25 de out. de 2008

X Encontro do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ

Tema Central:
Avanços e desafios da Contabilidade na América Latina

Palestras e painéis:
- Avanços e desafios da Contabilidade de Gestão em ambiente internacionalizado: Experiência de Peru e Venezuela.
- Normas Internacionais de Contabilidade aplicadas ao Setor Público.
- Avanços e desafios da Contabilidade de Gestão em ambiente internacionalizado: Experiência do Brasil.
- Avanços e desafios da Contabilidade de Gestão em ambiente internacionalizado: Experiência de Brasil, Argentina e Colombia.

- Avanços e desafios da Contabilidade em ambiente internacionalizado: Experiência na área de Contabilidade Ambiental nos países da América Latina.

- Experiência e dificuldades na produção científica na área de contabilidade.

- Avanços e desafios na pesquisa em contabilidade.

- Normas Internacionais de Contabilidade.

- Avanços e desafios da Contabilidade de gestão em ambiente internacionalizado: Experiência de Portugal.

- Avanços e desafios da Pós-Graduação em Contabilidade no Brasil: A experiência da ANPCONT.

- Avanços e desafios da Contabilidade em um ambiente internacionalizado: O apoio ao ensino e à pesquisa realizado pelo sistema CFC/CRCs no Brasil.

Programação completa, inscrições e mais informações:
http://www.faf.uerj.br/index_mestrado.html

Norma, para que te quero?

As certificações ajudam as empresas a melhorar seus processos. Entretanto, muitos têm questionado sua eficácia em áreas não nativas. O maior problema, ao que parece, é que normas como a ISO, por exemplo, foram apropriadas da área industrial, gerando uma face extremamente generalista, faltando-lhes especificidade e parâmetros mais versáteis. Em setores em constante evolução como o de telecomunicações, em que se requer sintonia fina com o mercado e com os clientes, bem como atenção especial ao peculiar ciclo de vida dos produtos e serviços, surgiu a premente necessidade de se estabelecer novos paradigmas.
Neste contexto, surgiram normas específicas, como a TL 9000 para a área de telecomunicações, trazendo consigo uma nova Era. Sua criação é, na verdade, uma auto-regulação orquestrada pelas demandas do próprio mercado que exigiu evolução. Por isso, o novo rumo foca, com especial atenção, na gestão do ciclo de vida dos produtos e serviços, que estão expostos a uma imensa variedade de novas demandas, captadas a partir das necessidades e desejos dos clientes, o que requer time-to-market. Ou seja, a rápida incorporação de novos atributos ao portfólio existente ou o desenvolvimento e lançamento de novos produtos que atendam à demanda.A outra face desta realidade é a rápida obsolescência dos produtos, que juntamente com a evolução tecnológica e a concorrência mundializada, acelera o ciclo lançamento, crescimento, maturidade e declínio, impondo também processos de desenvolvimento ágeis e estratégias capazes de rejuvenescer determinadas linhas e/ou criar novos mercados para elas, assegurando competitividade. Diante disso, fica claro que é imprescindível manter controle e integração da vida útil da cada produto. As certificações segmentadas vão transformar o mercado, em muito pouco tempo. Nos próximos anos, devem impor uma espécie de seleção ‘natural’, gerando uma corrida em busca de tais regulamentos. O prenúncio do declínio das normas generalistas, pelo menos em telecom, por um lado, atende à crescente demanda por gestão integrada de desenvolvimento, crescimento, maturidade, manutenção e declínio do portfólio de produtos e serviços e, por outro, ditam regras mais rigorosas. Tanto é assim que, no Brasil, até o momento, somente uma empresa conseguiu atingir todas as exigências e conquistar a TL 9000.Vale lembrar que os sistemas de qualidade atendiam parcialmente a necessidade de gestão em telecomunicações, principalmente por focarem mais em análises sem prover um sistema inteligente de gestão integrada e com controle efetivo. O principal benefício é que este método consegue apoiar estrategicamente o marketing, inclusive no posicionamento e re-posicionamento do portfólio, que devido à concorrência e ao cenário mundializado, como já vimos, precisa estar sempre atualizado com uma série grande e crescente de atributos, de acordo com as necessidades, demandas e desejos captados no target. E novos targets.Outro diferencial é que a nova fase comprova que às empresas não basta obter o certificado. Neste sentido, os novos paradigmas precisaram incorporar formatos mais dinâmicos como o estabelecimento de métricas comparativas, que demonstram de forma objetiva os resultados da companhia que, depois, são comparados com outras empresas, mundialmente, garantindo parâmetros elevadíssimos e práticas de excelência em todos processos. E para gerenciar toda a vida útil das linhas de produtos, o novo paradigma ainda oferece um conjunto abrangente de boas práticas, diagnósticos de processos, disciplinas e ferramentas organizacionais, tecnologias de ativação e um conjunto de processos integrados. E com diferenciais extraordinários como o aproveitamento do conhecimento corporativo existente; agilização do desenvolvimento, especialmente com a redução drástica de re-trabalho, o que implica em fazer bem da primeira vez, o que é possível com estudos prévios, integração, compartilhamento e informação disponível. Além disso, por ser específica, a TL 9000 garante maior adequação, azeita os processos e amplia a eficiência corporativa que adquire condições plenas para atender necessidades, rapidamente. De fato, as empresas que contam com normas específicas regendo seus processos incorporam diferenciais que não se podia pensar. Além do gerenciamento qualificado do ciclo de vida, a grande vantagem é, sem dúvida, o aumento da qualidade de produtos, serviços e do atendimento.Estes processos azeitam a engrenagem, na medida que aliam expertise e inteligência corporativa, ativam tecnologias atraentes e inovadoras e, ao mesmo tempo, provêem rentabilidade nos negócios.

Por: Ednilson Guimarães Hummig - Gerente de marketing da Dígitro Tecnologia, de Florianópolis, SC
Fonte: http://www.revistarazaocontabil.com.br/

As lacunas fiscais abertas pela Lei nº 11.638/07

Em 28/12/2007, foi sancionada a Lei nº 11.638, que trouxe importantes alterações à Lei das SA (Lei nº 6.404/76), visando adequar a elaboração dos balanços das cias abertas às normas internacionais de contabilidade (International Financial Reporting Standard – IFRS). Em princípio, a mudança permitirá que investidores internacionais analisem mais facilmente os balanços de empresas brasileiras, como também facilitará o conhecimento dos balanços de empresas estrangeiras por investidores brasileiros.
Na busca dessa padronização, diversas medidas foram impostas pela Lei nº 11.638. As mais relevantes são aquelas que dão poderes à CVM para editar atos normativos observando os preceitos do IFRS; a substituição da sistemática do custo histórico de aquisição pelo conceito de ajuste a valor de mercado em relação a determinadas contas do ativo, até mesmo a fim de aumentar seus valores nominais; a introdução do princípio do ajuste a valor presente das contas do passivo de longo prazo ou circulante, nesse último caso, na hipótese de materialidade; a mudança dos critérios de depreciação e amortização, agora em função da estimativa de vida econômica do bem ou do direito, sujeito obrigatoriamente à revisões periódicas; o término da sistemática de reavaliação de ativos; e as mudanças na formação do dividendo obrigatório.
Prevendo que as normas fiscais poderiam sofrer o impacto da nova sistemática contábil, o legislador idealizou dois mecanismos para contornar essa problemática. O primeiro determina que a observância de normas fiscais não deve ser efetuada na escrituração mercantil, mas em livros auxiliares. Esse comando já existia na Lei nº 6.404, mas não se mostrou suficiente ao longo do tempo, pois a CVM freqüentemente foi instada a regular a contabilização de figuras fiscais na escrituração mercantil, a exemplo dos juros sobre capital próprio, despesas com leasing, reavaliações, amortizações de ágio etc. O segundo mecanismo, efetivamente um novo procedimento, determina que, caso os ajustes fiscais necessitem ser registrados na escrituração mercantil, deverão ser imediatamente estornados, sendo certo que as demonstrações ajustadas não poderão ser base de incidência de tributos.
Cabe alertar que uma situação é a preservação do sistema contábil idealizado pelo legislador comercial. Outra coisa, bem diferente, é o tratamento fiscal a ser dado às alterações introduzidas. Nesse sentido, se por um lado podemos facilmente identificar os cuidados do legislador em isolar o sistema contábil, parece-nos igualmente fácil asseverar que o intérprete fiscal não teve a mesma sorte.
Em algumas hipóteses, o intérprete fiscal até encontra um caminho iluminado a ser percorrido, como no caso dos ajustes a valor de mercado ou valor presente, cujas contrapartidas o legislador previu não transitar por contas de resultado, mas em contas patrimoniais. Tal previsão, diante do pressuposto que o cálculo do imposto de renda parte do lucro do exercício, permite-nos asseverar que esses ajustes não terão efeito fiscal. Outras situações, no entanto, requerem um esforço de interpretação maior dentro do sistema fiscal e do ordenamento legal.
Em suma, as novas alterações trazem potenciais conseqüências fiscais, as quais certamente deverão ser reguladas por meio de novos atos normativos. Em qualquer hipótese, no entanto, a correta compreensão da extensão dessas conseqüências somente se dará por intermédio da atividade de interpretação, que de certo se apresenta como o melhor método para eliminar as lacunas abertas pela Lei nº 11.638.
* Celso Costa é sócio do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice.

