Sofisticação dos instrumentos financeiros amplia desafio da política de gestão de risco das empresas
Por Graziella Valenti
Valor Econômico (16 Jul. 2009)
A discussão sobre a abrangência do conceito de controles internos, sob o aspecto da auditoria realizada nas companhias, leva ao debate sobre a utilidade e eficácia dessa avaliação na atualidade. Especialmente, à luz da atual crise internacional.
Não apenas Sadia e Aracruz perderam bilhões com derivativos. No mundo inteiro, bancos e companhias sofreram com isso - de maneiras diferentes, mas sempre por deficiência na análise de risco.
Para Alexsandro Broedel, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Contábeis, Atuariais e Financeiras da USP (Fipecafi), a tendência é que a contínua sofisticação dos instrumentos financeiros provoque descompasso entre o que existe no mercado e as políticas internas. "Instrumentos são mais dinâmicos que as estruturas de controle." O assunto, portanto, exige atenção redobrada pela capacidade de dano.
Apesar da dificuldade de se definir controle interno, há referências amplamente utilizadas, como a do comitê privado conhecido pela sigla em inglês Coso.
Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos, dedicada à melhoria dos relatórios financeiros pela ética, efetividade dos controles e governança.
Esse comitê internacional entende que os controles internos têm cinco componentes.
O primeiro item da lista do Coso, e tratado como pilar para todos os demais, é a conscientização sobre a necessidade dos controles entre as pessoas da companhia. Além disso, entre os demais componentes estão a identificação e a análise de riscos relevantes e ainda as políticas e procedimentos que assegurem o cumprimento das diretrizes pelos executivos.
Tanto KPMG como Deloitte afirmam, nos relatórios de Sadia e Aracruz, seguiram os critérios estabelecidos pelo Coso.
Alexandre Di Miceli, coordenador do Centro de Estudos em Governança (CEG), explica que as interpretações do Coso, em tese, abrem espaço para uma avaliação, por parte dos auditores, que vise mensurar quais os riscos internos podem afetar o valor da companhia e, portanto, suas demonstrações financeiras no futuro. "É uma vertente não só de precisão de informações, mas de gestão de risco."
No entanto, ele admite que há muita dificuldade de se encontrar um conceito único e objetivo para controle interno.
Já para Roberta Prado, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o desafio maior não está na definição do conceito, mas no componente humano. "As auditorias conseguem averiguar processos e sistemas. Mas não dá pra auditar pessoas." Para ela, os episódios com derivativos de Sadia e Aracruz têm um forte componente humano, independentemente da intenção.
Por Graziella Valenti
Valor Econômico (16 Jul. 2009)
A discussão sobre a abrangência do conceito de controles internos, sob o aspecto da auditoria realizada nas companhias, leva ao debate sobre a utilidade e eficácia dessa avaliação na atualidade. Especialmente, à luz da atual crise internacional.
Não apenas Sadia e Aracruz perderam bilhões com derivativos. No mundo inteiro, bancos e companhias sofreram com isso - de maneiras diferentes, mas sempre por deficiência na análise de risco.
Para Alexsandro Broedel, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Contábeis, Atuariais e Financeiras da USP (Fipecafi), a tendência é que a contínua sofisticação dos instrumentos financeiros provoque descompasso entre o que existe no mercado e as políticas internas. "Instrumentos são mais dinâmicos que as estruturas de controle." O assunto, portanto, exige atenção redobrada pela capacidade de dano.
Apesar da dificuldade de se definir controle interno, há referências amplamente utilizadas, como a do comitê privado conhecido pela sigla em inglês Coso.
Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos, dedicada à melhoria dos relatórios financeiros pela ética, efetividade dos controles e governança.
Esse comitê internacional entende que os controles internos têm cinco componentes.
O primeiro item da lista do Coso, e tratado como pilar para todos os demais, é a conscientização sobre a necessidade dos controles entre as pessoas da companhia. Além disso, entre os demais componentes estão a identificação e a análise de riscos relevantes e ainda as políticas e procedimentos que assegurem o cumprimento das diretrizes pelos executivos.
Tanto KPMG como Deloitte afirmam, nos relatórios de Sadia e Aracruz, seguiram os critérios estabelecidos pelo Coso.
Alexandre Di Miceli, coordenador do Centro de Estudos em Governança (CEG), explica que as interpretações do Coso, em tese, abrem espaço para uma avaliação, por parte dos auditores, que vise mensurar quais os riscos internos podem afetar o valor da companhia e, portanto, suas demonstrações financeiras no futuro. "É uma vertente não só de precisão de informações, mas de gestão de risco."
No entanto, ele admite que há muita dificuldade de se encontrar um conceito único e objetivo para controle interno.
Já para Roberta Prado, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o desafio maior não está na definição do conceito, mas no componente humano. "As auditorias conseguem averiguar processos e sistemas. Mas não dá pra auditar pessoas." Para ela, os episódios com derivativos de Sadia e Aracruz têm um forte componente humano, independentemente da intenção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua participação é muito importante para as discussões de ideias contábeis e outras mais. Obrigada!