30 de set. de 2009

BNDES vai adotar normas globais até junho de 2010

Valor Econômico (29 set. 2009)

Por Nelson Niero

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve publicar suas demonstrações contábeis do primeiro semestre de 2010 pelas normas internacionais de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês).
A instituição de fomento do governo federal - que fechou 2008 com lucro líquido de R$ 5,3 bilhões e patrimônio líquido de R$ 25,3 bilhões - contratou a firma de consultoria e auditoria PricewaterhouseCoopers para ajudá-la na transição para o novo modelo. O contrato, de R$ 5,6 milhões, foi assinado em fevereiro e vai até março de 2011.
Está prevista para hoje a apresentação do projeto para a diretoria executiva do banco. Em novembro, será a vez do conselho de administração.
"A intenção é dar exemplo às empresas brasileiras, mostrar que o banco está engajado nesse processo", afirmou Vania Maria da Costa Borgerth, contadora-chefe do BNDES, em entrevista ao Valor durante a Conferência Anual sobre Contabilidade e Responsabilidade para o Crescimento Econômico Regional na América Latina (CReCER), realizada na semana passada em São Paulo.
As normas internacionais de contabilidade, emitidas pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, em inglês), com sede em Londres, estão em vigor (ou em vias de) em cerca de cem países. No Brasil, os balanços das companhias listadas em bolsa devem ser publicados em IFRS no fim de 2010.
No BNDES, o processo começou em 2007 com a contratação da Universidade de São Paulo (USP) para um curso interno de nove meses para 70 funcionários. "Estamos preparando uma nova turma de 70 alunos e um módulo avançado para a primeira", disse Vania. "Todos dentro do banco precisam saber." Também estão nos planos exames na Association of Chartered Certified Accountants, em Londres.
Além do trabalho interno, o BNDES vai financiar, junto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), um projeto de US$ 2 milhões do Instituto dos Auditores Independentes (Ibracon) para bancar o trabalho de tradução e edição de livros e de formação profissional nas normas internacionais.
Há dúvidas entre os profissionais do setor sobre a liberação dos recursos. Quando o presidente do banco, Luciano Coutinho, declarou seu apoio "entusiasmado" ao IFRS no primeiro dia do CReCER, os mais céticos perguntavam pelos corredores sobre o dinheiro prometido. "Que eu saiba, só liberaram R$ 50 mil", disse um auditor.
Segundo Vania, o pedido havia sido encaminhado como patrocínio, o que limitava o desembolso. Por isso, a diretoria autorizou que o projeto fosse encampado pela área financeira, sob sua coordenação. "Agora, tudo depende do andamento do projeto", afirmou Vania, do BNDES.

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