Fonte: http://www.revistarazaocontabil.com.br/

O arrendamento mercantil e a Lei das S/A

Criou-se certa polêmica em torno das operações de leasing com a publicação da Lei das S.A. Desde sua apresentação, ainda como Projeto de Lei, em 2000, os agentes do setor de leasing acompanharam as propostas de alterações da lei. A finalidade maior foi a de possibilitar a eliminação de barreiras regulatórias que impediam a inserção total das companhias abertas no processo de convergência contábil internacional, aumentando o grau de transparência das demonstrações financeiras em geral, inclusive, às chamadas sociedades de grande porte não-constituídas sob a forma de sociedade por ações.
Sempre apoiamos as iniciativas para o aprimoramento das regras e normas contábeis e, em especial, aquelas que envolvam o arrendamento mercantil no Brasil. Não foi diferente nesse caso. Durante toda a tramitação da matéria no Congresso Nacional, a Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel) participou das discussões que culminaram em Audiência Pública na Câmara dos Deputados.
Na defesa dos interesses legítimos dos agentes do arrendamento mercantil, a Abel sempre marcou posição pelo fiel cumprimento das disposições contidas na Lei de nº 6.099, que “dispõe sobre o tratamento tributário das operações de arrendamento mercantil e dá outras providências”, determinando que os bens objeto dessa modalidade devam ser contabilizados no ativo imobilizado das sociedades arrendadoras. É importante frisar que a Lei nº 6.099 tem força de Lei Especial e foi recepcionada pela Constituição de 1988.
Por definição da mesma norma legal, serão consideradas como custo ou despesa operacional da pessoa jurídica arrendatária as contraprestações pagas ou creditadas por força do contrato de arrendamento mercantil.
Pela delegação emanada da Lei 6.099, compete ao Conselho Monetário Nacional expedir normas que visem estabelecer mecanismos reguladores das atividades previstas. Hoje, todo esse arcabouço está definido nos termos da Resolução nº 2.309 que “disciplina e consolida as normas relativas às operações de arrendamento mercantil”.
Durante a tramitação do projeto que resultou na alteração da Lei das S/A., uma emenda ao Projeto de Lei incluiu no artigo 179 a necessidade de se registrar no ativo imobilizado da arrendatária os bens decorrentes de operações de arrendamento mercantil financeiro. Certamente, a aprovação do texto proposto conflitaria com a lei vigente, sendo que o bom senso do legislador valeu para a preservação das condições já legalmente estabelecidas.
Quando da apreciação do artigo 179, que propunha a contabilização no ativo imobilizado da arrendatária dos bens decorrentes de operações de arrendamento mercantil financeiro, o parecer do relator, o deputado federal Armando Monteiro, foi o de que “optamos por eliminar a referência ao reconhecimento dos bens decorrentes de operações de arrendamento mercantil financeiro na contabilização como ativo da companhia arrendatária”.
Diante do disposto na Lei 6.099, onde os bens são contabilizados como ativo imobilizado das sociedades arrendadoras, bem como da expressa vontade do legislador em eliminar qualquer disposição em contrário, não pode ser emprestado outro entendimento. Essas colocações refutam a tese de que após a publicação da alteração Lei das S.A., o arrendamento mercantil financeiro estaria inserido no ativo imobilizado da arrendatária, como direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia.
A transferência de titularidade da propriedade do bem arrendado somente poderá ocorrer em favor da arrendatária, ao final do contrato de arrendamento mercantil, tendo essa exercido a opção de compra. Caso contrário, o bem permanecerá na propriedade da sociedade arrendadora, a quem retornará inclusive a posse, razão pela qual, não se justifica a contabilização na arrendatária.
Finalmente, é preciso ter na propriedade arrendada a mesma segurança que se tem nas economias mais avançadas, assegurando o direito de retomada dos bens em que haja quebra contratual. A isonomia do arrendamento mercantil tem de ser preservada, para não transmutá-lo, tirando dele o importante papel que tem na modernização e na competitividade nos mais diversos setores da economia nacional.
Osmar Roncolato Pinho, superintendente-executivo de Empréstimos e Financiamentos do Bradesco, vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel) e vice-presidente da Federação Latino Americana de Leasing (Felalease), é bacharel em Direito, com especialização em advocacia empresarial.

Fonte: http://www.revistarazaocontabil.com.br

Bolsa de valores: sua empresa está pronta para isso?

MOMENTO DE DECIDIR
* Por Luiz Marcatti
Nos últimos três anos os mercados emergentes passaram por uma verdadeira febre nos processos de abertura de capitais nas suas Bolsas de Valores e o Brasil não ficou fugiu à tendência. Os IPO’s (do inglês, oferta pública inicial de ações) povoaram as mentes, os sonhos e as decisões de muitos empresários. Este movimento afetou diretamente a vida de muitas das grandes empresas, e até mesmo de muitas das médias, que almejavam alcançar outro patamar.Passada a euforia, o que vemos neste momento é que os resultados, muito positivos à época dos lançamentos das ações, passaram a declinar e, muitos deles tornaram-se até negativos, traduzindo-se em perda de valor da companhia. A crise internacional que afeta a liquidez dos mercados é um importante acelerador desta desvalorização, mas antes do seu agravamento, os sinais dessa perda de valor já eram perceptíveis. Em uma análise mais cuidadosa, buscando isolar este fator externo para nos focarmos nas questões internas das empresas e de seus mercados, o que temos é um quadro bastante complexo.
Durante o período de abundância da liquidez mundial, aumentou o apetite ao risco por parte dos investidores e somou-se a isso uma considerável melhora na análise do Brasil nas agências de risco. Para atender a este crescente fluxo de recursos, aconteceu o inevitável: um movimento agressivo por parte dos bancos de investimento, no sentido de estimular e preparar as empresas para que essas não deixassem passar as tais “janelas de oportunidades”.
Em diversas companhias, dentre as que se candidataram e abriram seu capital, encontramos um importante grupo que, até este momento, funcionava em um modelo de governança corporativa muito típico, com o poder concentrado em um único ou poucos acionistas, com regras muito pessoais para tomar e implementar suas decisões. Para estarem aptas a se enquadrar no Novo Mercado da Bovespa, muitas delas tiveram que apressar o redesenho de sua estrutura de governança, dentro do que o mercado avalia como boas práticas. Foram então criadas as regras e os órgãos necessários. Mas sua implantação, mais acelerada do que essas companhias e seus donos estavam acostumados, não transcorreu exatamente como o esperado. Surgiram então dificuldades em se fazer valer, na prática, que o que está escrito e combinado seja refletido nas atitudes de comando.
Implantar Boas Práticas de Governança Corporativa requer um bom tempo para entendimento, discussão, construção dos seus modelos e regras, além do necessário aprendizado sobre como os acionistas, suas companhias e as demais pessoas a elas ligadas são impactadas nessa nova fase. Quem sempre tomou decisões sozinho, ou com poucos, precisa de um tempo de conscientização e de adaptação ao novo modelo. Tempo este que conflita com as oportunidades do mercado e com os anseios dos investidores. No âmbito da gestão dessas empresas, encontramos outros fatores decisivos para assegurar o desempenho esperado pelo mercado. Da mesma forma como ocorre nos modelos de governança dessas companhias, a definição de objetivos e diretrizes estratégicas também fica concentrada na cabeça de poucos. O empreendedor tem uma visão para onde a companhia vai, mas não necessariamente a compartilha com outras pessoas.
Como essas empresas nasceram, cresceram e tornaram-se rentáveis, não vamos ficar questionando se agir desta forma é certo ou errado; mas sob a ótica de investidores profissionais, apoiados em análises científicas, fica difícil fazê-los acreditar apenas no empreendedorismo desses empresários.
Entram então em cena os profissionais que apóiam as empresas na construção de seus business plan que, além de tecnicamente bem montados, mostram projeções agressivas para o crescimento das operações e de suas performances, para torná-las atraentes. Mas muitos destes planos estão se mostrando de difícil implantação e seus resultados têm sido muito aquém do prometido.
Diversos planos dependiam de grandes investimentos para acontecer. Mais uma vez temos a presença dos bancos de investimentos, que já estavam atuando como coordenadores dos projetos de IPO, passam também a fazer o papel de financiadores destes start-ups de projetos, alavancando os ativos da companhia.
Várias destas operações de financiamento embutiam, além dos juros, um prêmio aos bancos pelo sucesso na abertura de capital -- que poderiam ser em dinheiro, ou mesmo em um percentual de ações da companhia. Na ponta do lápis, esse prêmio representou um financiamento caro para qualquer caixa. Ou seja, uma maneira de acelerar o processo de crescimento da empresa, a fim de torná-la mais atraente aos potenciais investidores. Dado este passo, a companhia passa a ser uma vitrine aberta ao acompanhamento de analistas. Antes disso, os donos decidiam seus investimentos, assumiam seus riscos, assimilavam suas perdas ou comemoravam seus ganhos. Agora, tornaram-se vulneráveis às expectativas de ganhos, oscilações de humores e apetites ao risco do mercado.
Esta situação pode agravar-se mais ainda em alguns mercados que, por estarem em forte expansão dos seus negócios, levaram diversas empresas a abrir seu capital para aproveitar a onda. Quando essas empresas partem para a abertura de capital, seus planos de negócio e metas acirram a competitividade no setor, levando-as a assumir muito mais riscos. A companhia torna-se mais agressiva em preços e crédito para alavancar seus resultados. Torna-se prática comum entre essas companhias partir para a aquisição de concorrentes menores, quase sempre supervalorizando esses ativos.
Neste momento, o mercado mostra-se mais impaciente e começa a indicar que deverá haver um processo de consolidação. Em resumo, as companhias passam a valer cada vez menos. Especula-se então sobre quem será o consolidador, quem terá fôlego para comprar ou fundir-se àquelas que não sustentam seus business plan. Vários acionistas controladores estão preferindo recomprar suas ações, tentando impedir que a desvalorização de seu patrimônio continue, ou como uma forma de sinalizar ao mercado que continuam acreditando em seu potencial de negócios.
Um mercado de capitais forte é importante fator de crescimento do ambiente empresarial e da economia de um país. Mas é preciso que a empresa e o empresário estejam bem preparados para entrar neste jogo. Então, fazer a lição de casa como se deve, avaliar bem o momento de entrar neste mercado e ter a frieza para decidir entrar ou não, em meio a tantas pressões para isso, poderá ser decisivo para a perenidade de sua empresa. O autor norte americano Don Tapscot em seu livro “A Empresa Transparente” cita a seguinte premissa: “Se é para ficar nu, é melhor que esteja em forma”.
(*) Luiz Marcatti é sócio e diretor da Mesa Corporate Governance (www.corporategovernance.com.br)

Fonte: http://www.revistarazaocontabil.com.br

Companhias abertas e instrumentos derivativos

CVM edita Deliberação para exigir informações mais abrangentes e detalhadas sobre os instrumentos derivativos detidos pelas companhias abertas

