O texto a seguir conta caso de uma auditoria de revisão de processos em todos os setores de uma determinada empresa, com o objetivo de otimizar o desempenho, reduzir custos e melhorar resultados. O auditor adentra o departamento de tecnologia e encontra o coordenador da área desocupado e sem nenhuma atribuição urgente ou frenética, diferentemente do restante dos colaboradores da organização. Após algumas perguntas indiretas, o auditor conclui que a maioria dos dias do colaborador, cujo salário é R$ 5 mil, seguem aquela mesma rotina tranquila.
Na sala do presidente da empresa, o auditor explica a situação e informa que a empresa poderia, substituir aquele coordenador por um analista júnior de TI, que ganharia menos de um terço do salário e ainda trabalharia muito mais horas, sem reclamar. Em sua opinião, os fatos (o coordenador não tem muito trabalho diário e é o primeiro a sair da empresa) são um sinal de que ele é descompromissado, portanto, um custo indevido. Diante disso, o gestor demite o coordenador e contrata o analista. Ano seguinte, em visita de acompanhamento, perguntou ao presidente como estava o novo analista júnior. "Ele está trabalhando muito?" O presidente respondeu: "Sim, diferente do outro, ele passa dias inteiros no suporte aos colaboradores e resolvendo problemas do sistema. É o primeiro a chegar e faz muitas horas extras, entrando pela noite." Com esta resposta, o auditor estava feliz. Num visível impulso rumo à glória, perguntou: "E o sistema?" Respondeu o presidente: "Cai toda hora. Nada funciona. Deixa todo mundo na mão. O comercial reclama que está perdendo vendas porque não consegue fazer pedidos. O contador reclama que o balancete atrasa porque não consegue conciliar os dados. O financeiro reclama que tem que pagar juros porque não consegue concluir pagamentos. É exatamente por isso que o analista não para de trabalhar o dia inteiro." O caso acima não é fictício e nem uma surpresa para gestores que, improvisando na técnica e no estilo de gestão de pessoas, confundem compromisso de empregado com o tempo que ele permanece na empresa depois do expediente. Associam eficiência ao número de horas de trabalho frenético. Trocam competência pela falsa ideia de lealdade. E fazem tudo isso de forma bem intencionada, embora inconsistente, acreditando que a qualidade do trabalho é medida por horas. Há relato de casos, aqui mesmo em Fortaleza, onde colaboradores foram demitidos porque saiam da empresa pontualmente ao final do expediente. E você leitor, como líder ou como liderado, como pensa? Prefere um profissional que não deixa o sistema cair, mesmo trabalhando pouco ou alguém que fica até mais tarde, não cobra hora extra e cuja presença é percebida por todos? Na sua Disparada, Geraldo Vandré dizia: "...porque gado a gente pega, tange, ferra, engorda e mata. Mas com gente é diferente. Se você não concordar, não posso me desculpar, não canto prá enganar. Vou pegar minha viola, vou deixar você de lado, vou tocar noutro lugar."
Fonte: Diário do Nordeste, texto de Israel Araújo (06/02/2011)
Fonte: Diário do Nordeste, texto de Israel Araújo (06/02/2011)
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