Pesquisas analisam a possibilidade de apagar lembranças e hábitos negativos
Nova York, 8 de Abril de 2009
Imagine que os cientistas possam apagar certas memórias manipulando uma única substância no cérebro. Eles poderiam fazer você esquecer uma fobia, uma perda traumática, ou um hábito nocivo. Os pesquisadores do Brooklyn realizaram, recentemente, façanhas comparáveis, com uma única dose de droga experimental injetada em áreas do cérebro decisivas para reter tipos específicos de memória, como associações emocionais, conhecimento espacial ou habilidades motoras. A droga bloqueia a atividade de uma substância que o cérebro aparentemente necessita para reter boa parte das informações. E se for intensificada, a substância pode ajudar a afastar a demência e outros problemas de memória.
Até agora, a pesquisa foi realizada só em animais. Mas os cientistas dizem que esse sistema de memória provavelmente funcionará de forma quase idêntica nas pessoas.
A descoberta de uma molécula de memória aparentemente decisiva, e seus muitos possíveis usos, são parte das conversas que cercam um campo que, nos últimos anos, tornou o aparentemente impossível repentinamente provável: a neurociência, o estudo do cérebro.
"Se esta molécula for tão importante quanto parece ser, podemos ver as implicações possíveis", disse Todd C. Sacktor, neurocientista que coordena uma equipe no Suny Downstate Medical Center, no Brooklyn, que fez a demonstração do efeito que produz na memória. "Para o trauma. Para o vício, que é um comportamento adquirido. Finalmente para aprimorar a memória e a capacidade de aprendizado."
Os artistas e os escritores dominaram a exploração da identidade, consciência e memória por séculos. Mas mesmo quando os cientistas enviaram homens para a lua e sondas para Saturno ,o instrumento responsável por essas façanhas, a mente humana, permanece quase inteiramente misterioso, um universo tão vasto e na maior parte inexplorado quanto era o Novo Mundo no passado.
Agora a neurociência, um campo praticamente inexistente há uma geração, está correndo na frente, atraindo bilhões de dólares em novos financiamentos e grupos de pesquisadores. O National Institutes of Health gastou, em 2008, US$ 5,2 bilhões, perto de 20% do total de seu orçamento, para projetos relacionados ao cérebro, conforme dados da Society for Neuroscience. Os fundos como o Wellcome Trust e a Kavli Foundation investiram centenas de milhões de dólares mais, estabelecendo institutos nas universidades do mundo inteiro.
A entrada de recursos, talento e tecnologia significa que os cientistas estão pelo menos encontrando respostas reais sobre o cérebro - e levantando questões, tanto científicas quanto éticas, mais rápido do que qualquer pessoa pode responder a elas. Milhões de pessoas podem ser tentadas a apagar memórias severamente dolorosas, por exemplo - mas e se, no processo, perderem outras memórias, pessoalmente importantes, que estavam de alguma forma relacionadas? Um tratamento que só "eliminasse" os hábitos adquiridos do vício não tentaria as pessoas a experimentar mais amplamente?
E talvez ainda mais importante, quando os cientistas encontram uma droga para fortalecer a memória, todos não se sentirão compelidos a usá-la? "Nesse campo estamos só no pé da colina de uma enorme montanha", disse Eric R. Kandel, neurocientista da Universidade de Columbia.
Sacktor está entre os centenas de pesquisadores que tentam encontrar a resposta para a questão que tem deixado os filósofos perplexos desde o início da investigação moderna: Como pode um grupo de tecido capturar e armazenar tudo - poemas, reações emocionais, localizações dos bares? A idéia de que a experiência deixa algum traço no cérebro remonta à metáfora Theaetetus, de Platão, de um selo na cera, e, em 1904, o acadêmico alemão Richard Semon deu um nome para esse traço fantasmagórico: o engrama. O que poderia ser, na verdade, esse engrama?
