Passada a crise nos mercados, as empresas brasileiras voltaram a levantar dinheiro dos investidores com custo menor. Mas as taxas exigidas pelos bancos e pelos investidores do mercado de capitais para rolar a dívida das empresas ainda não voltou ao patamar anterior às turbulências da crise de 2008.
A boa notícia é que os acionistas que aceitam ser parceiros no risco dessas empresas renovaram sua confiança.
O custo de capital próprio das empresas -o dinheiro aplicado pelos sócios no futuro do negócio- não só voltou a patamares anteriores à crise como está menor, segundo pesquisa do Cemec (Centro de Estudos do Mercado de Capitais).
A remuneração do acionista é a taxa mínima exigida para entrar em um determinado negócio; do contrário, ficaria sem fazer nada aplicando nos juros do governo, hoje em 10,75% ao ano.
"A pesquisa mostra um aumento da confiança dos investidores nacionais e estrangeiros no potencial das empresas brasileiras e no dinamismo do mercado doméstico, que ficou nítido após a crise", disse Carlos Rocca, coordenador do Cemec, entidade ligada à Fundação Ibmec, criada para medir o desempenho do mercado de capitais no financiamento do país.
A pesquisa, que envolve cerca de 200 das principais empresas brasileiras, deu início a um novo indicador de custo de capital das empresas, que será divulgado mensalmente pelo Cemec.
No estudo, o custo médio de capital próprio das empresas em novembro estava em 16,9% -abaixo dos 17,5% de março de 2008, antes da crise. Já a taxa média da dívida do setor corporativo como um todo estava em 13,3% ao ano --ainda superior aos 12,4% de antes da quebra do Lehman Brothers.
"A primeira razão do capital de terceiros ter custo maior é que os juros do governo também estão maiores. Para comprar dívida privada, o investidor pede um prêmio", disse Renê Coppe, pesquisador do Cemec.
O estudo mostra que antes da crise as debêntures (títulos que rendem juros) das empresas saíam com taxas perto de 0,5 ponto acima dos títulos do governo. Em junho deste ano, essa diferença estava ainda em 1,2 ponto percentual acima dos títulos do governo. No auge da crise, as empresas chegaram a pagar 2,5 pontos acima do governo.
No Brasil, os investidores do mercado de ações pedem um ganho entre cinco e seis pontos percentuais acima dos juros básicos para assumir o risco das empresas.
As empresas com maior custo de capital próprio são as de alto risco --química, autopeças, têxtil, calçados--, com taxas médias acima de 18%. Já as de menor custo estão em setores maduros e estáveis, que não demandam tanto investimento -tabaco, saneamento, distribuição de energia e rodovias-, com taxas abaixo de 15%.
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