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou a Deliberação n.°550 (17/10/08), com o objetivo de exigir, nos ITRs do terceiro trimestre do corrente ano, informações mais abrangentes e detalhadas sobre os instrumentos financeiros derivativos detidos pelas companhias abertas. A Deliberação complementa a Instrução n.º 235/95, que regulamenta a apresentação de informações sobre instrumentos financeiros em nota explicativa às demonstrações financeiras, fixando, no entanto, o conteúdo mínimo necessário ao atendimento dos conceitos enunciados naquela regra.
A Deliberação somente será aplicável ao ITR do trimestre encerrado em 30 de setembro deste ano, sendo que as companhias que já tiverem entregado o mencionado ITR deverão reapresentá-lo com as adaptações exigidas pela Deliberação n.º 550 até o dia 14 de novembro. Também aquelas que entregarem o ITR até o dia 24 de outubro poderão reapresentá-lo, contendo a nota da forma como agora exigida, até 14 de novembro.
A CVM considera que, no geral, o conteúdo informativo das notas explicativas sobre instrumentos financeiros derivativos que vêm sendo produzidas pelas companhias poderia ser aperfeiçoado e promoverá, no processo de adequação das demonstrações aos padrões internacionais de contabilidade, a melhoria desse conteúdo. Adicionalmente, em vista do atual cenário de volatilidade nos mercados nacional e internacional, considerou conveniente a adoção dessa medida já para o ITR do 3º trimestre de 2008.
A Deliberação editada inspira-se nos pronunciamentos do IASB que tratam da contabilização e da divulgação de informações sobre instrumentos financeiros, antecipando em parte o teor daqueles normativos. A CVM e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC irão, em breve e conforme calendário divulgado pelas entidades no início deste ano, colocar para audiência pública o pronunciamento contábil que trata do reconhecimento, mensuração e evidenciação de instrumentos financeiros, que será editado no âmbito da regulamentação da Lei 11.638/07.
A norma incorpora, ainda, partes das recomendações das áreas técnicas da CVM – de Relações com Empresas e de Normas Contábeis - feitas por meio do Ofício Circular/CVM/SNC/SEP nº 01, de 14 de fevereiro de 2007.
Com esta medida, pretende-se garantir a disponibilização de informações mais objetivas e completas acerca da eventual exposição das companhias abertas, em 30 de setembro, em razão das posições em instrumentos financeiros derivativos detidos, bem como de impactos decorrentes dessa exposição no período do terceiro trimestre.
A Deliberação contém também, em seu artigo 4º, recomendação para que as companhias divulguem análises de sensibilidade de suas posições em instrumentos derivativos em relação a três cenários que são especificados, fornecendo assim aos seus acionistas e ao mercado referenciais concretos para a avaliação do risco trazido pelas posições assumidas pela companhia.
Fonte: www.cvm.gov.br

19 de out. de 2008

O Ensino da Contabilidade no Brasil

O Ensino da Contabilidade no Brasil
Por: Prof. Dr. José Carlos Marion
I - Um Breve Histórico
A primeira escola de Contabilidade no Brasil, na forma de escola de comércio, foi a Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado que surgiu em 1902 como “Escola Prática de Comércio”.
Em janeiro de 1905 o Decreto Federal 1339 reconheceu, em caráter oficial, os diplomas expedidos pela “Escola Prática de Comércio” e providenciou sobre a organização dos cursos, dividindo-os em dois: um geral e outro superior. Como muitas disciplinas do curso superior costumavam ser tratadas normalmente nos programas da Escola, iniciou-se, naquela mesma Fundação, em 1908, o curso “Superior de Ciências Comerciais”.
Os cursos de Contabilidade propriamente dito, foram criados em 1931, através do Decreto 20.158, que instituíu o curso Técnico de Contabilidade com duração de dois anos para formar Guarda-Livros e de três anos para formar Peritos Contadores. Este mesmo decreto criou o Curso Superior de Administração e Finanças da Faculdade de Ciências Econômicas. Em 1943 os cursos Técnicos acima referidos foram transformados na categoria de cursos médios, garantindo aos formados o título de Técnico de Contabilidade.
Somente em 1945 foi instiuído o curso de Ciências Contábeis e Atuariais através da Lei 7.988. Apesar do pioneirismo da Fundação Álvares Penteado, só 1949 iniciou a primeira turma de Ciências Contábeis e Atuariais..
Em 1946 surgiram o Conselho Federal de Contabilidade e a Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (primeiro núcleo de pesquisa no Brasil que envolveria a Contabilidade) que irão contribuir de maneira extraordinária para a qualidade do ensino superior da Contabilidade.
Em 1951 a Lei 1.401 desmembrou os cursos de Ciências Contábeis e Atuariais, criando de maneira independente o curso de Ciências Contábeis, possibilitando aos concluintes receberem o título de Bacharel em Contabilidade.
Em termos de currículo dos cursos de Ciências Contábeis, além da lei já referida de 1945 tivemos o Parecer 397/62 (que divide os curso de Ciências Contábeis em ciclo de formação básica e ciclo de formação profissional) e Resolução 03/92 do extinto Conselho Federal de Educação, que fixa os conteúdos mínimos e duração dos cursos de graduação.

II - Evolução Curricular
A “Escola Prática de Comércio”, pioneira no ensino de comércio no Brasil, apresentava no seu curso de três anos, matérias de Contabilidade, Economia e Administração. Em termos gerais, era assim formado o currículo:
No primeiro ano, ministrava-se Língua Portuguesa, Francês, Inglês (ou Alemão), Aritmética, Álgebra, Geometria e Contabilidade, onde o aluno se iniciava em noções gerais de escrituração mercantil.
No segundo ano o aluno continuava a evoluir nos diversos idiomas iniciado, em Contabilidade entrando em comércio, finanças, estenografia e desenho, além de entrar no ramo de Tecnologia que envolvia o “estudo geral de mercadorias”, sua proviniência, seu valor e o processo através dos quais se pode avalair a sua falsificação ou alteração.
No terceiro ano o aluno tinha Geografia Econômica e Comercial (produtos internacionais e brasileiros, café, história da comércio e tratados de comércio), Regras Gerais do Direito, Legislação Comercial ( incluindo legislação industrial, marítima, com especialidade aduaneira e falência), Economia Política e Finanças que abrangia desde Estatística até Análise do Sistema Monetário, Operações de Câmbio e Bolsas de Valores.
Com respeito à Faculdade de Ciências Econômicas e seu curso Superior de Administração e Finanças, distribuia assim as suas disciplinas:
No primeiro ano ministrava-se Contabilidade de Transportes, Matemática Financeira, Geografia Econômica, Direito Constitucional Civil e Economia Política.
No segundo ano a Contabilidade continuava com Contabilidade Pública, além de Finanças e Economia Bancária, Direito Internacional Comercial, Ciências da Administração, Legislação Consular, Psicologia, Lógica e Ética.
Por fim, no terceiro ano, sem disciplina de Contabilidade, prevalecia, Direito Administrativo, Direito Industrial e Operário, Direito Internacional e Diplomacia, Política Comercial, Sociologia e História Econômica.
Com a criação do curso de Ciências Contábeis e Atuarias em 1945, têm-se as definições do prazo de quatro anos para o curso e o seu currículo, como segue:
Primeiro ano: Análise Matemática, Estatística Geral e Aplicada, Contabilidade Geral, Ciência da Administração e Economia.
Segundo ano: Matemática Financeira, Ciência das Finanças, Organização e Contabilidade Industrial, Contabilidade Agrícola e Instituições do Direito.
Terceiro ano: Matemática Atuarial, Organização e Contabilidade Bancária, Finanças das Empresas, Técnica Comercial e Instituições de Direito Civil e Comercial.
Quarto ano: Organização e Contabilidade de Seguro, Contabilidade Pública, Revisões e Perícia Contábil, Instituições de Direito Social, Legislação Tributária e Fiscal.
A próxima reforma a nível curricular significativa, a penúltima, seria em 1962, com currículo mínimo, dividindo-se o curso de Ciências Contábeis em ciclo de formação básica (Matemática, Estatística, Direito e Economia) e ciclo de formação profissional (Contabilidade Geral, Contabilidade Comercial, Contabilidade de Custos, Auditoria e Análise de Balanços, Técnica Comercial, Administração e Direito Tributário).
Por fim, trinta anos mais tarde, uma nova resolução fixa os conteúdos mínimos e a duração dos cursos de graduação em Ciências Contábeis. Esta resolução de 1992 fixa também normas para todas as instituições de ensino superior elaborarem os currículos para os cursos de Contabilidade, definindo o perfil do profissional que deseja formar.

III - Currículo Pleno a partir de 1992
Pode-se dizer que a Resolução 03/92 trouxe grande contribuição e aprimoramento para o ensino da Contabilidade no Brasil. Apesar de algumas falhas serem indicadas, o saldo, ao nosso ver, é altamente positivo.
Algumas novidades apresentadas pela referida resolução merecem ser destacadas, tais como: - os currículos plenos serão elaborados para estimular o conhecimento teórico e prático, permitindo o competente exercício da profissão com vistas: a atribuições específicas que serão conferidas; - a a validade do diploma em âmbito nacional; - a assegurar condições para o exercício com competência e com ética perante a sociedade;
- cada intituição de ensino deverá definir o perfil do profissional a ser por ela formada em função das atribuições que serão conferidas e as peculiaridades e necessidades de cada região e dos interesses da clientela discente;
- o currículo pleno será elaborado por disciplinas e outras atividades acadêmicas de forma a tingir o perfil por ela traçado;
- as disciplinas serão distribuídas em categorias de conhecimento e obedecerão aos limites e percentuais de cada categoria de acordo com a legislação em vigor.
As categorias de conhecimentos são divididas em três:
Categoria I - Conhecimentos de formação geral de natureza humanística e social, abrangendo disciplinas obrigatórias (Lingua Portuguesa, Noções de Direito, Noções de Ciências Sociais e e Ética Geral e Profissional) e outras, obrigatórias e eletivas, a critério da instituição (tais como Noções de Psicologia, Filosofia da Ciência, Cultura Brasileira etc).
Categoria II - Conhecimento de formação profisional, compreendendo conhecimentos obrigatórios de formação profissional básica (Administração Geral, Economia e Direito Aplicado), conhecimentos obrigatórios de formação específica (Contabilidade Geral, Teorias da Contabilidade, Análise das Demonstrações Contábeis, Auditoria, Perícia Contábil, Administração Financeira e Orçamento Empresarial, Contabilidade Pública, Contabilidade de Custos e Análise de Custos) e conhecimentos eletivos, a critério da instituição (Contabilidade Gerencial, Sistemas Contábeis, Contabilidade Aplicada etc). Em termos de Contabilidade Aplicada é sugerida por aquela resolução disciplinas abrangendo atividades agrícolas e pecuárias, de seguro, extrativas, sociedades cooperativas, sociedades de previdência privada, instituição de previdência privada, atividade imobiliária, entidades sindicais, sociedades em cotas de participação etc.
Categoria III - Conhecimentos ou atividades de formação complementar, compreendendo conhecimentos obrigatórios de formação instrumental (como Computação) e atividades obrigatórias de natureza prática, a critério de cada instituição ( como Jogos de Empresas, Laboratório Contábil, Estudos de Caso, Trabalho de Fim de Curso, Estágio Supervisionado e outros).
A resolução em análise estabelece também que o curso de Contabilidade a nível de graduação terá a duração mínima de 2.700 horas-aula, que serão integralizadas em um máximo de sete anos e um mínimo de quatro anos no curso diurno ou cinco anos no curso noturno.
Uma das críticas que se pode fazer é a extensão para cinco anos no curso noturno, sendo que o curso Técnico de Contabilidade, ainda não extinto, habilita ao concluinte ao exercício da profissão contábil com apenas três anos de curso médio, sendo que, dificilmente, se faz mais que um ano de disciplinas contábeis, já que o curso tem a finalidade maior de ser colegial.
IV - Currículo de Ciências Contábeis no MERCOSUL
Nos anos 90, alguns países sul-americanos, induzidos com o que acontecia em outros continentes, decidiram se reunir em blocos. Estes países, compostos pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, formam o Mercosul.
Um processo de integração econômica pressupõe a busca por uma normatização comum, ou ainda melhor, por uma harmonização. Em diversas áreas isto já vem acontecendo nos países do Mercosul, menos na área de educação, principalmente nos cursos de Ciências Contábeis, sendo que a Contabilidade é a linguagem moderna dos negócios.
Existem muitas diferenças culturais, étnicas, linguísticas, profissionais, legais etc., no sentido de querer harmonizar um currículo ou a profissão nos países do Mercosul.