A resposta, sugere a pesquisa anterior, é que as células cerebrais ativadas por uma experiência mantêm uma a outra em veloz comunicação, como um grupo de pessoas unidas pelo testemunho comum de algum evento. Ative uma delas e a mensagem correrá rapidamente para a rede maior de células, cada uma aparentemente acrescentando algum detalhe. O cérebro parece reter uma memória criando linhas de comunicação mais espessas, ou mais eficientes, entre essas células. A pergunta de bilhões de dólares é como.
Até agora, a pesquisa foi realizada só em animais. Mas os cientistas dizem que esse sistema de memória provavelmente funcionará de forma quase idêntica nas pessoas.
A descoberta de uma molécula de memória aparentemente decisiva, e seus muitos possíveis usos, são parte das conversas que cercam um campo que, nos últimos anos, tornou o aparentemente impossível repentinamente provável: a neurociência, o estudo do cérebro.
"Se esta molécula for tão importante quanto parece ser, podemos ver as implicações possíveis", disse Todd C. Sacktor, neurocientista que coordena uma equipe no Suny Downstate Medical Center, no Brooklyn, que fez a demonstração do efeito que produz na memória. "Para o trauma. Para o vício, que é um comportamento adquirido. Finalmente para aprimorar a memória e a capacidade de aprendizado."
Os artistas e os escritores dominaram a exploração da identidade, consciência e memória por séculos. Mas mesmo quando os cientistas enviaram homens para a lua e sondas para Saturno ,o instrumento responsável por essas façanhas, a mente humana, permanece quase inteiramente misterioso, um universo tão vasto e na maior parte inexplorado quanto era o Novo Mundo no passado.
Agora a neurociência, um campo praticamente inexistente há uma geração, está correndo na frente, atraindo bilhões de dólares em novos financiamentos e grupos de pesquisadores. O National Institutes of Health gastou, em 2008, US$ 5,2 bilhões, perto de 20% do total de seu orçamento, para projetos relacionados ao cérebro, conforme dados da Society for Neuroscience. Os fundos como o Wellcome Trust e a Kavli Foundation investiram centenas de milhões de dólares mais, estabelecendo institutos nas universidades do mundo inteiro.
A entrada de recursos, talento e tecnologia significa que os cientistas estão pelo menos encontrando respostas reais sobre o cérebro - e levantando questões, tanto científicas quanto éticas, mais rápido do que qualquer pessoa pode responder a elas. Milhões de pessoas podem ser tentadas a apagar memórias severamente dolorosas, por exemplo - mas e se, no processo, perderem outras memórias, pessoalmente importantes, que estavam de alguma forma relacionadas? Um tratamento que só "eliminasse" os hábitos adquiridos do vício não tentaria as pessoas a experimentar mais amplamente?
E talvez ainda mais importante, quando os cientistas encontram uma droga para fortalecer a memória, todos não se sentirão compelidos a usá-la? "Nesse campo estamos só no pé da colina de uma enorme montanha", disse Eric R. Kandel, neurocientista da Universidade de Columbia.
Sacktor está entre os centenas de pesquisadores que tentam encontrar a resposta para a questão que tem deixado os filósofos perplexos desde o início da investigação moderna: Como pode um grupo de tecido capturar e armazenar tudo - poemas, reações emocionais, localizações dos bares? A idéia de que a experiência deixa algum traço no cérebro remonta à metáfora Theaetetus, de Platão, de um selo na cera, e, em 1904, o acadêmico alemão Richard Semon deu um nome para esse traço fantasmagórico: o engrama. O que poderia ser, na verdade, esse engrama?
A resposta, sugere a pesquisa anterior, é que as células cerebrais ativadas por uma experiência mantêm uma a outra em veloz comunicação, como um grupo de pessoas unidas pelo testemunho comum de algum evento. Ative uma delas e a mensagem correrá rapidamente para a rede maior de células, cada uma aparentemente acrescentando algum detalhe. O cérebro parece reter uma memória criando linhas de comunicação mais espessas, ou mais eficientes, entre essas células. A pergunta de bilhões de dólares é como.
Fonte: Gazeta Mercantil (The New York Times)
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