Pessoal,
Para quem atua na área de Contabilidade aplicada ao Setor Público, segue uma notícia interessante acerca da adoção das IPSAS.
Boa leitura!
Custos
são principal obstáculo para a reforma da contabilidade pública no Brasil,
aponta Ernst & Young
Fonte:
Revista Fator [25/11/2011]
Estudo
global mostra que País vê muitos benefícios na adoção do regime por competência
baseado nas IPSAS, as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor
Público; no entanto, esses padrões ainda não são conhecidos em detalhes por
membros do governo.
Apesar
de o Brasil estar se preparando para a adoção das IPSAS (International Public Sector Accounting Standards), conhecidas por
aqui como Normas Internacionais da Contabilidade para o Setor Público, os
custos da reforma são tidos como um dos principais obstáculos para a adoção de
um regime por competência. O dado consta do estudo Toward transparency: A comparative study of governamental accounting
around the world, elaborado pela Ernst & Young.
O
prazo de convergência do Brasil para as IPSAS foi fixado inicialmente para 2012
[Inicialmente
para o Governo Federal e posteriormente para as outras esferas de Governo].
Atualmente, o País utiliza um sistema contábil que é uma versão modificada do
regime de caixa, mas move-se gradualmente para a aplicação do regime de
competência baseado nas IPSAS.
“A
adoção das IPSAS permite a comparação das demonstrações contábeis entre
instituições governamentais nos mais diversos países e, de quebra, propicia um
ganho enorme de transparência”, afirma Julio Braga Pinto, sócio de Auditoria da
Ernst & Young Terco. “Com o prazo para a convergência se aproximando, é
importante conhecer práticas bem sucedidas sobre o tema e debater os avanços
que o Governo brasileiro vem alcançando para sua adoção.”
O
estudo, resultado de uma pesquisa com autoridades financeiras de 33 países –
Brasil, França, Alemanha, Índia, China, Japão, Reino Unido, EUA, entre outros
–, tem como objetivo identificar tendências e desenvolvimentos na
contabilidade do setor público, incluindo uma avaliação da transição, no mundo,
do regime de caixa para o regime de competência, e depois para o objetivo final
que é a adoção integral das IPSAS.
Segundo
a pesquisa, o governo brasileiro é um dos oito que utilizam uma base modificada
e um dos 11 que têm planos concretos de melhorar o sistema contábil nacional. Mesmo acreditando que os custos
da reforma são altos e podem ser empecilhos, os participantes brasileiros da
pesquisa disseram reconhecer os benefícios de se adotar a contabilidade por
competência ou as IPSAS.
Informação
para quem? O estudo conclui ainda que instituições financeiras
internacionais, agências de rating e o público em geral não são vistos como os
principais usuários de declarações financeiras governamentais em muitos países.
Uma maioria significativa (84%) listou governos e parlamentos como os
principais usuários dessas informações. Um terço (33%) dos entrevistados citou
agências de rating, 39% mencionaram instituições financeiras internacionais e
51% veem os cidadãos como os principais usuários das declarações divulgadas
pelos governos.
“Essas
conclusões sugerem que muitos governos ainda não estão divulgando seus status
financeiros de forma eficaz para o público externo”, diz Julio Braga Pinto. “Os
governos deveriam estar motivados, após a crise financeira, para colocar em
prática as condições para uma gestão moderna e para reformar suas metodologias
contábeis. Porém, ainda é necessário progredir para responder a preocupações
sobre transparência, responsabilidade e sustentabilidade em nível global”,
completa.
O
G20 e muitos outros países vêm pedindo uma convergência regulatório-financeira
global para criar estabilidade para mercados de capital e investidores. O
estudo da Ernst & Young constatou que padrões de demonstrações financeiras
nacionais ainda são, na maioria, únicos, tornando comparações entre governos
muito difíceis. A grande maioria dos países pesquisados usa seu próprio sistema
de demonstrações contábeis e financeiras, o que significa que na maioria dos
casos não é possível comparar seus níveis de eficiência com outros países.
A
maioria das entidades pesquisadas – 52% – já fez a conversão para a
contabilidade por competência e, ao fazê-la, identificou benefícios claros: uma
maior facilidade na tomada de decisões, a melhora na gestão de bens e fundos e
o aumento da eficiência. Muitos governos não planejam, no entanto, novas
reformas em seu sistema contábil. Particularmente preocupante é que um terço
dos 55% que não planejam mudanças está baseado na Europa, onde há uma contínua
instabilidade fiscal e orçamentária.
Uma
grande maioria dos países – 75% – identificou “apresentação justa” como o
principal foco das informações colocadas em relatórios financeiros. O fato de
que os países que também utilizam o regime de caixa tenham respondido o mesmo
pode ser visto como contraditório, porque esse tipo de contabilidade não está,
segundo especialistas, em linha com uma representação justa da situação
financeira de um país. Entretanto, pode-se concluir que, de uma perspectiva
global, não há um entendimento comum sobre o tema. Por fim, a maioria das
administrações financeiras dos governos tem conhecimento sobre a adoção das
IPSAS, mas apenas três dos países pesquisados no estudo já implementaram as
normas (do regime por competência).
“Analistas
de finanças públicas e políticos acreditam cada vez mais que os complexos
desafios fiscais e orçamentários que seus países enfrentam são mais complicados
de serem resolvidos devido à sua continuada dependência de sistemas contábeis
de caixa defasados”, afirma Thomas Müeller-Marqués Berger, líder global da área
de Contabilidade do Setor Público. “É encorajador ver, entretanto, que a
modernização da contabilidade do setor público está sendo gerada dentro dos
governos e que a crise financeira não parece ter mudado essa decisão. O setor
privado teve que incorporar medidas para dar mais transparência para
declarações financeiras – e o setor público necessita fazer o mesmo
urgentemente.”
“A
crise da dívida tem trazido à tona a necessidade por mais transparência das
finanças governamentais na Europa, em particular, mas é importante que países
de todo o mundo garantam que suas declarações sejam as mais acuradas possíveis
ao usar métodos modernos de contabilidade que, com certeza, darão uma ideia
mais completa sobre as situações fiscais contábeis e econômicas dos governos”,
finaliza Julio Braga Pinto.
Relatório:
O estudo Toward transparency: A comparative study of governamental accounting
around the world foi feito em 33 países: Austrália, Áustria, Brasil,
Canadá, Croácia, Egito, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Israel, Itália,
Japão, Quênia, Lituânia, Moçambique, Nepal, Holanda, Nova Zelândia, China,
Polônia, Senegal, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Uganda,
Ucrânia, Emirados Árabes Unidos (Abu Dhabi), Reino Unido, EUA e Zimbábue. Eles
foram escolhidos por sua representação balanceada, tanto pela geografia quando
pelo desenvolvimento dos países.
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