Eu
esperava mais desse texto a seguir, principalmente pelo título! Sou muito inclinada a ler um texto, um livro,
a ver um filme a partir de títulos instigantes... Mas nem sempre o conteúdo
corresponde.
Segue
o texto com alguns comentários!
Contadores
calmos na tempestade
Texto
de Adam Jones, colunista do Financial Times, publicado no Valor Econômico em 05/01/2012
Com os eventos
de 2011 começando a se perder na memória - sendo a maior parte deles ruim do
ponto de vista econômico -, o quão
nervoso está o mundo da contabilidade?
Em conversas com
vários auditores e reguladores sobre a temporada de balanços do ano completo de
2011, que se inicia nas próximas semanas, fica-se com a impressão de que o
sangue deles não é bombeado com a mesma intensidade ansiosa como ocorreu no
rescaldo da quebra do Lehman Brothers, em 2008.
Uma fonte de
confiança é o progresso que foi feito na luta contra algumas das questões
levantadas pela crise financeira. No Reino Unido, por exemplo, contadores
seniores sentem que a falta de comunicação problemática entre auditores e
reguladores bancários já foi corrigida.
Isso deve tornar
mais fácil uma ação decisiva caso o financiamento seque para outra instituição
financeira britânica, como aconteceu com o Northern Rock em 2008, apesar de não
resolver a ineficácia das declarações sobre o conceito de "entidade em marcha" [pressuposto
da Continuidade] no setor.
Segue sendo
bastante improvável que auditores questionem a liquidez de um banco em público
por conta do perigo de que a quebra da instituição se torne uma profecia
autorrealizável.
Quanto a baixas
contábeis de dívida soberana, o setor contábil parece ter aprendido com as inconsistências
dos balanços do primeiro semestre de 2011,
quando títulos do governo grego valiam tanto cerca de 80% do seu valor de face
como 50%, dependendo de qual banco se analisava.
Os pessimistas
ganharam esse argumento e uma abordagem mais harmonizada já está em evidência
nesse ponto. Mas apesar da melhora considerável, também parece improvável que
os bancos e as seguradoras sejam levados a registrar perdas com títulos de
dívida emitidos por outros países da zona do euro - como a Itália - nos seus próximos
balanços.
Ainda assim,
ninguém descarta a possibilidade de uma retomada repentina do caos visto há
três anos, particularmente depois do colapso recente da corretora americana MF
Global e das travessuras fora do balanço da japonesa de tecnologia Olympus.
Muitas empresas
estão sob pressão, particularmente em setores dependentes de gastos do
consumidor no Ocidente. Isso, combinado com nervosismo sobre a capacidade dos
bancos para continuar emprestando, torna desafiadora a avaliação sobre a
continuidade de uma entidade.
Reguladores e
auditores também estão destacando a necessidade de as empresas reduzirem
algumas avaliações de ativos a fim de refletir a deterioração das perspectivas
econômicas. Intangíveis, como o ágio
- o ativo otimista criado quando o preço de uma aquisição excede o valor dos
bens comprados -, parecem particularmente vulneráveis. [Essa definição de Ágio é linda: ativo otimista!!!
Existe ativo pessimista???]
James Kroeker,
chefe da área de contabilidade da Securities and Exchange Commission (SEC),
regulador do mercado de ações dos EUA, diz que o questionamento sobre o
valor pelo qual estão registrados os ativos deve percorrer "o balanço de
cima a baixo". [AContabilidade está
nos detalhes!! Vide postagem anterior!]
Michael Izza,
executivo-chefe do Institute of Chartered Accountants da Inglaterra e País de
Gales, relata que alguns bancos da Europa continental devem levar realizar
a baixa de alguns ágios por expectativa de rentabilidade futura depois de uma
reavaliação mais pessimista das perspectivas das empresas adquiridas.
Enquanto isso, a
importância crescente dos mercados emergentes para multinacionais sedentas por
crescimento é uma complicação adicional, que não foi de modo algum um fator
importante nos dias sombrios de 2008. Em vez de as extrapolações contábeis
misteriosas [Misteriosas? Diria que são engenhosas! Inteligentes, mas não
infalíveis! O mercado está atento! Não se pode enganar a vida inteira] que se tornaram comuns nas economias
maduras, os auditores frequentemente lidam com cenários bem mais básicos em
lugares como a China. Nesses casos,
é muitas vezes mais uma questão de "você pode encontrar a prova de que o
ativo existe?", em vez de "você questionou as projeções da
administração?".
No fim das
contas, ainda há muito por aí com o que se preocupar - mesmo que os contadores
não estejam mostrando sinais de tensão como nos dias iniciais da crise
financeira de 2008.
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