou a
toda a transformação do mercado.
Mas essa não foi a única
parceria multinacional que ocorreu no mercado contábil nacional nos últimos anos.
No início de 2011, a RCS Consultores, fundada por Raul Corrêa da Silva, se
juntou à BDO formando a BDO RCS Consultores Independentes, comandada no Brasil
por Raul Corrêa e que conta com cerca de mil profissionais nas 21 filiais.
Raul Corrêa considera que
para acompanhar todas as mudanças demanda muito investimento e treinamento de
equipe. “De uma forma ou de outra, a tendência será para escritórios butiques e
para médios e grandes escritórios. Os pequenos não terão condições de competir,
assim como em todos os outros mercados. É uma tendência mundial.”
Não são apenas os grandes
escritórios que estão na mira dos estrangeiros. Firmas de menor porte também
sentem o assédio. A Direto Contabilidade, Gestão e Consultoria, já foi sondada
por grupos estrangeiros. “Tem havido bastante movimentação nesse sentido, pois
a Contabilidade é um serviço essencial, ou seja, ao abrir uma empresa é preciso
contratar um contador para fazer a contabilidade e cuidar das obrigações
tributárias e trabalhistas” [Considero que esta visão permanece a ‘darfista’ de
sempre!], destaca Silvinei Toffanin, diretor da Direto.
Outra firma que está sentindo
o assédio estrangeiro é a JJA Assessoria Fisco Contábil. “Já recebemos pelo
menos duas propostas de estrangeiros”, destaca Aédi Cordeiro, diretor da JJA.
Vale ressaltar que há
restrições legais para o exercício da profissão por estrangeiros no Brasil, com
a necessidade de revalidação de diploma e registro no órgão de classe.
Apesar das aquisições que
ocorreram nos últimos anos e do assédio a alguns escritórios, o vice-presidente
do CFC considera que não haverá consolidação deste movimento. De acordo com Zulmir
Breda, “Temos profissionais suficientes para atender ao mercado nacional. Com a
adoção das normas contábeis internacionais pelo Brasil, houve uma grande
reciclagem dos profissionais”. [Essa informação não condiz com pesquisas que
apontam dificuldades de contratar profissionais contábeis com formação de alto
nível...]
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