Opinião
do auditor segue relevante
Fonte: Valor Econômico, por Fernando Torres (29 Nov. 2012)
Pesquisa realizada pela PwC e divulgada com
exclusividade ao Valor no Brasil mostrou que, a despeito de eventuais
questionamentos e dos casos de fraudes que vez por outra aparecem, os
investidores ainda valorizam bastante o trabalho do auditor externo. Entre 104
investidores e analistas ouvidos, 67% discordaram da afirmativa que não faria
diferença saber se um balanço era auditado ou não, dado que o próprio
investidor faria sua própria avaliação dos dados.
O levantamento mostra também que 77% dos
investidores provavelmente não investiriam em empresas com ressalvas no parecer
de auditoria.
O estudo revelou ainda que os analistas de países
emergentes dão mais importância ao relatório de auditoria. Do total, 91% dos
investidores desses mercados disseram que sempre leem o parecer do auditor, ao
passo que o índice global ficou em 46% - provavelmente pela menor incidência de ressalvas.
Em relação ao nível de independência percebido pelo
mercado, há uma divisão dos resultados em relação à auditoria externa e ao
comitê de auditoria, órgão de assessoria dos conselhos de administração para
checagem dos controles internos.
Enquanto 46% dos respondentes disseram que
concordam que existe independência do auditor, apenas 26% fizeram a mesma afirmação
em relação aos comitês. No Japão, que recentemente viveu o escândalo contábil
da empresa de tecnologia Olympus, 83% disseram não acreditar na independência
de comitês de auditoria.
A pesquisa identificou também que pouco mais de 60%
dos investidores gostariam que informações contábeis ajustadas, dados sobre
remuneração de executivos e medidas específicas setoriais fossem auditadas.
Já em relação a temas como estratégia de negócio e
informações sobre responsabilidade social, menos de 30% consideram que seria
necessário auditoria - embora o índice seja maior em países emergentes, que têm
mais indústrias de recursos naturais.
De acordo com Richard Sexton, sócio líder global de
auditoria da PwC, é possível identificar na pesquisa que os investidores estão
pedindo mais informações, mas elas não precisam vir apenas da auditoria
externa.
"Dentro de dois anos deve haver uma mudança no
parecer do auditor, mas isso não deve ser visto como um movimento isolado. As
companhias são as geradoras primárias de informação."
O estudo mostra, por exemplo, que há interesse
entre os investidores de se ter a opinião do auditor sobre itens como
julgamentos contábeis da administração e medidas de resultado setoriais, como
receita média por usuário (Arpu) na telefonia. De acordo com Sexton, muitos
investidores presumem que esses indicadores são auditados pelo fato serem
divulgados junto com os números dos balanços oficiais, quando na verdade não
são.
Já em relação a temas como estratégia e modelo de
negócios, os investidores entendem que devem ser apresentados pela diretoria
das empresas.
Sem negar sua origem inglesa, Sexton defende que
também nos temas de divulgação e de governança corporativa, assim ocorre no
IFRS, o foco principal deve estar na essência, e não na forma. "Estamos
muito preocupados com a estrutura. O princípio por trás de tudo é que o
investidor quer informações confiáveis e relevantes. Se isso for seguido,
podemos ser menos específicos sobre quem reporta o que", diz.
Ele diz, por exemplo, que não há nada mágico no
formato dos comitês de auditoria, exigidos em países da Europa e nos Estados
Unidos, mas que não são obrigatórios no Brasil. "O investidor quer que a
empresa tenha conselheiros independentes focados em boa governança e que possam
falar com acionistas e com os auditores. A forma que isso toma, seja num comitê
oficial ou não, é menos importante."
Para o sócio-líder de auditoria da PwC Brasil,
Jorge Manoel, as próprias empresas estão preocupadas em manter a confiança.
"Quem não é transparente hoje certamente acaba recebendo uma punição
severa do mercado."
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