03/06/2009
Gazeta do Povo
Pesquisa mostra dificuldade de empresas brasileiras em encontrar pessoal qualificado na área. Atraso curricular contribui para déficit de mão de obra
Por Alexandre Costa Nascimento
Apesar de o desemprego ameaçar trabalhadores de diversos setores da economia, empresas do mundo todo vêm enfrentando uma realidade completamente diferente, com dificuldades em encontrar profissionais para as áreas de finanças e contabilidade. No Brasil, a situação não é diferente. Um levantamento da consultoria internacional Robert Half, especializada na seleção de profissionais, ouviu 4,8 mil recrutadores do mundo todo; o resultado, publicado na revista britânica The Economist, mostra que 56% dos entrevistados reclamam da escassez de candidatos qualificados para cargos de finanças e contabilidade.
O Brasil aparece como segundo colocado no ranking internacional - liderado por Hong Kong -, com "índice de dificuldade" próximo a 80% para a contratação destes profissionais. A interpretação dos especialistas locais é de que a pesquisa reflete um antigo problema do mercado brasileiro: a falta de qualificação.
O Brasil aparece como segundo colocado no ranking internacional - liderado por Hong Kong -, com "índice de dificuldade" próximo a 80% para a contratação destes profissionais. A interpretação dos especialistas locais é de que a pesquisa reflete um antigo problema do mercado brasileiro: a falta de qualificação.
"Nos últimos anos, o Brasil e mundo todo viveram uma situação de prosperidade econômica que levou a um certo relaxamento na preparação dos profissionais. As pessoas foram ensinadas a conviver com lucros e resultados excelentes e, repentinamente, o cenário mudou", avalia o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Paraná (Ibef-PR), Nelson Luís Paula de Oliveira.
Outro fator, explica o dirigente, pode ser atribuído à recente alteração na sistemática contábil brasileira, modernizada para se adaptar às legislações internacionais. "Uma nova teoria contábil foi estabelecida, mas são poucos os profissionais aptos a aplicá-la adequadamente. Por isso, o profissional preparado virou um artigo de luxo no mercado", diz.
Para o advogado tributarista e professor de pós-graduação da PUC-PR, Gilberto Luiz do Amaral, a origem do problema está na formação acadêmica. Segundo ele, os currículos acadêmicos estão atrasados cerca de 15 anos em relação às atuais práticas do mercado. "Para contratar as empresas exigem, além do conhecimento técnico, o conhecimento multidisciplinar, que hoje requer habilidades nas áreas de governança corporativa, mercado de capitais, relações institucionais e responsabilidade socioambiental", afirma.
O Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRC-PR) reconhece as deficiências da classe e por isso vem investindo na qualificação dos profissionais através de cursos promovidos pela diretoria de desenvolvimento profissional. Em 2009, serão 260 treinamentos abordando desde temas básicos aos mais sofisticados, voltados às novas tecnologias contábeis.
"Para o bom profissional não falta emprego nem salário", garante o presidente do CRC-PR, Paulo César Caetano de Souza. Segundo ele, o salário de um profissional altamente qualificado de empresas multinacionais pode chegar a R$ 25 mil. Nas grandes empresas paranaenses esse valor varia entre R$ 7 mil e R$ 15 mil.
Fonte: CFC Notícias
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