Deloitte monta equipe para cuidar de "emergentes"
Valor Econômico (16 Out. 2009)
Por Nelson Niero
A Deloitte, rede internacional de auditoria e consultoria, descobriu algo revolucionária: as empresas brasileiras, principalmente as pequenas e médias, falam português. Portanto, para se comunicar com elas nada melhor do que falar na língua materna.
Não é tão óbvio quanto parece. Só quem conhece um consultor sabe o quanto isso é difícil para ele. É só dar uma olhada em como as grandes firmas dividem seus setores de atuação: "corporate finance", "advisory", "business tax compliance", "human capital", "non audit assurance services", "outsourcing"... E é "middle market" que dizem quando querem se referir às companhias que não estão nos rankings das maiores, mas também não são o bar da esquina.
Essa anglofilia tem explicação na história das auditorias, que se espalharam pelo mundo acompanhando a expansão das multinacionais. O inglês era obrigatório. Agora é hora de "se preparar para o novo mundo", nas palavras de Juarez Lopes de Araújo, presidente da Deloitte.
Heureca. O jargão "middle market" virou "empresas emergentes", muito mais simpático e que combina com a onda global de valorização dos países também emergentes, como o Brasil.
Inspirada na experiência da Deloitte do Canadá, a firma brasileira criou uma área para atender as pequenas e médias - um universo que engloba, grosso modo, empresas com faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 500 milhões.
A equipe, que existe oficialmente desde 1º de julho, quando começa o ano fiscal da Deloitte, tem 7 sócios e 18 gerentes. Eles estão passando uma espécie de MBA interno, com especialistas de diversas áreas da empresa.
"Estamos criando a figura de um 'clínico geral', alguém que possa conversar com o empresário sobre vários assuntos que o interessam", diz Luiz Costa, sócio que comanda a área de "outsourcing" (terceirização) e que também cuidará das emergentes.
As pequenas e médias sempre foram um nicho atraente, mas difícil para as consultorias. No Brasil, a maioria dos CNPJs estão nessa categoria. São sociedades tipicamente familiares, avessas a intromissões externas, principalmente se isso custar os olhos da cara.
A Deloitte acredita que isso está mudando, por conta da nova posição no Brasil no cenário global. "O empresário está mais informado e mais profissionalizado", afirma Costa. "Ele quer se apresentar como competidor e sabe que não é só preço, mas principalmente qualidade que lhe dá vantagem."
Porém, esse empresário ainda é um "bicho" diferente do executivo das grandes empresas. "Por isso, resolvemos mudar a abordagem e preparar pessoas falem a mesma língua", diz Araújo. "Alguém que possa fazer um diagnóstico e acompanhar o crescimento da empresa."
Araújo sabe que seus concorrentes estão longe de desprezar esse segmento, mas afirma que saiu na frente com uma "estrutura dedicada". Mesmo as firmas menores de consultoria - que sempre se disseram mais próximas das pequenas e médias - não serão páreo, diz Araújo. "Elas não têm uma estrutura como a nossa."
Valor Econômico (16 Out. 2009)
Por Nelson Niero
A Deloitte, rede internacional de auditoria e consultoria, descobriu algo revolucionária: as empresas brasileiras, principalmente as pequenas e médias, falam português. Portanto, para se comunicar com elas nada melhor do que falar na língua materna.
Não é tão óbvio quanto parece. Só quem conhece um consultor sabe o quanto isso é difícil para ele. É só dar uma olhada em como as grandes firmas dividem seus setores de atuação: "corporate finance", "advisory", "business tax compliance", "human capital", "non audit assurance services", "outsourcing"... E é "middle market" que dizem quando querem se referir às companhias que não estão nos rankings das maiores, mas também não são o bar da esquina.
Essa anglofilia tem explicação na história das auditorias, que se espalharam pelo mundo acompanhando a expansão das multinacionais. O inglês era obrigatório. Agora é hora de "se preparar para o novo mundo", nas palavras de Juarez Lopes de Araújo, presidente da Deloitte.
Heureca. O jargão "middle market" virou "empresas emergentes", muito mais simpático e que combina com a onda global de valorização dos países também emergentes, como o Brasil.
Inspirada na experiência da Deloitte do Canadá, a firma brasileira criou uma área para atender as pequenas e médias - um universo que engloba, grosso modo, empresas com faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 500 milhões.
A equipe, que existe oficialmente desde 1º de julho, quando começa o ano fiscal da Deloitte, tem 7 sócios e 18 gerentes. Eles estão passando uma espécie de MBA interno, com especialistas de diversas áreas da empresa.
"Estamos criando a figura de um 'clínico geral', alguém que possa conversar com o empresário sobre vários assuntos que o interessam", diz Luiz Costa, sócio que comanda a área de "outsourcing" (terceirização) e que também cuidará das emergentes.
As pequenas e médias sempre foram um nicho atraente, mas difícil para as consultorias. No Brasil, a maioria dos CNPJs estão nessa categoria. São sociedades tipicamente familiares, avessas a intromissões externas, principalmente se isso custar os olhos da cara.
A Deloitte acredita que isso está mudando, por conta da nova posição no Brasil no cenário global. "O empresário está mais informado e mais profissionalizado", afirma Costa. "Ele quer se apresentar como competidor e sabe que não é só preço, mas principalmente qualidade que lhe dá vantagem."
Porém, esse empresário ainda é um "bicho" diferente do executivo das grandes empresas. "Por isso, resolvemos mudar a abordagem e preparar pessoas falem a mesma língua", diz Araújo. "Alguém que possa fazer um diagnóstico e acompanhar o crescimento da empresa."
Araújo sabe que seus concorrentes estão longe de desprezar esse segmento, mas afirma que saiu na frente com uma "estrutura dedicada". Mesmo as firmas menores de consultoria - que sempre se disseram mais próximas das pequenas e médias - não serão páreo, diz Araújo. "Elas não têm uma estrutura como a nossa."
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