A Contabilidade ainda não definiu
a natureza contábil dos créditos de carbono, mas o mercado está na frente e já
tem opção de fazer seguro das receitas a serem obtidas com a venda dos
créditos!
Seguro de crédito de carbono
chega ao Brasil
Texto de Thais Folego publicado
no Valor Econômico - 28/09/2011
Em parceria com a Munich Re,
maior resseguradora do mundo, a Fator Seguradora está lançando um seguro para
projetos de crédito de carbono e instrumentos de redução de gases de efeito
estufa. A apólice cobre a perda de receita caso o projeto não gere os créditos
de carbono previstos e comercializados.
O Brasil é o terceiro país com o
maior número de projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL),
instrumento criado pelo Protocolo de Kyoto que traz a possibilidade de
utilização de mecanismos de mercado para que os países desenvolvidos possam
cumprir seus compromissos de redução de emissão de gases de efeito estufa.
Nele, países emergentes podem, voluntariamente, desenvolver projetos de redução
de emissão (conhecidos como "crédito de carbono") para posterior
venda dessas reduções para países desenvolvidos.
"São projetos caros que
geralmente precisam de financiamento. Um seguro que garante a receita desse
projeto vai melhorar a aceitação do financiamento", afirma André Gregori,
presidente da Fator Seguradora. Ele lembra que, no ano passado, foi aprovada no
Brasil a lei que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima, que deve
impulsionar a realização desses projetos. Na política, o país assume meta para
reduzir entre 36,1% a 38,9% suas emissões de gases de efeito estufa até 2020,
com ações no âmbito federal, estadual e municipal por entidades públicas e
privadas.
"Além disso, a maioria dos
bancos mundiais exigem projetos de captura de CO2 para conceder financiamento
para obras de infraestrutura", ressalta Gregori.
A apólice indeniza a perda de
receita de projetos de redução de gases numa eventual ineficiência ou dano
físico do projeto, insolvência do fornecedor ou do comprador dos créditos, além
de problemas provenientes de variação climática. Gregori explica, porém, que o
risco de eventos naturais é uma cobertura extra, que pode ser incluída na
apólice. Ele explica que o preço do seguro varia de acordo com o projeto de
redução e com as coberturas contratadas, mas varia, em média, entre 2% a 5% do valor
do projeto.
"Este não é um produto de
prateleira, ele é montado de acordo com a particularidade de cada
operação", explica Tânia Amaral, superintendente de riscos financeiros da
Munich Re. A resseguradora já comercializa o produto em outros países e tinha o
interesse de trazer a cobertura para cá por conta do Brasil ser um dos países
que podem desenvolver instrumentos de redução de gases.
O Brasil possui 499 projetos do
tipo, equivalente a 6% dos 7.742 projetos espalhados pelo mundo, segundo dados
de junho deste ano do Ministério da Ciência e Tecnologia. Isso coloca o país no
terceiro lugar em número de projetos de MDL no mundo. A China é a líder do
ranking, com 3.056 projetos (39%) e, em segundo lugar, a Índia com 2.098
projetos (27%).
O lançamento do produto faz parte
da estratégia de diversificação do portfólio da seguradora, que trabalha
basicamente com seguros ligados a obras de infraestrutura. Há três anos, quando
foi criada, a companhia atuava apenas com seguro garantia. Nesta ano, passou a atuar
com seguro de engenharia, responsabilidade civil, riscos diversos de
equipamentos, eventos e aeronáutico.
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