Dúvidas com grafia desafiam setor editorial
São Paulo, 11 de Fevereiro de 2009 -
São Paulo, 11 de Fevereiro de 2009 -
Em vigor desde o dia 1º de janeiro, o acordo ortográfico ainda traz dúvidas, que só serão sanadas de forma definitiva quando for publicado o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), em março, pela Editora Global - a elaboração ficou a cargo da Academia Brasileira de Letras. Até lá, algumas editoras ainda aguardam as definições para ajustar as suas obras às novas regras. Apesar de a definição sair em março, o governo federal mantém o edital para a compra de livros didáticos, que deve receber as obras que concorrem até abril.
A estimativa da Câmara Brasileiro do Livro (CBL) é de que sejam necessários investimentos da ordem de R$ 30 milhões para a reedição dos livros, adaptando-os à nova ortografia - o cálculo leva em conta um universo de 45 mil títulos produzidos no ano passado, dos quais apenas 15 mil eram novos. O mercado editorial movimenta cerca de R$ 3 bilhões e cresce, nos últimos anos, a taxas vegetativas. O governo ainda é o principal comprador, com quase um quarto do mercado.
"O que vai fundamentar ou dar diretriz é a publicação do Volp. Mas os principais livros e os novos já estão saindo com a nova ortografia", diz Sônia Machado Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores (Snel). Ela diz que não existe uma estimativa de quantas publicações foram adaptadas, mas que muitos editores ainda esperam pelo Volp para não terem de refazer o trabalho. Apenas em sua editora, a Record, serão investidos R$ 7 milhões por conta do novo acordo.
A presidente da CBL, Rosely Boschini, diz que os livros que "concorrem à adoção" são os primeiros que passam por adaptação. E lembra que o acordo pode abrir um novo mercado ao Brasil: o africano - pois antes, as publicações daquele país tinham de ser adaptadas.
Pendências
Na área de dicionários, o Volp é ainda mais importante. A Editora Positivo espera a publicação da norma para lançar outra versão do Aurélio - o "mini" está disponível desde agosto. "Existem algumas pendências de interpretação, e quem vai dirimir estas questões é o Volp", afirma Emerson Santos, diretor-geral da Editora Positivo. Segundo ele, é quando o Volp sair que as edições maiores serão utilizadas, pois as menores e as infantis têm uma quantidade menor de palavras que possam gerar dúvidas. Para a atualização, a editora teve de contratar 20 revisores - a empresa não revela o valor investido.
"Não se supunha que houvesse necessidade de interpretações. Era um acordo para ser aplicado e pronto", diz Alexandre Faccioli, diretor-editorial da Escala Educacional e Larousse. Ele lembra que as dúvidas são mínimas, mas que os livros podem precisar passar por emendas ou reedição e que as soluções definitivas só virão com o Volp. No entanto, ele lembra que, como o prazo para a implantação da nova ortografia é longo - só será exigida em 2013 -, há tempo para o "fluxo de estoque" das editoras. Faccioli diz que todos os livros publicados neste ano já atendem às novas regras.
A avaliação da Associação Brasileira de Livros (Abrelivros) é que, até a publicação do Volp, todo o trabalho de adaptação e revisão realizado até o momento terá de passar por novas correções, posteriormente. De acordo com a associação, cada editora tem o seu ritmo para a revisão.
Todos os anos o governo compra entre 120 milhões e 130 milhões de livros didáticos. Um edital para 2011 - destinados aos livros da 6ª a 9ª séries do ensino fundamental - está aberto e receberá o conteúdo das obras em abril. Neste caso, se os livros estiverem com "erros" em relação à edição do Volp, não serão descartados, mas terão de ser corrigidos até a publicação. Já para a aquisição de dicionários, o Ministério da Educação esperará a publicação do Volp para lançar o edital.
Entendimento
Rafael Torino, diretor de ações educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), explica que a maior parte das palavras não depende do Volp para entendimento da grafia. Segundo ele, os livros que serão entregues em 2010 - objeto de edital em 2008 - terão autorização para que efetuem correções nas obras aprovadas na hora de imprimir. "A escolha antecedeu o tira-dúvida da Academia", afirma.
Já o edital para os livros que serão entregues em 2011 pressupõe a nova ortografia, inclusive as questões referentes às dúvidas. "Um mês é um tempo factível", afirma Torino - referindo-se ao fato de o Volp ser publicado em março e o prazo para a entrega dos protótipos ser em abril. "Em princípio, eles estarão ajustados. Mas, se houver necessidade de emendas, serão feitas antes da impressão". Ele garante que nenhuma editora corre o risco de ser desclassificada se a publicação contiver erros em relação às dúvidas sanadas no Volp. "Mas será se entregar na norma antiga".
