Na economia atual, onde convivemos com baixa inflação, estreita margem de lucro, grande competitividade e juros bancários altíssimos, planejar o fluxo de caixa é fundamental para a saúde das empresas.
Esse conceito é mais do que sabido para todo empresário e implicitamente é levado em consideração sempre.
O que ocorre, no entanto, em grande parte das pequenas e médias empresas, que conhecemos, é que o Fluxo de Caixa é um dos principais problemas na gestão dessas empresas.
A teoria, conhecida por todos, diz que precisam ter dinheiro em caixa na hora certa para pagar suas contas na hora certa, sem precisar recorrer a empréstimos, que custam caro.
A prática porem apresenta armadilhas sutis que vão corroendo o fluxo normal dos negócios.
Estamos falando daqueles pequenos atrasos dos clientes, ou de um prazo mais elástico que concedem para não perder a venda, ou ainda aquele descontinho a mais que foi preciso conceder, etc., etc.
Do outro lado, os prazos de pagamentos dos compromissos assumidos, por vezes não são condizentes com a realidade acima descrita.
De uma maneira geral todos os compromissos devem ser pagos nos prazos, mas salários, encargos, impostos, contas de energia, de água, etc. etc. não podem atrasar sob pena de altos custos financeiros ou da imagem da empresa.
De repente o empresário se vê sem recursos e sem saída para resolver o problema do fluxo de caixa.
Ai podem aparecer, outros problemas, como aquela entrada no cheque especial do sócio, ou aquele empréstimo do amigo, ou outro recurso qualquer que vai mais atrapalhar do que ajudar.
É preciso, portanto uma solução profissional e consistente para resolver os problemas do fluxo de caixa.
A solução é aparentemente simples, pois em uma planilha qualquer se pode anotar os compromissos assumidos e as entradas previstas nas respectivas datas futuras e prever se haverá necessidade ou não de caixa.
Não se pode esquecer-se dos saldos atuais das contas bancárias, nem dos empréstimos assumidos, nem dos financiamentos, nem da devolução do dinheiro emprestado pelo sócio, através do saque no cheque especial, etc. etc.
Que fazer então para implantar um bom sistema de Fluxo de Caixa?
Existem softwares de prateleira que podem ser adquiridos a baixo custo que satisfazem a sistemática do fluxo, porém, sozinhos não resolvem o problema.
O que fazer então?
Deve-se iniciar pela análise do processo, atrelado às normas e procedimentos se existem e verificar se estão sendo cumpridas.
Enfim, o problema do Fluxo de Caixa pode ser apenas a “ponta do iceberg”, ou seja, atrás dessa situação de uma pequena falta de recursos pode estar uma grande necessidade de melhoria nos processos e nos controles da empresa.
Vez por outra identificamos empresários que dizem não dormir a vários dias, pois só pensava na falta de dinheiro para pagar as contas.
Na análise mais objetiva do problema, verifica-se que o problema dele não era o caixa. As receitas eram boas o suficiente para pagar as despesas e sobrar o lucro, numa linguagem bem popular.
O grande problema dele era operacional, já que a sua equipe não era bem treinada, não era comprometida com a empresa, não era bem selecionada, não era bem supervisionada.
As conseqüências desse cenário são trabalhos atrasados, baixa qualidade dos serviços, retrabalhos, troca constante de colaboradores, etc. etc. etc.
E os compromissos assumidos com matérias primas, impostos, salários, etc. não querem saber disso e vencem quando tem que vencer.
Lógico que o Fluxo de Caixa vai estar ruim, pois sempre vai ter que pagar antes de receber.
Essa reflexão tem o intuito de mostrar que as pequenas e médias empresas deparam com problemas que num primeiro momento podem parecer simplesmente de ordem financeira, mas que, numa analise mais detalhada, podem indicar outros problemas mais complexos e que de verdade são a origem das dificuldades financeiras.
Texto de Ronaldo Carneiro Franco postado no Portal Financial Web em 15 abr. 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua participação é muito importante para as discussões de ideias contábeis e outras mais. Obrigada!