O Vendedor de Sonhos

O Vendedor de Sonhos (José Carlos Marion)

No primeiro semestre de 1.999 ministrei algumas palestras para os alunos do curso de Ciências Contábeis da UCAM em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro.
Boa parte dos temas ministrados foi sobre perspectivas da profissão contábil, proferidas com bastante entusiasmo de minha parte.
Ao final deste ciclo de palestras fiquei sabendo que uma parte dos alunos desta conceituada instituição me denominaram de “O Vendedor de Sonhos”.
Não fiquei surpreso ou sequer ofendido com esta alcunha. Na verdade, senti-me até lisonjeado e recompensado em minha cruzada na valorização ou na adequação à realidade da profissão contábil.
Somente nos primeiros quatro meses do referido ano, entre as inúmeras citações pela mídia destacando a profissão contábil, lembro algumas que evidenciam a relevância desta profissão na virada do milênio:
· Em 19/01/99, no suplemento de FRANQUIAS do Jornal “O Estado de São Paulo”, página 7, Charles B. Holland afirma: “ Só existe uma solução viável para melhorar em curto tempo a postura ética nos negócios: convocar os 300 mil contadores e técnicos em Contabilidade do Brasil . . . O que os contadores podem fazer para ajudar o Brasil? Muito, porque estamos vivendo um momento histórico. O progresso do país depende dos contadores.”
· Em 27/01/99, na reportagem de capa da Revista Veja – Ano 32, nº 4 – abordando a globalização, há referência a David Morrison, diretor do Fórum Econômico Mundial realizado em Davis, na Suiça, que propõe as saídas para evitar crises dizendo (página 51): “As empresas seriam auditadas por padrões internacionais de Contabilidade. Os governos aceitariam abrir suas contas e se comprometeriam a não esconder seus déficits.”
· Ainda em Janeiro/99 o Boletim do IBRACON prepara o Nº 248 para falar especificamente do "Assurance Services: Novas Oportunidades para a Profissão". Os articulistas, liderados por Ernesto Rubens Gelbke, começam dizendo que "para nutrir e estimular essa visão, informamos que estudos já desenvolvidos estimam que a exploração ampla dos ‘assurance services’ permitiria a uma empresa de auditoria duplicar ou até triplicar seu volume atual de faturamento”.
· Em 07/02/99, no Caderno de Empregos, o jornal “O Estado de São Paulo” aborda nas páginas 01 e 12 as novas funções do contador no mercado. Só para exemplificar uma das especializações da Contabilidade, o cargo de Controller, a média salarial no mercado chega a R$ 9.529,00 conforme pesquisa citada por aquele jornal.
· Em 24/02/99, na sessão Em Primeiro Lugar, a Revista Exame, no artigo “Tenha Medo de se Sentir Seguro”, mostra que uma das maiores empresas aéreas do mundo, a Lufthansa, quase quebrou por uma decisão errada em relação ao fluxo de caixa. Evidencia como a Contabilidade pode salvar a empresa. Sem ela, por mais forte que a empresa seja, pode desaparecer da noite para o dia.
· Ainda em 24/02/99, nesta mesma edição da Revista Exame, é destacado, na página 105, a importância da Contabilidade para a Cabimaster, patrocianada pela General Motors. Mostra ainda o que é uma gestão esperta, destacando uma empresa com um excelente desempenho por construir um banco de dados para tomada de decisões.
· Em 26/02/99, no Caderno Empresas & Carreiras, o artigo “Globalização Exige Novo Perfil de Contador”, a Gazeta Mercantil mostra que a remuneração do Contador Global varia entre $ 200 a 300 mil dólares por ano. Mostra que a Organização Mundial do Comércio abrigará negociações sobre a liberalização de serviços profissionais contábeis a partir do próximo ano.
· Ainda em 26/02/99, a Gazeta Mercantil disponibiliza várias páginas com o título “Em Busca da Melhor Informação” comentando sobre um projeto pronto que está indo para o congresso com o objetivo de mudar a parte contábil da Lei das Sociedades Anônimas. Este projeto obriga empresas de grande porte, mesmo fechadas, a publicar seus balanços, incluindo praticamente todas as multinacionais, mesmo grandes grupos nacionais avessos a dar informações. Este artigo mostra como será ampliado o campo profissional do contador.
· Em 03/03/99, a Revista Veja fala do Empate Técnico entre os Bancos Bradesco e Itaú. Na página 101 Olavo Setúbal explica: “Nosso sucesso está alicerçado numa base de tecnologia, Contabilidade e análise de negócios por modelos matemáticos”. Assim, o Banco Itaú S.A. entende que a Contabilidade é um dos pilares do seu sucesso.
· Em 22/03/99, o The Wall Street Jornal América, em artigo reproduzido no jornal O Estado de São Paulo, fala sobre o slogan da primeira campanha da Price Waterhouse Coopers, uma das maiores firmas de consultoria e auditoria do mundo: “Juntos, poderemos mudar o mundo”. Além de conquistar clientes esta empresa quer atrair novos talentos para as 52 mil vagas que devem ser preenchidas em seus escritórios no mundo todo até o final do ano.
· Em abril/99, na Revista Você S.A., há destaque das melhores profissões nos Estados Unidos. Das dez melhores, cinco se referem a Informática, entre as sete primeiras. As duas que não são de informática são da área contábil: atuário (segundo lugar) e contador. O artigo é anunciado por aquela revista com a seguinte chamada: “Quais as melhores profissões? Astronauta? Banqueiro? Não. A resposta é: contador, atuário e matemática. Atenção: isso não é gozação”.
· Em Abril/99 Achiles Yamaguchi escreve o artigo "Arbitragem torna-se um novo desafio para os contadores" na Revista FENACON - Edição 40. Ele destaca o novo campo de trabalho dizendo que o contador deve estar preparado mediante especialização, para ocupar espaço a ele destinado e atuar nesta nova forma alternativa de solução de controvérsias e litígios.

