Olá pessoal!
Disponibilizo o texto a seguir do André Rocha,
publicado no Valor Econômico de 24 de outubro de 2011, que retrata um pouco da
realidade dos profissionais de análise de investimentos. Mas confesso que o que
mais me chamou a atenção no texto foi o trecho da canção “Capitão de Indústria”,
dos Paralamas do Sucesso: “Ah! Eu acordo
pra trabalhar/ Eu durmo pra trabalhar/ Eu corro pra trabalhar”.
Essa é a minha vida, essa é a minha história [no
momento]. Por isso ando tão ausente desse Blog. Mas dias melhores, mais
tranquilos e mais produtivos virão!
Carta a um jovem analista de empresas
Os Paralamas do Sucesso na canção “Capitão de
Indústria” retrata a angústia de um cidadão cuja jornada de trabalho ocupa
espaço excessivo na sua rotina. É melancólico escutar o refrão: “Ah! Eu acordo pra trabalhar/ Eu durmo pra
trabalhar/ Eu corro pra trabalhar”. Será que a rotina do analista de
empresas é mais excitante? Quais os atributos requeridos? Qual a área de
atuação? Como anda o mercado de trabalho?
Com a revitalização do mercado de capitais
brasileiro a partir de 2004, o mercado de trabalho para o analista de empresas
se alargou. Atualmente o mercado de capitais - que envolve os mercados de
ações, de dívida e de operações societárias - é uma alternativa de carreira
viável para os jovens.
Ele pode trabalhar em: (i) área de pesquisa de
corretoras (conhecido como “sell side”); (ii) gestoras de recursos (o chamado
“buy side” que engloba gestoras de recursos, fundos de pensão); (iii) área de
crédito dos bancos; (iv) agências de
classificação de risco; (v) fundos de “private equity” que investem em companhias
de capital fechado; (vi) bancos de investimento, responsáveis por operações
societárias, de dívida e por processos de abertura de capital e (vii) área de
relações com investidores das companhias.
O enfoque da análise é distinto em cada área de atuação.
O “sell side” e o “buy side” buscam descobrir o que pode influenciar o
desempenho das ações. O analista de crédito se preocupa com a capacidade de
pagamento, logo a análise sobre a geração de caixa é primordial. Os fundos de
“private equity” atuam junto às empresas para que essas se estruturem, cresçam
e possam atingir o mercado acionário ou ser alvo de aquisição de concorrentes.
Como esses fundos participam do capital das empresas, o trabalho dos analistas
acaba sendo mais profundo, pois eles têm acesso a todas as informações das
companhias. Já os analistas de “sell side”, “buy side” e de crédito possuem
apenas acesso as informações públicas, logo a profundidade da análise é menor.
A carreira do analista de empresas é tipicamente
uma carreira em Y e não em linha. Nessa última, o profissional ascende na
hierarquia da companhia, galgando cargos de supervisão na hierarquia
corporativa. A carreira em Y também permite mobilidade ascendente aos
profissionais, mas sem obterem cargos de chefia ou supervisão. Como possuem
perfil mais técnico podem não ter a competência específica para gerenciar equipes
nem perfil generalista.
Não é o que tem ocorrido, especialmente, em algumas
administradoras de recursos. Os analistas, para ascenderem na hierarquia,
precisam se transformar em “portfolio manager” ou gestores de carteira. Além de
administrar o fundo de investimento, esses profissionais podem gerenciar
equipes. Muitas vezes essas promoções
são um fracasso. A gestora, além de desfalcar sua área de análise, promove um
profissional com baixa capacidade de liderança. Outro efeito negativo é que,
com tal configuração, os analistas desde cedo buscam uma migração, interna ou
externamente, o que não é benéfico para a equipe.
No Brasil, a maioria dos analistas é formada em
Engenharia, Administração de Empresas ou Economia. A atividade requer
conhecimentos em matemática financeira, macroeconomia, contabilidade e direito
societário. Os analistas que produzem relatórios para terceiros necessitam ter
a certificação chamada CNPI (Certificado Nacional do Profissional de
Investimento) emitida pela APIMEC (Associação dos Analistas e Profissionais de
Investimento do Mercado de Capitais).
Duas características podem ser vinculadas ao bom
profissional do mercado financeiro, incluindo os analistas: alta
empregabilidade e boa remuneração. Este mercado em geral apresenta alta
mobilidade. O bom trabalho feito por qualquer profissional do mercado de
capitais acaba chamando a atenção não somente de seu empregador, mas também dos
concorrentes. Com isso, ele tem sua empregabilidade aumentada. Além disso, a
remuneração do profissional é vinculada ao desempenho. Logo um bom trabalho
pode gerar uma gratificação generosa.
Então, a função do analista de empresas é mais
excitante do que a do protagonista de “Capitão de Indústria”? Você é o juiz.
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