Envolvidos em recuperações aprovam norma
Por Gilmara Santos
São Paulo, 27 de Março de 2009
Um estudo divulgado ontem pela Deloitte revela que as empresas brasileiras estão mais preocupadas com a continuidade dos negócios. De acordo com o sócio da consultoria, Luis Vasco Elias, é importante que as empresas recorram a processos de reorganização antes que a companhia atinja um nível de endividamento muito grande. "Os empresários começam a tomar medidas mais rapidamente e quanto mais cedo, menores serão as perdas", afirma. A pesquisa foi realizada com 259 organizações, com faturamento a partir de R$ 50 milhões. Juntas, a receita líquida das pesquisadas soma R$ 483,7 bilhões, ou seja, 17% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
O levantamento foi feito no início da crise financeira - quarto trimestre do ano passado - por isso, explica o consultor, ele ainda não mostra o impacto da nova Lei de Falências no cenário atual. A principal novidade do estudo, que já foi realizado outras duas vezes, é que ele traz a opinião de juízes, credores, advogados e investidores sobre o processo de reorganização das empresas e a recuperação judicial. Um dos pontos considerados primordiais para o sucesso do negócio é reconhecer precocemente os sinais de fragilidade e aderir à reorganização. Para os entrevistados, "a busca pela reorganização em fases de declínio diminui o apetite dos investidores". Em relação à nova lei, a maioria dos entrevistados considera que ela atinge o principal objetivo que é a recuperação da empresa (39%) e apoio à manutenção de empregos (37%) - ver quadro. Apesar de considerar a norma atual uma importante aliada, os empresários ainda encontram entraves no processo de recuperação, como a falta de mecanismos de financiamento para empresas em recuperação, e destacam pontos negativos - a exigência da certidão negativa de débitos (CND) é o principal deles.
Para 54% dos que participaram de recuperação, a experiência foi bem-sucedida. Vasco explica que das empresas pesquisadas, 19% estiveram envolvidas, de alguma forma, em processos de recuperação.
Para os juízes, a nova lei apresenta uma solução de mercado para o ambiente de negócios e gera benefícios indiretos ao incentivar a elevação e o barateamento das linhas de crédito. Eles reconhecem, no entanto, que a norma está em fase de maturação e sujeita à interpretação e fixação de ordenamentos. E consideram necessárias criação de varas especializadas e melhoras na formação de juízes.
Já os advogados destacam que a lei prioriza a continuidade dos negócios e potencializa as chances de recuperação. Na visão dos credores, o administrador judicial tem papel importante ao agregar transparência e facilitar a entrega do processo ao Judiciário. Eles acham que a lei será bastante acionada nos próximos três anos e que o mercado e credores serão mais seletivos e rigorosos na concessão de crédito.
Fonte: Gazeta Mercantil
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