A missão é criar carrinhos que transportem bolinhas. Uma atividade simples para simulação de negócios, não fosse o detalhe de que, ao longo do processo, surgem demandas nem sempre conhecidas dos profissionais.
Os executivos de todas as áreas da empresa devem responder por ecoeficiência na produção dos carros, design sustentável das bolinhas, parcerias com organizações ambientalistas, marketing responsável.
Simular uma realidade cada vez mais presente no dia a dia das empresas, nem sempre de maneira organizada, foi a maneira que a suíça Susan Svoboda e o americano Stuart Hart, criadores do Green Transformation Lab, encontraram para treinar executivos no árido tema da sustentabilidade.
"São departamentos e áreas que muitas vezes não conversam sobre essas novas demandas verdes. O objetivo é mostrar que, se o fizerem de maneira integrada, todos terão ganhos importantes", resume Svoboda.
De passagem pelo Brasil, Susan Svoboda concedeu a seguinte entrevista à Folha.
Folha - É possível conciliar interesses tão diversos, como de organizações ambientalistas e acionistas, dentro de um mesmo projeto?
Susan Svoboda - Sim, é possível. Por exemplo: organizações que trabalham com o ambiente geralmente cobram as empresas para reduzir a poluição ou fabricar produtos com menor impacto no planeta.
Ao mesmo tempo, fazer produtos verdes diminui os custos de produção, por exemplo em razão da redução dos gastos de energia ou da utilização de materiais de menor risco, tornando-a mais competitiva.
Como o Green Lab trabalha essa questão?
No laboratório, usamos um modelo conceitual em que os objetivos sustentáveis -como prevenção da poluição, responsabilidade com a origem do produto e as tecnologias limpas- vão ao encontro dos objetivos de negócios, como redução de custos e riscos, aumento da reputação, inovação e crescimento.
O alinhamento dessas esferas ajuda as empresas a enxergar com mais clareza estratégias de negócios realmente sustentáveis.
Um dos maiores desafios para as empresas é incorporar a sustentabilidade em diferentes áreas, evitando que funcione como um departamento isolado. Como lidar com esse desafio?
As empresas estão acostumadas a cumprir objetivos e metas, como corte de custos, inovação e ações relacionadas à sua reputação.
Os objetivos de sustentabilidade devem ser encarados da mesma maneira, ou seja, juntamente com os objetivos de negócios, e não como algo "extra" que um dia possa ser esquecido.
Quais os principais riscos relacionados à adoção de um negócio com foco em práticas sustentáveis?
Acredito que o maior risco é quando as empresas veem a sustentabilidade como um fardo, e não como uma oportunidade. Esse tipo de pensamento limita as inovações, pois as empresas entendem que só podem ser sustentáveis se sacrificarem os lucros.
As empresas devem enxergar na sustentabilidade uma oportunidade para repensar os modelos de negócios, os produtos e as tecnologias.
E dessa maneira acharão novos caminhos para oferecer valor aos clientes, fornecedores e acionistas, aumentando sua competitividade e otimizando seus resultados.
Fonte: Jornal Folha de São Paulo por André Palhano em 28/12/2010
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