A Abrelivros informa que, dada a falta de tempo hábil para alterações nas obras inscritas para o PNLD 2011, cuja entrega ocorrerá em abril, firmou o compromisso com o Ministério da Educação de que todos os livros aprovados na avaliação serão novamente revisados em relação a esse aspecto e entregues aos alunos em total conformidade com o Volp.
Fonte: Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8 - (Neila Baldi)
A estimativa da Câmara Brasileiro do Livro (CBL) é de que sejam necessários investimentos da ordem de R$ 30 milhões para a reedição dos livros, adaptando-os à nova ortografia - o cálculo leva em conta um universo de 45 mil títulos produzidos no ano passado, dos quais apenas 15 mil eram novos. O mercado editorial movimenta cerca de R$ 3 bilhões e cresce, nos últimos anos, a taxas vegetativas. O governo ainda é o principal comprador, com quase um quarto do mercado.
"O que vai fundamentar ou dar diretriz é a publicação do Volp. Mas os principais livros e os novos já estão saindo com a nova ortografia", diz Sônia Machado Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores (Snel). Ela diz que não existe uma estimativa de quantas publicações foram adaptadas, mas que muitos editores ainda esperam pelo Volp para não terem de refazer o trabalho. Apenas em sua editora, a Record, serão investidos R$ 7 milhões por conta do novo acordo.
A presidente da CBL, Rosely Boschini, diz que os livros que "concorrem à adoção" são os primeiros que passam por adaptação. E lembra que o acordo pode abrir um novo mercado ao Brasil: o africano - pois antes, as publicações daquele país tinham de ser adaptadas.
Pendências
Na área de dicionários, o Volp é ainda mais importante. A Editora Positivo espera a publicação da norma para lançar outra versão do Aurélio - o "mini" está disponível desde agosto. "Existem algumas pendências de interpretação, e quem vai dirimir estas questões é o Volp", afirma Emerson Santos, diretor-geral da Editora Positivo. Segundo ele, é quando o Volp sair que as edições maiores serão utilizadas, pois as menores e as infantis têm uma quantidade menor de palavras que possam gerar dúvidas. Para a atualização, a editora teve de contratar 20 revisores - a empresa não revela o valor investido.
"Não se supunha que houvesse necessidade de interpretações. Era um acordo para ser aplicado e pronto", diz Alexandre Faccioli, diretor-editorial da Escala Educacional e Larousse. Ele lembra que as dúvidas são mínimas, mas que os livros podem precisar passar por emendas ou reedição e que as soluções definitivas só virão com o Volp. No entanto, ele lembra que, como o prazo para a implantação da nova ortografia é longo - só será exigida em 2013 -, há tempo para o "fluxo de estoque" das editoras. Faccioli diz que todos os livros publicados neste ano já atendem às novas regras.
A avaliação da Associação Brasileira de Livros (Abrelivros) é que, até a publicação do Volp, todo o trabalho de adaptação e revisão realizado até o momento terá de passar por novas correções, posteriormente. De acordo com a associação, cada editora tem o seu ritmo para a revisão.
Todos os anos o governo compra entre 120 milhões e 130 milhões de livros didáticos. Um edital para 2011 - destinados aos livros da 6ª a 9ª séries do ensino fundamental - está aberto e receberá o conteúdo das obras em abril. Neste caso, se os livros estiverem com "erros" em relação à edição do Volp, não serão descartados, mas terão de ser corrigidos até a publicação. Já para a aquisição de dicionários, o Ministério da Educação esperará a publicação do Volp para lançar o edital.
Entendimento
Rafael Torino, diretor de ações educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), explica que a maior parte das palavras não depende do Volp para entendimento da grafia. Segundo ele, os livros que serão entregues em 2010 - objeto de edital em 2008 - terão autorização para que efetuem correções nas obras aprovadas na hora de imprimir. "A escolha antecedeu o tira-dúvida da Academia", afirma.
Já o edital para os livros que serão entregues em 2011 pressupõe a nova ortografia, inclusive as questões referentes às dúvidas. "Um mês é um tempo factível", afirma Torino - referindo-se ao fato de o Volp ser publicado em março e o prazo para a entrega dos protótipos ser em abril. "Em princípio, eles estarão ajustados. Mas, se houver necessidade de emendas, serão feitas antes da impressão". Ele garante que nenhuma editora corre o risco de ser desclassificada se a publicação contiver erros em relação às dúvidas sanadas no Volp. "Mas será se entregar na norma antiga".
A Abrelivros informa que, dada a falta de tempo hábil para alterações nas obras inscritas para o PNLD 2011, cuja entrega ocorrerá em abril, firmou o compromisso com o Ministério da Educação de que todos os livros aprovados na avaliação serão novamente revisados em relação a esse aspecto e entregues aos alunos em total conformidade com o Volp.
Fonte: Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8 - (Neila Baldi)
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