Ainda neste semestre tive a oportunidade de lançar pela Atlas, em co-autoria com Sérgio de Iudícibus, o livro Introdução à Teoria da Contabilidade, onde, no capítulo dois, é apresentado um quadro sendo destacado vinte e três especializações ou alternativas de trabalho diferentes para o contador. Este assunto foi publicado na revista CRCPR nº 123/99.
Tenho constatado que o nível de desemprego do profissional contábil de bom nível é praticamente zero.
A nova proposta de Lei das Sociedades Anônimas, já correndo no Congresso, obriga a auditoria independente às sociedades de grande porte, mesmo quando não constituídas sob a forma de sociedades por ações. Isto significa uma significativa ampliação do mercado de trabalho do auditor independente.
Por isso, e muito mais, você pode sonhar alto, caro estudante e profissionais que estão investindo na Contabilidade. Pode aumentar sua auto-estima, pois você escolheu uma das melhores (quem sabe a melhor) profissão da virada do milênio.
As chamadas profissões nobres já não oferecem perspectivas financeiras como às denominadas Ciências Gerenciais (incluindo Contabilidade e Administração).
No seu artigo Profissões Menores a Revista Você S.A. em abril/99 diz que no Brasil há hoje cerca de 400.000 advogados na ativa. A cada ano, outros 43.000 recém-formados juntam-se a eles. São mais de 230.000 médicos. As universidades despejam no mercado 10.000 novos médicos anualmente. “Não há emprego, obviamente para toda essa gente e quando há, a remuneração em geral é muito baixa. Se sobra desse lado, falta de um outro”, diz o artigo referido.
O Brasil tem excesso de dentistas, segundo as estatísticas. Em algumas áreas de engenharia o desemprego é galopante. Onde está a glória das profissões denominadas nobres?
Por outro lado, temos em torno de 110.000 contadores credenciados no Brasil para um universo de quase 5 milhões de empresas, para a demanda cada vez maior por auditor independente, auditor interno, perito contábil, investigador de fraudes, planejador tributário, analista financeiro, controller, professor universitário, pesquisador, autores, cargos públicos (concurso), consultores etc.
Não só a demanda por contadores aumenta, como também, a média salarial e a remuneração pelos serviços prestados por estes profissionais.
Digo mais uma vez aos estudantes: é preciso sonhar. O professor Victor Mirshawka Jr., especialista em criatividade diz que “as pessoas que sonham com o impossível são as únicas que tem chance de alcançá-lo. Há exemplos de muitas pessoas cuja força de sonhar com o impossível as levou a coisas impressionantes.” (1)
Todavia, na profissão contábil, diante das inúmeras perspectivas, não precisamos sonhar com o “impossível”. Sonhar sim com realidades possíveis, com projetos exeqüíveis. Sonhar, neste caso, é estabelecer uma visão para identificar claramente onde queremos chegar. Significa traçar nosso destino, planejar caminhos para alcançar metas ousadas. Sonhar é o contrário de vagar no tempo e espaço. É o contrário de esperar as coisas acontecerem por elas mesmas.
Ter uma visão não é tudo. É preciso colocar esta visão em ação, é preciso desenvolver seu potencial. Não basta apenas ter um diploma. É preciso conhecer informática, falar outra língua, ser criativo, saber trabalhar em equipe, ter equilíbrio emocional, aprender a liderar, motivar, navegar na Internet, boa comunicação, estar pensando em pós-graduação, ler muito e sempre etc.
Alguém que tem sonhos elevados certamente tem um plano de ação igualmente relevante.
Por exemplo, um desempenho apenas razoável em termos de aproveitamento no curso que está sendo cursado não é coerente com uma visão arrojada.
Lamentavelmente, boa parte das Instituições de Ensino Superior permitem a aprovação do aluno e lhe concede diploma se sua nota for cinco. Que profissional será este?
Para ilustrar, eu conto aos meus alunos a fábula do "doutor nota seis".
Um paciente estava na mesa de cirurgia sendo anestesiado quando entra o cirurgião. Algumas pessoas na sala brincam com ele dizendo:
-“Oi, doutor nota seis, tudo bem?”
Para surpresa do paciente, em poucos minutos, ouviu diversas vezes a equipe cirúrgica chamar seu médico de "doutor nota seis".
Curioso, diante daquele quadro, ele indaga a uma enfermeira que estava ao seu lado, sobre aquele título estranho do seu cirurgião.
Falando bem perto do seu ouvido, a enfermeira cochicha ao paciente a ser operado:
-“É que ele só tirava nota seis no seu curso de medicina.”
Coloque-se no lugar deste paciente. Você submeteria sua vida a um profissional que domina apenas 60% dos conhecimentos necessários para salvar sua vida? Certamente não. Sairia bem rápido daquela sala.
O futuro profissional contábil será “médico de empresas”. Imagine se você conhecesse apenas 60% ou 70% das técnicas de salvar empresas. Como elas não podem fugir, é provável, dessa maneira, você se tornar um assassino de empresas.
O sucesso será real para “doutores nota dez”, nota nove. É importante entender que uma visão se concretiza à medida que se trabalhe para alcançá-la.
Hoje, a profissão contábil oferece um panorama altamente atraente(2). Todavia, não há lugar para aqueles que não alcançarem um bom indicador de competência e ética.
Não sou um vendedor de fantasias e ilusões. Mas sim de sonho que propicia uma visão aliada em ação.
Em meu artigo A Profissão do Futuro(3) chamo atenção da necessidade de se construir marca e marketing pessoais. Estas variáveis fazem parte da ação para se alcançar a visão.
É necessário também que as grades curriculares que estão sendo modificadas para iniciar o ano 2.000, através de um projeto pedagógico conforme a nova Lei de Diretrizes e Bases, sejam muito mais flexíveis aos sonhos dos nossos estudantes.
Uma das versões das Diretrizes Curriculares dispõe da necessidade do estudante, já no primeiro ano, ter atividades sobre formação profissional. A partir do segundo ano, opções para se iniciar em pesquisa e ensino ou se iniciar na prática profissional são sugeridas. Através destas opções e outras atividades complementares articulando teoria-prática, o estudante estará motivado a construir sua grade curricular específica e a optar pelos cursos seqüenciais afins.
A "camisa de força" curricular vai desaparecer. As Instituições de Ensino Superior (IES) deverão ainda, conforme as diretrizes curriculares, criar mecanismos de aproveitamento de conhecimentos para os estudantes, através de estudos e práticas independentes, presenciais ou à distância, como: monitorias, estágios, programas de iniciação científica, cursos realizados em outras áreas afins, estudos complementares, empresa júnior, participação em congressos etc.
Por outro lado, o MEC está exigindo cada vez mais das IES um corpo docente qualificado e titulado. Temos sido convidados constantemente para ministrarmos a disciplina Metodologia do Ensino da Contabilidade. Os professores de Contabilidade estão buscando novas metodologias que facilitem a alavancagem dos nossos estudantes nos seus sonhos. Em artigo recente sobre este assunto(4) ressaltamos mais de dez metodologias de ensino para as disciplinas de Contabilidade.
De maneira geral vivemos em um bom momento para sonhar. Gostaria de concluir falando de um profeta bíblico - Habacuque(5), que vivia se queixando e se lamentando diante de Deus em circunstância das dificuldades e falta de perspectiva. Depois de diversas lamentações, Deus diz a ele: "Escreve a visão, grava-a claramente, sobre tabuletas para que se possa ler freqüentemente. Pois é ainda uma visão para um tempo fixado: aspira por seu termo e não engana; se tardar espera por ela" (Habacuque 2:2-3).
Em outra versão a tradução é a seguinte: "Então o senhor me respondeu e disse: escreve o sonho e torna-o bem legível sobre tábuas, para que possa ler quem passa correndo. Pois o sonho é ainda para o tempo determinado, e se apressa para o fim. Ainda que se demore, espera-o, porque certamente virá, não tardará”.

Citações Bibliográficas
Sonhe com o Impossível. Revista Você S.A. Ano 1 N. 10/99.
Uma Visão Panorâmica da Profissão Contábil. Jornal do CRC-RJ. Março/Abril de 1999.
A Profissão do Futuro. Revista do CRC-PR, Nº
Metodologias no Ensino da Contabilidade. Revista do CRC-SP. Nº 8/99.
Bíblia Sagrada. Vozes. Petrópolis - RJ - 13ª Edição.

Uma Visão Panorâmica da Profissão Contábil

Uma Visão Panorâmica da Profissão Contábil

Autoria: Prof. Dr. José Caros Marion

Normalmente, se você pergunta aos alunos de primeiro ano do curso de Medicina, qual será sua especialização, não haverá hesitação: uns dizem ginecologia, outro pediatria, ortopedia e, assim, sucessivamente.
Da mesma forma, num primeiro ano de um curso de Direito, quase todos terão uma preferência: área civil, comercial, penal, internacional, etc.
Até mesmo os primeiros anistas de Administração já estão fazendo opção para Marketing, Recursos Humanos, Finanças, Produção, Comércio Exterior, Hotelaria etc.
Já nos cursos de Contabilidade raramente encontraremos alunos com posições bem definidas quanto à sua especialização. Já vi casos de até alunos de quinto ano estarem indecisos referentes a área específica que deverão estar investindo mais acentuadamente.
Ainda que seja muito importante uma visão generalista, é inadmissível se pensar em alguém que não esteja concentrando esforços na especialização de uma área contábil.
Muitas vezes os professores que desenvolvem muito bem o seu conteúdo programático omite informações esclarecedoras sobre perspectivas profissionais, principalmente sobre a sua própria especialização que, normalmente, está relacionada com a matéria que leciona.
De minha parte, tenho trabalhado insistentemente com os meus alunos neste aspecto. Tenho motivado a cada um pesquisar e ter contato com profissionais especializados, com palestristas, literaturas, artigos, reportagens em jornais, etc., para estruturar um banco de dados que alicercem sua opção.
Tenho também, a despeito de minha agenda sobrecarregada, ministrado muitas palestras em diversas instituições com o objetivo de abordar este tema.
Só no segundo semestre de 98 já estive em muitos lugares falando sobre “As Perspectivas da Profissão Contábil”, tais como: UNIRP (São José do Rio Preto – SP), FACCAR (Rolândia – PR), Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR, Convenção Estadual dos Contabilistas do Espírito Santo em Guarapari, UNIPAR (Umuarama – PR), UERJ (Rio de Janeiro), Encontro de Delegados do CRC-MG – Belo Horizonte, UNOPAR (Londrina – PR), Universidade de Caxias do Sul – RS, Faculdades de Gurupi (Tocantins), Faculdades de Pato Branco – PR, PUC (Poços de Caldas – MG) etc., além de ter tratado parcialmente na apresentação de trabalho na IV Convenção dos Contabilistas do Estado de Pernambuco em Recife.
Este assunto, dado a sua importância, já venho tratando desde 1983 no prefácio do meu livro Contabilidade Empresarial – Editora Atlas S.A.
Em 1998 preparei um artigo com o título “Preparando-se para a Profissão do Futuro”, publicado pela Contabilidade Vista e Revista (MG), Revista do CRC-PR etc., abrindo o leque e comentando cada especialização contábil com sua perspectiva na virada do milênio.
Particularmente sou muito grato a Deus por ter me dado sabedoria para optar pela profissão contábil. Muito mais, por me dar, antes mesmo de ter iniciado o curso superior de Contabilidade, conhecimento de uma especialização contábil: Analista Financeiro. No meu mestrado dei ênfase à Contabilidade Rural intensificado este estudo no doutorado, Livre-Docência e Pós doutorado em Kansas University.
Todavia, a especialização que mais me identifiquei e que quero terminar a minha vida nela é a docência e pesquisa voltada principalmente para metodologia de ensino da Contabilidade. E na qualidade de docente e pesquisador sinto ter a responsabilidade de contribuir principalmente neste tema que está sendo abordado.
No segundo capítulo do livro Introdução à Teoria da Contabilidade- “O profissional Contábil e a Profissão” – que estou escrevendo junto com o Professor Sérgio de Iudícibus, esbocei um quadro que dê uma visão panorâmica das especializações contábeis. Tenho certeza que em muito ele pode ser aperfeiçoado (e espero suas sugestões). Entretanto, creio ser uma boa “ferramenta” para, principalmente alunos de Ciências Contábeis, estarem meditando sobre, quem sabe, sua maior decisão neste momento.

