3 de dez. de 2011

Balanço do 1º ano de Doutorado


Essa semana marca o fim do primeiro ano do Doutorado em Controladoria e Contabilidade na FEA/USP. Preciso confessar que nunca vivi dias tão difíceis em toda a minha vida.
A vida acadêmica foi algo com que sempre me identifiquei, tanto que abri mão de oportunidades que muitos sonham em ter, como por exemplo, a carreira de contadora na Petrobras...
E não há nada melhor, nada nos faz sentir mais livres, do que poder viver o que sonhamos. Eu estou vivendo o que sonhei... Bem, mas o sonho não é nada cor de rosa... Os sonhos realizados trazem tudo que é comum da realidade: dores e alegrias. Assim foi esse primeiro ano de Doutorado.
Quando se conclui um curso de graduação, a maioria dos jovens universitários recém-formados pensa em trabalhar, ganhar dinheiro... Eu pensei em continuar estudando... Não que eu não queira trabalhar e ganhar dinheiro... Eu trabalho muito, embora não ganhe tanto dinheiro... Mas isso não é o mais importante.
Eu fiz a graduação em Ciências Contábeis em uma universidade estadual, numa cidade considerada grande, Feira de Santana – Bahia, com população superior a 550 mil habitantes, o que consumiu cinco anos da minha vida, sem contar os meses de greves. Ao concluir essa fase, ao contrário da maior parte dos meus colegas, não fui trabalhar em escritórios de contabilidade, nem em bancos ou na contabilidade de alguma grande empresa instalada na cidade, o que não é e não seria nenhum demérito. Mas eu quis ir mais longe, fazer diferente... Isso não me garantiria, per se, ser mais feliz... O que me garante ser mais feliz é fazer o que sempre sonhei, independente de onde isso me levaria.
E por isso, acabei parando na Universidade Federal do Rio de Janeiro... Adotei uma nova cidade, que achou lugar fácil em meu coração. No Rio fiz o Mestrado em Ciências Contábeis e fiz uma vida diferente... Foi das minhas experiências no mestrado que surgiu a ideia de criar um blog, um espaço para discutir ideias e aprendizados em Contabilidade.
O que eu ganhei e o que perdi fazendo Mestrado longe dos meus, longe do meu quintal?
Perdi meses de convivência com a família, ganhei conhecimento, um título e a necessidade de continuar estudando... Isso tudo me fez feliz? Entre lágrimas e sorrisos, sim! Sim, porque fiz aquilo que acreditei, que sonhei desde o primeiro dia na graduação.
Como vim parar em São Paulo para fazer Doutorado na USP? Precisei fazer algumas provas, um projeto de tese e passar por uma entrevista em uma banca de doutores (...), pouco preocupados se você ficará triste ou traumatizado se não for aprovado... Eles querem avaliar se o candidato tem perfil e qualificação para cursar o doutorado! Consegui convencê-los de que eu tinha!
Nesse tempo acabei sendo aprovada também em um concurso para professor na mesma instituição onde fiz Mestrado, a FACC/UFRJ! Com isso, ganhei um vínculo com uma grande instituição de ensino do país, alguns alunos muito bons e outros nem tanto! Mas de qualquer forma, aprendo muito com eles! E ainda estou por lá!
O que eu ganhei e o que perdi nesse primeiro ano de Doutorado longe dos meus, longe do meu quintal?
Perdi mais alguns meses de convivência com a família (que cresceu com meu sobrinho Rafael) e amigos, perdi um noivo, perdi algumas reuniões de departamento na FACC/UFRJ, perdi um pouco a paciência, perdi alguns vôos na ponte aérea RJ-SP, perdi algumas corridas, paixão que cresceu no Rio de Janeiro, perdi muitas, muitas, muitas horas de sono... Só não perdi tempo!  Acredito que ganhei um pouco mais de conhecimento e a consciência de preciso continuar estudando, ganhei alguns poucos amigos, alguma familiaridade com a USP e com a loucura que é a cidade de São Paulo, ganhei mais contas para pagar e alguns quilos, que irão embora assim que possível... Isso tudo me fez feliz? Entre lágrimas e sorrisos, sim! Sim, porque fiz aquilo que acreditei, que sonhei desde o primeiro dia na graduação.
Todas as disciplinas que fiz esse ano foram perfeitas? Lógico que não? Todos os professores foram maravilhosos? Mais uma vez, NÃO! Você já sabe tudo de Contabilidade? Definitivamente, NÃO!
Mas está valendo a pena? Acredito firmemente que SIM! Estou pronta para 2012? Depois das férias, espero que SIM!

8 comentários:

  1. Às vezes eu me questiono se esse sofrimento vale a pena. Mas tenho me convencido que vale, ou melhor... valerá! kkk. Parabéns pelo post, Cláudia!

    ResponderExcluir
  2. Claudinha,
    Belíssimo relato. Correr em busca dos nossos sonhos tem um custo, por vezes alto. Mas devemos nos orgulhar dos nossos feitos (você, em particular). Torço muito pelo seu sucesso pela pessoa que você é, pela alegria contagiante, pela companheira em tantas agruras, pelo belo exemplo profissional. Tenho muito orgulho de ver você brilhar. Um beijão de quem de admira muito. E olhe, avise ao Prof. Luis Afonso que voc~e voltará para a Bahia... hehehe. Um beijão.

    ResponderExcluir
  3. Obrigada pelos comentários! José Renato, você faz parte dessa história e tem muita responsabilidade sobre isso.

    ResponderExcluir
  4. Parabéns pelas belíssimas palavras. Seu Balanço está impresso o ficará na cabeceira da minha cama. A parte da qual mais gostei? ..."Isso tudo me fez feliz? Entre lágrimas e sorrisos, sim! Sim, porque fiz aquilo que acreditei, que sonhei desde o primeiro dia na graduação." Isso resume tudo.

    Muito obrigada por dividir seu aprendizado conosco. Muito obrigada mesmo!

    ResponderExcluir
  5. Oi Vania! Eu é que agradeço a atenção. Tudo de bom pra ti.

    ResponderExcluir
  6. Cada sonho que você deixa pra trás é um pedaço do seu futuro que deixa de existir.” Steve Jobs) Por isso não podia deixar.

    ResponderExcluir
  7. Oi, Claudinha! Quanto tempo! Parabéns por ter sobrevivido ao primeiro ano de Doutorado. Plagiando Renato Russo, "sempre em frente, não temos tempo a perder..." Um grande abraço da amiga paraense.

    ResponderExcluir
  8. Obrigada, Polyana! Ando tão ausente do Blog e esse post foi uma prestação de contas da minha ausência.

    ResponderExcluir

Sua participação é muito importante para as discussões de ideias contábeis e outras mais. Obrigada!

“... nunca [...] plenamente maduro, nem nas idéias nem no estilo, mas sempre verde, incompleto, experimental.” (Gilberto Freire)