9 de jun. de 2010

Falta cultura para contabilidade internacional

IFRS: profissionais ainda não têm visão sobre o assunto
Falta cultura para contabilidade internacional
Fonte: Portal Finacial Web em 08/06/2010
Texto de Marcos Assi

Muito se tem falado sobre harmonização contábil, IFRS (International Financial Reporting Standard), Comitê de Pronunciamentos Contábeis, Lei 11.638/07. Mas qual é o problema desses temas? Acredito que seja a ausência de cultura para o assunto.
As empresas no Brasil que são filiais ou subsidiárias de companhias do exterior já realizam há muito tempo o balanço mensal em USGAAP ou em IASGAAP. Porém, todas as companhias que tem necessidade de apresentar balanço (sejam de fora ou não) devem preparar seus demonstrativos conforme a regra internacional.
O problema, no entanto, não são as normas internacionais, mais sim a ausência de cultura e de
conhecimento aqui no Brasil das metodologias para adequar as informações contábeis conforme o IFRS.
O que mais impressiona é que com toda esta polêmica sobre a implementação da essência sobre a forma, muitos ainda têm dificuldade em aplicar as regras e olhar a contabilidade de uma forma diferente.
O presidente do FASB comentou em reportagem recente que o órgão (que é responsável pelo USGAAP) quer mudar a forma de apuração e apresentação do valor justo. Com isso, publicaram que os créditos hipotecários, empresariais e ao consumidor são calculados pelo custo amortizado – método de avaliação de longo prazo e mais estável. Porém, o novo plano dos Estados Unidos (criador do USGAAP) exigiria que esses empréstimos fossem contabilizados pelo valor justo.
Por outro lado, o órgão que determina as regras contábeis da maior parte do mundo (mas não dos Estados Unidos) propôs contabilizar pelo valor justo um número bem menor de instrumentos financeiros e um número maior pelo custo amortizado.
Assim, estabeleceu-se uma polêmica sobre tópicos da norma internacional. A nossa preocupação, no entanto, é a busca por adequação e/ou interpretação, sem envolver interesses políticos e econômicos e que podem boicotar a harmonização contábil esperada.
O debate sobre o assunto servirá para fortalecer o conhecimento e aprimorar a cultura dos profissionais de contabilidade. Portanto, para que possamos fortalecer as mudanças contábeis e que estejam acima de qualquer tipo de interesse, eles necessitam valorizar a profissão e atividades que vão além do débito, crédito e emissão de razões e balancetes — somos, na verdade, partes integrantes na gestão do negócio.
Aprimorar o conhecimento, tanto acadêmico quanto profissional, é o que se espera da classe contábil, pois somente assim os princípios da boa governança farão efeito no mundo corporativo atual.
O IASB e o FASB estão estudando a possibilidade de adiantamento da adoção das normas internacionais que seria para junho de 2011 e, mesmo assim, já sinalizam que não vão cumprir o prazo determinado pelo G20. No fundo, estes órgãos estão preocupados com a velocidade do processo de harmonização.
Vale salientar que a comissão européia contrariou o IASB no ano passado quando decidiu não apoiar uma regra sobre o valor justo para instrumentos financeiros. Este assunto sempre causou polêmica e, como a contabilidade trabalha na base da evidência do fato, a questão de marcação a mercado e valor justo sempre se confundiram muito.
Portanto, ainda necessitamos de mudanças no que tange a cultura contábil acadêmica que sempre dá o pontapé inicial para as alterações com base na teoria contábil. Por outro lado, os profissionais desta área deveriam reconhecer a deficiência e buscar melhores formas de aprimorar seus conhecimentos. Como diria meu professor de mestrado, Sérgio de ludicíbus, “nós profissionais de contabilidade não sabemos demonstrar a importância de nosso trabalho, pois todos acham que somos somente elaboradores de razonetes e balancetes contábeis.”

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