A convergência das normas contábeis internacionais

A convergência das normas contábeis internacionais

Por Roberto Teixeira da Costa e Nelson Carvalho

O International Accounting Standards Board (Iasb) foi criado a partir da transformação, no fim dos anos 90, do antigo International Accounting Standards Committee (Iasc), de 1973, depois das crises que afetaram diferentes países asiáticos. Autoridades e especialistas concluíram necessária a definição de critérios uniformes de contabilidade, tecnicamente robustos e claramente comprometidos com uma total transparência do desempenho empresarial. Portanto, deveria ser reformulada e reforçada uma entidade independente que pudesse definir critérios universais e padrões que fossem aplicados por todos os países de maneira idêntica e compreensível.
Renasceu então o Iasc, na sua atual forma de Iasb, pela iniciativa de grandes lideranças mundiais, aprovada e defendida pelos órgãos reguladores reunidos na Iosco, por diferentes federações de contadores ou de auditores, por associações de analistas de investimentos, lideranças da comunidade acadêmica internacional e personalidades do cenário financeiro mundial. A independência da instituição seria mantida por um órgão superior composto pelos "trustees" (curadores), geograficamente distribuídos e empreendendo iniciativas em diferentes países e regiões do mundo, respeitando suas diversidades. Inicialmente foram 19 e, na revisão constitucional deliberada em 2005, esse grupo foi ampliado a 22 membros. A cúpula do "board" propriamente dito foi constituída por 14 membros desde a origem e assim permanece.
A questão óbvia é por que razão não foi adotado o padrão Gaap, implementado e operado pelo Fasb dos EUA, sabidamente sede do mercado de capitais mais desenvolvido do mundo?
Pesaram razões políticas e conceituais, pois a abordagem da contabilidade praticada pelos americanos é extremamente vinculada a uma malha legal e infralegal que lhes é própria, não sendo passível de "exportação" somente seu conjunto de Gaap senão requerendo-se, em cada jurisdição, a "importação" também dos principais preceitos americanos de direito societário, lei comercial, lei de valores mobiliários, entre outras que afetam a escolha de Gaap que se fez nos EUA ao longo de décadas.
Desde seu lançamento, ficou claro que o objetivo do Iasb deveria ser o de trabalhar em conjunto com o Fasb, não só para desenvolver e implementar regras em conjunto, como também definir metas para medidas já aprovadas por ambos normatizadores.
Nesses cinco anos de existência após a reforma do antigo Iasc, a atuação do Iasb tem sido marcante. Definir as IFRS não pode ser acusada de uma atividade passiva. As críticas que têm sido dirigidas ao seu trabalho estiveram mais ligadas à, por vezes excessivamente ambiciosa, velocidade de emissão das novas normas.
Um bom exemplo é a polêmica norma IAS 39 (herdada pelo Iasb do antecessor, Iasc), que teve implicações sérias quanto à aceitação do conceito de "fair market value", extremamente contestado principalmente por alguns países europeus e pelos japoneses.
O Iasb vem estabelecendo um amplo diálogo com o Fasb. O primeiro documento nesse sentido foi a assinatura do protocolo de Norwalk, em 2002.
No entanto, o passo mais importante foi dado com o anúncio, em 27 de fevereiro último, de um Memorando de Entendimentos entre o Fasb e o Iasb, relatando a definição de um mapa de convergência com objetivo concreto para 2008, objetivando eliminar o requisito de reconciliação de lucros e de patrimônios líquidos para emissores de valores mobiliários registrados na Bolsa de Nova York em 2009.

Vale ressaltar que o mapa da convergência tem como pontos essenciais:
1) Projetos de convergência de curto prazo: temas a serem examinados pelo Fasb visando proposição de medidas de convergência - a opção de "valor justo", o conceito de "impairment" (exame conjunto Fasb/Iasb), contabilização de Imposto de Renda (também exame conjunto por ambos os "boards"), bens de raiz usados como investimentos, gastos com pesquisa e desenvolvimento, e eventos subseqüentes à data do balanço.
Temas a serem examinados pelo Iasb visando proposição de medidas de convergência, além dos temas conjuntos acima citados: tratamento contábil dos custos de endividamento, concessões governamentais, contabilidade de joint ventures e divulgações de segmentos de negócios.
2) Tópicos de longo prazo já constantes da agenda vigente: combinações de negócios/investimentos societários; consolidação de demonstrações financeiras; orientação sobre mensuração do "fair value" (não quando, porém como); distinções entre exigibilidades e patrimônio líquido; relatórios do desempenho empresarial; benefícios pós-aposentadoria, inclusive pensões; reconhecimento de receita.
3) Tópicos já sendo pesquisados mas ainda não incluídos na agenda corrente: 'des'reconhecimento de ativos e passivos; instrumentos financeiros (substituição da norma existente); ativos intangíveis; arrendamento mercantil.
Em nenhum momento imaginou-se que os objetivos da convergência seriam facilmente atingidos, não só pela dificuldade de aproximação de conceitos distintos, como também pelas diferentes culturas contábeis e as práticas delas decorrentes, bem como, também por razões políticas.
Assim sendo, esse mapa é extremamente relevante e, caminhando nesta direção, estamos dando um passo enorme para diminuir custos operacionais e de transações das empresas, tornar a contabilidade mais inteligível e transparente, reduzir custo de capital pelo maior entendimento do desempenho empresarial e ao final facilitar a vida de todos os seus usuários.
Depois de brindados com a notícia do Memorando de Entendimentos entre o Fasb e o Iasb, surge, em 10 de março último, o Comunicado Banco Central nº 14.259, dando conta de uma deliberação do colegiado de sua diretoria visando convergir as normas aplicáveis às instituições financeiras no Brasil às normas do Iasb até 2010, para o que se determinam providências necessárias de diagnóstico e de revisão e eventual reedição de normativos Bacen ou CMN para o fim pretendido. Resta-nos esperar que o projeto de lei 3.741, em tramitação no Congresso Nacional, logre aprovação sem deturpação de suas cláusulas pétreas, e que as demais agências reguladoras brasileiras sigam os passos do Banco Central do Brasil, para o bem de nosso mercado de capitais, das captações de nossas empresas e de nosso desenvolvimento econômico. O "investment grade" virá mais rápido com a convergência total.


Roberto Teixeira da Costa é ex-primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Nelson Carvalho é presidente do "Standards Advisory Council" do International Accounting Standards Board (IASB), em Londres.

Fonte: http://www.fenacon.org.br/

Convergência Internacional

CVM espera que empresas usem normas contábeis internacionais até 2010

Por YGOR SALLES da Folha Online

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) espera que as novas normas contábeis --em linha com o padrão internacional-- estejam plenamente em vigor para ser usado nos balanços das empresas até 2010, informou nesta segunda-feira Antonio Carlos de Santana, superintendente de Normas Contábeis do órgão.
As mudanças foram definidas pela lei 11.638/07, sancionada no final de dezembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que altera significativamente a Lei das Sociedades por Ações.
As mudanças contábeis, além de fazer os balanços brasileiros ficarem de acordo com as normas do Iasb (Conselho de Padrão Internacional de Contabilidade, na sigla em inglês), também trará mais transparência para as demonstrações --inclusive as das grandes empresas de capital fechado, já que elas também terão que ter o balanço aprovado por uma auditoria independente. Todas as empresas com faturamento anual superior a R$ 300 milhões ou tenham patrimônio acima de R$ 240 milhões estão enquadradas nessa regra.
"Esperamos que a convergência total do balanço consolidado das empresas possa ser feito em 2010", disse Santana.
Para isso, a CVM precisa fazer todas as instruções normativas até o final de 2009, para que possam ser aplicadas no balanço do mesmo ano, que será divulgado em 2010.
O prazo, explica Santana, é necessário para que a CVM faça a normatização das alterações promovidas na Lei das Sociedades por Ações. O órgão, inclusive, abriu uma consulta pública até 25 de janeiro para que as partes interessadas (empresas e escritórios e advocacia e contabilidade, por exemplo) façam comentários e sugestões.
Segundo Santana, a normatização começará pelos temas mais complexos "para que o mercado tenha tempo de se adequar". Entre esses temas estão a classificação e mensuração dos instrumentos financeiros e a contabilização de operações de combinação de empresas.
Mas algumas normas devem ser obedecidas desde já. Uma delas é apresentar no balanço anual os eventos subseqüentes (fatos que poderão ter impacto no resultado do ano seguinte, para mais ou para menos). No caso das empresas que já apresentaram o balanço de 2007, elas poderão fazer uma nota explicativa com essas informações, sem ter que reapresentar o balanço.
Vantagens
Segundo Santana, a convergência com as normas internacionais de contabilidade trará menores custos de captações financeiras e contábeis às empresas, além de trazer maior transparência aos investidores.
"[A lei] Tenta eliminar barreiras para nos inserirmos na convergência contábil internacional", disse. "Isso dará condição para as empresas, por exemplo, captarem no exterior com menor custo."
Esta facilidade ocorre porque o investidor estrangeiro tem mais segurança em analisar os dados da empresa.
O custo contábil menor, por sua vez, ocorre porque atualmente muitas empresas brasileiras --em especial as que possuem papéis negociados nas bolsas americanas e européias-- são obrigadas a fazer os dois tipos de balanço. Com a convergência passará a fazer apenas um.

Essa vai para a dissertação...

"Não deixo, todavia, de experimentar uma extrema satisfação com o progresso que penso já haver feito na indagação da verdade e de conceber tais esperanças para o futuro que, se entre as ocupações dos homens, puramente humanas, alguma existe solidamente boa e importante, ouso crer que foi a que escolhi."
(Descartes)

Uma face oculta na Crise Financeira e as Normas Internacionais de Contabilidade

Uma face oculta na Crise Financeira e as Normas Internacionais de Contabilidade
por Antônio Lopes de Sá

