Mas, afinal, por que Selic é o ‘apelido’ de taxa de juros?
Matéria publicada no Portal da Agência Estado em 17 mar. 2010
Texto de Paula Pavon
Você sabe mesmo o que significa Selic? A Selic é a taxa de juros que remunera os títulos públicos federais e afeta o custo do crédito para as empresas e os consumidores. Em outras palavras, é a taxa básica de juros do País. Quem define a Selic é o Comitê de Política Monetária do Banco Central (saiba mais sobre o Copom aqui). Talvez o que você ainda não saiba é que a Selic também é um acrônimo.
A palavra vem de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, que é uma forma de registro de débitos e créditos de operações financeiras em um sistema de computador em tempo real. Esse sistema foi criado há mais de 30 anos pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima) e é administrado pelo BC.
Nele é feito o registro, custódia e liquidação financeira das operações realizadas com títulos públicos emitidos pelo Tesouro. São nas operações diárias, de empréstimos entre os bancos - e cujo lastro são os títulos -, que a taxa de juros é definida. Neste caso, os títulos são listados e negociados nesse Sistema, o Selic. Essas operações de empréstimos são lastreadas nos títulos públicos e o risco final, portanto, acaba sendo do governo.
E é por isso que essa taxa dos empréstimos negociados no Selic serve de referência para todas as demais taxas de juros da economia. Tanto que o Copom quando define os juros está, de fato, definindo a meta dos juros. Dentro desse Sistema, eles variam diariamente, sempre muito próximos, claro, à taxa decidida pelo Copom.
Com o tempo, portanto, os economistas batizaram ou apelidaram a taxa básica de juros de Selic. Na verdade, o Selic, o Sistema, emprestou o nome para ela. Para facilitar ou complicar, é comum a turma do mercado financeiro criar apelidos ou acrônimos. Quer lembrar de outros?
Muito recentemente, o economista Jim O’Neill criou o termo Bric para designar os países com forte potencial de crescimento: Brasil, Rússia, Índia e China. Depois foi a vez dos Piigs (designação que faz referência à palavra pig, porco em inglês), criado por analistas internacionais para fazer referência aos problemas financeiros e fiscais enfrentados por Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha (Spain, em inglês).
Por fim, teve até uma outra versão, Stupid. Palavra, aliás, banida em alguns jornais europeus por se tratar de uma expressão ofensiva. O termo designava o grupo que abrange Espanha (Spain), Turquia, Ucrânia, Portugal, Irlanda e Dubai, países também envolvidos em problemas de empréstimos.
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