O prestigioso jornal “Le Monde”, de Paris, do último dia 30 de setembro, enseja a insinuação em um artigo sob o título “Mercados financeiros: os efeitos perversos da transparência”, de que sejam as Normas de Contabilidade as culpadas pela crise financeira atual, face à permissibilidade que ensejaram no falseamento de informações; a autoria do referido é do Diretor do Instituto de Gestão Empresarial de Lyon, Pierre-Yves Gomez.
Afirma o conceituado articulista que na crise anterior, quando a ENRON e outras provocaram sérios problemas atribuiu-se a culpa aos administradores de não seguirem as regras, mas, que agora tudo tinha exatamente as normas como base, permitindo inferir que elas ampararam informações falsas.
No “Diário de Notícias” de Lisboa, do mesmo mês, entrevistas e artigos interrogaram sobre as omissões das milionárias auditorias e perguntaram como tudo poderia ter acontecido sob a complacente observação das autoridades governamentais, estas incumbidas de fiscalizarem o mercado de capitais.
A renomada revista “The Economist” dias antes associara a crise à informação contábil (sob a manchete “The crisis and fair-value accounting”) derivada de erros fundamentados no que as normas ensejaram.
Segundo a famosa publicação até o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos admitiu publicamente que a adoção do denominado “valor justo” (imposto pelas Normas) teria sido o responsável pela ocorrência desastrada.
Dentre as criticas pesadas, de grande expressão, já ocorrera também, em sentido de sátira, a feita pela famosa Goldman Sachs, uma das maiores analistas de mercado de capitais do mundo, no artigo que fez editar sob o sarcástico título de “Alice no País das Maravilhas Contábeis”, no qual desaconselhava investimentos baseados em balanços inspirados nas Normas Internacionais do IASB.
A referida Revista “The Economist” informou que as acusações da Goldman se comprovaram verdadeiras, não tinham sido mera hipótese, mas, sim, uma realidade que na atualidade se comprovava verdadeira na prática, consubstanciada em grave crise.
O sucedido com a Lehman Brothers e com o “American International Group” demonstrou em números todo o desacerto da medida normatizada.
As noticias que se veicularam e ainda se veiculam de que a implantação das ditas Normas Internacionais estimulariam investimentos, ajudariam a clareza, estão agora em questão nas principais potências mundiais, provocando interrogações; entrementes, no Brasil, uma intensa propaganda favorável ás ditas Normas, amparadas pela lei e entidades governamentais, marcham na contramão do que na imprensa internacional se difunde.
A entidade máxima contábil em Portugal, o CTOC (Câmara dos Técnicos oficiais de Contas), equivalente aqui no Brasil ao Conselho Federal de Contabilidade, por suas lideranças, e ostensivamente, pela palavra e por manifestos do ilustre presidente da mesma Prof. António Domingues Azevedo, coloca em dúvida a competência do IASB; acusam, ainda, o processo não democrático de impor as normas, estas que ostensivamente se mostram lesivas ao interesse milhões de pessoas.
Na Espanha, decreto real há poucos meses, conflitou-se com as referidas Normas ditas Internacionais, recusando a uma cega obediência.
Uma face oculta, pois, da crise, mesmo protegida por amplo noticiário que mais coloca em relevo efeito que causa, vem sendo evidenciada por algumas figuras de alta expressão.
O “Semanário Econômico” de Lisboa, em 3 de outubro último, evidencia com clareza que “Especialistas concordam que é preciso mudar as regras do jogo” no sentido de buscar realidade e reduzir sofisticações que só mascaram informações.
Na matéria que o referido jornal editou criticada foi a “suposição de cenários” que as normas ensejaram, afirmando que o problema não se resolve pela tal “governança” tanto alardeada, mas, sim de um mercado que receba informação com maior sinceridade.
A falsidade informativa, todavia, essa que lançou cortina de fumaça para que a crise pudesse ganhar corpo, é repetição do que há mais de 30 anos ocorreu e que foi advertido no Senado dos Estados Unidos pelos relatórios do Senador Lee Metcalfe, por eméritos professores universitários estadunidenses como Briloff e Zeff.
Fizeram-se posteriormente leis para controles aparentes, mas, não se combateram as causas, estas que enquanto não forem objetivadas promoverão crises em cadeia, pois, encontram-se na “elasticidade” do que de subjetivo ensejam as Normas Internacionais de Contabilidade, segundo se vem amplamente denunciando pela imprensa.
O que se alardeou como uma Contabilidade de alto nível mostra-se na prática incompetente para evitar a crise anglo-saxônia; assim alegam muitos intelectuais, como para citar um só exemplo o fez o emérito Professor universitário Domingos Cravo, em Maio último, em conferência proferida e aplaudida por mais de 3.000 profissionais no IX Congresso Internacional de Contabilidade do Mundo Latino; o mestre foi enfático em afirmar que se estava diante de uma “anarquia epistemológica”, e, o fez muito antes que a crise explodisse.
O que no Brasil, pois, se implantou com a Lei 11.638/07 foi uma submissão a esse regime que se mostra criticado, só apoiado por grupos de interesse, mas, condenado por entidades de classe contábil de responsabilidade, assim como por intelectuais deveras consagrados por obras e reconhecimento social e cultural.
Mais que palavras ficam comprovados pelos acontecimentos os erros de um sistema que apresentado a titulo de “convergência” está a produzir efeitos questionáveis.
As mazelas, pois, poderão, sim, atingir o Brasil, se deveras tornar-se cegamente submisso a um sistema que se mostra falido segundo as referências relevantes aqui apresentadas.

Revista Jus Vigilantibus, Terça-feira, 14 de outubro de 2008

Estudo sobre as práticas contábeis brasileiras e as normas internacionais de contabilidade (IFRS)

A CVM, Ernst & Young e FIPECAFI divulgam estudo sobre as práticas contábeis brasileiras frente as IFRS.

Artigo de membros do programa de mestrado é utilizado como fonte de pesquisa no estudo (ver tópico 14).
O artigo é Critérios de Conversão das Demonstrações Contábeis em Moeda Estrangeira Adotadas no Brasil: uma Necessidade de Aperfeiçoamento. Autoria: Paula Danyelle Almeida da Silva, Andrea da Silva Santos, Odilanei Morais dos Santos, Natan Szuster.que foi aprovado e apresentado no Enanpad 2007 e que será novamente apresentado no próximo Seminário PIB (www.facc.ufrj.br).

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apresenta ao mercado um estudo elaborado pela Ernst & Young Brasil, com revisão da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi).
Esse estudo é uma referência importante no processo de adoção dos princípios internacionais de contabilidade, ao comparar, de forma detalhada e fundamentada, as normas emitidas pelo International Accounting Standard Board (IASB) com as regras contábeis brasileiras.
O estudo identifica e propõe soluções para as possíveis barreiras que a adoção integral do IFRS representa para o Brasil, indicando as também possíveis ações regulatórias para cada uma delas. O material contempla um comparativo de 26 temas contábeis considerados relevantes para o processo de convergência com as normas internacionais no Brasil.
O estudo apresenta ainda uma comparação das práticas de divulgação em balanços de 50 empresas brasileiras listadas na Bovespa, com outros 50 balanços de empresas européias de capital aberto que reportam em IFRS, tendo como referência demonstrações relativas ao exercício de 2006.
O objetivo foi identificar as diferenças e similaridades nas práticas de divulgação de empresas dos setores mais relevantes da economia. Os resultados da comparação das práticas de divulgação estão inseridos nos 26 temas abordados pelo estudo.
Além de relatórios conclusivos sobre a comparação entre as normas internacionais e as normas e práticas contábeis brasileiras, o estudo também inclui anexos com comparações detalhadas das normas, que serão úteis para consulta.
Os anexos detalham as normas internacionais nas línguas inglesa e portuguesa (de Portugal) e os pronunciamentos, normas e práticas contábeis existentes na legislação brasileira, academias ou mesmo em regulamentos de entidades relevantes do setor, como Fipecafi, Ibracon e a própria CVM, entre outros.

Para acessar o estudo, clique no link: http://www.cvm.gov.br/port/snc/Estudo%20sobre%20as%20práticas%20contábeis%20brasileiras%20e%20as%20normas%20internacionais%20de%20contabilidade%20(IFRS).asp

Agenda lotada na Contabilidade Brasileira

Agenda lotada na contabilidade
Por Graziella Valenti, de São Paulo

Quem achou o primeiro semestre agitado para as discussões contábeis vai se assustar ainda mais com o segundo. Para cumprir com o cronograma de emissão de normas estabelecido para este ano, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) vão inundar os próximos meses com consultas públicas e normas que atendam à nova lei contábil. Pelo menos nove assuntos deverão ser regulados ainda neste ano. Além dos novos temas, o mercado vai encarar repetições. Ainda neste mês, a CVM vai devolver para a consulta pública a regra que discute ativos intangíveis, como o registro de marcas e patentes. A diferença é que agora a norma não tratará mais de ágio. "Grande parte das sugestões pedia que não fosse feita ainda nenhuma adaptação sobre o ágio", contou José Carlos Bezerra, diretor interino de normas contábeis da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O ágio é o prêmio pago em aquisições sobre o valor contábil de bens e companhias. Trata-se de uma das questões mais delicadas quando o assunto é a nova legislação contábil. A aprovação da Lei 11.638 no apagar das luzes de 2007 deixou pouco tempo para a CVM regular o novo ambiente. Ficou faltando também um entendimento da Receita Federal sobre as alterações das regras e seu impacto fiscal. A previsão é que não haja efeito tributário, mas ainda falta o pronunciamento do Fisco garantindo esse entendimento. A nova legislação coloca o Brasil definitivamente na rota da convergência aos padrões contábeis internacionais, o IFRS. As normas domésticas que detalham como aplicar a diretriz dada pela lei, a serem emitidas pela CVM, serão inspiradas nos princípios internacionais. Quando o tema é ágio as companhias abertas tremem. De acordo com levantamento do Valor com base em dados da Economática, as empresas têm um estoque de R$ 35,5 bilhões de ágio. A amortização desse saldo tem efeito de despesa no balanço, o que gera economia fiscal às empresas por reduzir o lucro tributável. Numa conta simples, é o mesmo que dizer que as companhias têm economias fiscais da ordem de R$ 12 bilhões esperando para serem aproveitadas pelos próximos 10 anos. Pela nova legislação, a demonstração de resultado que for levada ao investidor não mais poderá ter essa amortização - mesmo que a Receita permita a continuidade dessa prática. Assim, não há interesse de se mexer nessa conta sem clareza sobre o entendimento do Fisco. Na minuta sobre ativos intangíveis que esteve em consulta até 26 de maio, a CVM já começava a entrar no tema do ágio. A programação inicial da autarquia previa que uma parte das normas para esse item do balanço fizesse parte do pronunciamento sobre intangíveis e outra, do documento sobre fusões e aquisições (combinação de negócios). Agora, segundo explicou Bezerra, o debate poderá ser feito de uma única vez, para ficar mais simples às empresas. Bezerra garante, porém, que a nova consulta pública para os intangíveis não comprometerá o restante das normas. E, apesar dessa mudança, a norma para ágio deve sair ainda neste ano, para aplicação em 2009. Francisco Papellás Filho, presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), disse que a decisão é positiva. Ele explicou que, ao separar as normas de intangíveis e de ágio, os pronunciamentos brasileiros ficarão mais próximos dos internacionais nos quais se espelham. Nelson Carvalho, presidente do Conselho Consultivo de Normas do Iasb, órgão internacional responsável pela elaboração do IFRS, acredita que o processo de retomada da consulta pública é saudável. "É assim mesmo que tem que ser. É muito saudável. No Iasb, acontece com muita freqüência " disse, lembrando que há temas que são levados ao público até três vezes. Para as companhias, é um alívio não ter que pensar nesse tema neste ano. Com a retirada do ágio da minuta sobre ativos intangíveis, o pronunciamento se concentrará no detalhamento técnico das novidades inseridas pela lei - como o registro do valor da marca, em casos de aquisições. Há ainda explicações sobre como contabilizar patentes e até sistemas de tecnologia desenvolvidos internamente. Os demais temas que serão normatizados ainda neste ano são os mais essenciais para aplicação das diretrizes estabelecidas pela Lei 11.638. "Não tem opção de não fazer", comentou Papellás. Segundo ele, que também participa do CPC, o comitê já tem praticamente prontos os próximos cinco pronunciamentos. Embora haja poucas normas emitidas, os participantes do processo acreditam que ainda não há porque falar em atraso na divulgação das regras. Bezerra, da CVM, explica que a previsão divulgada no primeiro semestre considerava o desenvolvimento da minuta e não a emissão da norma. Pelo cronograma da época, até agosto, boa parte dos temas já deveriam estar prontos para serem levados ao público. A idéia é que tanto a consulta quanto a emissão das normas previstas ocorram neste ano. Embora a emissão da regra seja vital para os contadores produzirem os novos balanços, o foco de maior ansiedade continua sobre a Receita Federal. Todos aguardam um posicionamento sobre a garantia da neutralidade fiscal. Para os agentes envolvidos, a mudança da diretoria do órgão, com a saída de Jorge Rachid, não deve afetar a diretriz dos trabalhos. Ainda assim, a notícia adicionou um pouco de apreensão sobre o cenário, já recheado mais de dúvidas do que de respostas. Procurada, a Receita Federal não comentou o cronograma de sua análise do novo ambiente contábil brasileiro.

A Crise da Economia Americana

A Crise da Economia Americana - Uma história bem didática dos fatos
Por Weslei dos Santos Dourado

Paul comprou um apartamento, no começo dos anos 90, por 300.000 dólares financiado em 30 anos. Em 2006 o apartamento do Paul passou a valer 1,1 milhão de dólares. Aí, um banco perguntouAB pro Paul se ele não queria uma grana emprestada, algo como 800.000 dólares, dando seu apartamento como garantia. Ele aceitou o empréstimo, fez uma nova hipoteca e pegou os 800.000 dólares.
Com os 800.000 dólares. Paul, vendo que imóveis não paravam de valorizar, comprou 3 casas em construção dando como entrada algo como 400.000 dólares. A diferença, 400.000 dólares que Paul recebeu do banco, ele se comprometeu: comprou carro novo (alemão) pra ele, deu um carro (japonês) para cada filho e com o resto do dinheiro comprou tv de plasma de 63 polegadas, 43 notebooks, 1634 cuecas. Tudo financiado, tudo a crédito. A esposa do Paul, sentindo-se rica, sentou o dedo no cartão de crédito.
Em agosto de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis estavam caindo. As casas que o Paul tinha dado entrada e estavam em construção caíram vertiginosamente de preço e não tinham mais liquidez...
O negócio era refinanciar a própria casa, usar o dinheiro para comprar outras casas e revender com lucro. Fácil....parecia fácil.Só que todo mundo teve a mesma idéia ao mesmo tempo. As taxas que o Paul pagava começaram a subir (as taxas eram pós fixadas) e o Paul percebeu que seu investimento em imóveis se transformara num desastre.
Milhões tiveram a mesma idéia do Paul. Tinha casa pra vender como nunca.
Paul foi agüentando as prestações da sua casa refinanciada, mais as das 3 casas que ele comprou, como milhões de compatriotas, para revender, mais as prestações dos carros, as das cuecas, dos notebooks, da tv de plasma e do cartão de crédito.
Aí as casas que o Paul comprou para revender ficaram prontas e ele tinha que pagar uma grande parcela. Só que neste momento Paul achava que já teria revendido as 3 casas mas, ou não havia compradores ou os que havia só pagariam um preço muito menor que o Paul havia pago. Paul se danou. Começou a não pagar aos bancos as hipotecas da casa que ele morava e das 3 casas que ele havia comprado como investimento. Os bancos ficaram sem receber de milhões de especuladores iguais a Paul.
Paul optou pela sobrevivência da família e tentou renegociar com os bancos que não quiseram acordo. Paul entregou aos bancos as 3 casas que comprou como investimento perdendo tudo que tinha investido. Paul quebrou. Ele e sua família pararam de consumir...
Milhões de Pauls deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que haviam feito baseado nos preços dos imóveis. Os bancos haviam transformado os empréstimos de milhões de Pauls em títulos negociáveis. Esses títulos passaram a ser negociados com valor de face. Com a inadimplência dos Pauls esses títulos começaram a valer pó.
Bilhões e bilhões em títulos passaram a nada valer e esses títulos estavam disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos americanos, mas também em bancos europeus e asiáticos.
Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos foram feitos baseados num preço de mercado desse imóvel... Preço que despencou. Um empréstimo foi feito baseado num imóvel avaliado em 500.000 dólares e de repente passou a valer 300.000 dólares e mesmo pelos 300.000 não havia compradores.
Os preços dos imóveis eram uma bolha, um ciclo que não se sustentava, como os esquemas de pirâmide, especulação pura. A inadimplência dos milhões de Pauls atingiu fortemente os bancos americanos que perderam centenas de bilhões de dólares. A farra do crédito fácil um dia acaba. Acabou.
Com a inadimplência dos milhões de Pauls, os bancos pararam de emprestar por medo de não receber. Os Pauls pararam de consumir porque não tinham crédito. Mesmo quem não devia dinheiro não conseguia crédito nos bancos e quem tinha crédito não queria dinheiro emprestado.
O medo de perder o emprego fez a economia travar. Recessão é sentimento, é medo. Mesmo quem pode, pára de consumir.
O FED começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente as taxas de juros e as taxas de empréstimo interbancários. O FED também começou a injetar bilhões de dólares no mercado, provendo liquidez. O governo Bush lançou um plano de ajuda à economia sob forma de devolução de parte do imposto de renda pago, visando incrementar o consumo porém essas ações levam meses para surtir efeitos práticos. Essas ações foram corretas e, até agora não é possível afirmar que os EUA estão tecnicamente em recessão.
O FED trabalhava. O mercado ficava atento e as famílias esperançosas. Até que na semana passada o impensável aconteceu. O pior pesadelo para uma economia aconteceu: a crise bancária, correntistas correndo para sacar suas economias, boataria geral, pânico. Um dos grandes bancos da América, o Bear Stearns, amanheceu, na segunda feira última, quebrado, insolvente.
No domingo o FED, de forma inédita, fez um empréstimo ao Bear, apoiado pelo JP Morgan Chase, para que o banco não quebrasse. Depois disso o Bear foi vendido para o JP Morgan por 2 dólares por ação. Há um ano elas valiam 160 dólares. Durante esta semana dezenas de boatos voltaram a acontecer sobre quebra de bancos. A bola da vez seria o Lehman Brothers, um bancão. O mercado e as pessoas seguem sem saber o que nos espera na próxima segunda-feira.
O que começou com o Paul hoje afeta o mundo inteiro. A coisa pode estar apenas começando. Só o tempo dirá.
E no dia 15 de Setembro, o Lehman Brothers pediu falência, desempregando mais de 26 mil pessoas e provocando uma queda de mais de 500 (quinhentos) pontos no Índice Dow Jones, que mede o valor ponderado das ações das 30 maiores empresas negociadas na Bolsa de Valores de New York - a maior queda em um unico dia, desde a quebra de 1929 ...
Este dia, certamente, será lembrado para sempre na história do capitalismo.

Mestrados e Doutorados em Ciências Contábeis no Brasil

Mestrado Acadêmico em Ciências Contábeis – UERJ (RJ)
Homepage: http://www.faf.uerj.br/index_mestrado.html

Mestrado Acadêmico em Ciências Contábeis – UFMG (MG)
Homepage: http://www.cepcon.face.ufmg.br/

Mestrado Acadêmico em Ciências Contábeis – UFPE (PE)
Homepage: http://www.controladoria.ufpe.br/

Mestrado Acadêmico em Ciências Contábeis – UFRJ (RJ)
Homepage: http://www.facc.ufrj.br/

Mestrado Acadêmico em Ciências Contábeis – UNISINUS (RS)
Homepage: http://www.unisinos.br/ppg/contabeis/

Mestrado Acadêmico em Ciências Contábeis e Atuarias – PUC (SP)
Homepage: http://www.pucsp.br/

Mestrado Acadêmico em Contabilidade – UFBA (BA)
Homepage: http://www.contabeis.ufba.br/

Mestrado Acadêmico em Contabilidade – UFPR (PR)
Homepage: http://www.contabeis.ufpr.br/

Mestrado Acadêmico em Contabilidade – UFSC (SC)
Homepage: http://www.ppgc.ufsc.br/

Mestrado Acadêmico em Controladoria e Contabilidade – USP (Ribeirão Preto- SP)
Homepage: http://www.fearp.usp.br/

Mestrado Acadêmico em Controladoria e Contabilidade Estratégica – UNIFECAP (SP)
Homepage: http://www.fecap.br/

Mestrado e Doutorado Acadêmico em Ciências Contábeis – FURB (SC)
Homepage: http://www.furb.br/

Mestrado e Doutorado Acadêmico em Ciências Contábeis – UnB/UFPB/UFRN (DF/PB/RN)
Homepage: http://www.unb.br/cca/

Mestrado e Doutorado Acadêmico em Ciências Contábeis – USP (SP)
Homepage: http://www.eac.fea.usp.br/

Mestrado Profissional em Ciências Contábeis – FUCAPE (ES)
Homepage: http://www.fucape.br/mestrado.asp

Mestrado Profissional em Ciências Contábeis – Mackenzie (SP)
Homepage: http://www4.mackenzie.com.br/mestrado_contabeis.html

Mestrado Profissional em Contabilidade e Controladoria – UFAM (AM)
Homepage: http://www.ppgcc.ufam.edu.br/

Mestrado Profissional em Controladoria – UFC (CE)
Homepage: http://acep.org.br/mpc.ufc/

Fonte: Fonte: CAPES (http://www.capes.gov.br/) Acesso em: 18 Ago.2008

Discussões Contábeis

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